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Matérias / Esporte

Em cima do pódio: O protesto contra o racismo eternizado na História das Olímpiadas

Lutando contra a segregação racial nos Estados Unidos, Tommie Smith e John Carlos aproveitaram os holofotes para manifestar

Victória Gearini | @victoriagearini Publicado em 07/06/2021, às 16h21 - Atualizado em 16/10/2022, às 08h00

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Gravação do momento do protesto de Tommie Smith e John Carlos - Divulgação / Youtube / Telemundo Deportes
Gravação do momento do protesto de Tommie Smith e John Carlos - Divulgação / Youtube / Telemundo Deportes

O dia 16 de outubro de 1968 não apenas marcou a história dos atletas Tommie Smith e John Carlos ao ocuparem, respectivamente, o pódio de primeiro e terceiro lugar, mas também se tornaram símbolos políticos a premiação com as medalhas na Cidade do México, onde ocorria a Olimpiada daquele ano. 

Na ocasião, ambos subiram ao pódio e protestaram contra o racismo nas Olimpíadas. Com crachás contendo a frase "Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos", os atletas escandalizaram a sociedade, ao mesmo tempo que denunciaram o preconceito racial no âmbito esportivo. 

Contexto histórico 

Nos meses que antecederam os protestos, o mundo passava por fortes tensões políticas e sociais, nos mais diversos campos. Em abril de 1968, Martin Luther King Jr.foi assassinado e dois meses depois o senador Robert F. Kennedy teve o mesmo fim. 

Nos Estados Unidos, as tensões só aumentavam. Milhares de pessoas protestavam contra a segregação racial e a Guerra do Vietnã. 

Já em outros países, o cenário não era muito diferente. Na França, por exemplo, diversos estudantes foram às ruas protestar contra o governo da época. Na União Soviética, as autoridades reprimiram uma rebelião tchecoslovaca. 

Um dos casos mais emblemáticos aconteceu 10 dias antes da Cerimônia de Abertura Olímpica. Segundo o Mentalfloss, poucos dias antes dos jogos, militares mexicanos executaram brutalmente estudantes, durante um comício.

Ato revolucionário

Durante o hino nacional dos Estados Unidos, Tommie Smith e John Carlos ergueram os punhos, utilizando luvas pretas. Mais tarde, Smith revelou que o gesto foi uma saudação para reforçar os direitos humanos. 

Momento que antecedeu o protesto nos jogos de 1968 / Crédito: Divulgação / Youtube / Telemundo Deportes

Por um momento, o local foi tomado por um silêncio profundo, mas segundo o The Washington Post, logo em seguida a premiação olímpica foi tomada por vaias em represália ao gesto dos atletas. Em pouco tempo, ambos foram repreendidos e levados para fora da Vila Olímpica. 

Na época, em entrevista à ABC Howard Cosell, Smith revelou que o ato foi para reforçar o poder na América negra, diante dos constantes casos de racismo eminentes no país. 

A idealização do protesto

Antes mesmo do protesto do dia 16 de outubro de 1968, Tommie Smith, John Carlos e outros atletas já tinham usado os Jogos Olímpicos de Verão para lutar em prol dos direitos civis.

Um ano antes, o Dr. Harry Edwards, por exemplo, tinha fundado o Projeto Olímpico dos Direitos Humanos (OPHR), com o objetivo de lutar contra a segregação racial. 

Conforme a Global Sport Matters, Smith e Carlos foram um dos primeiros atletas a ingressarem no projeto. Além disso, na época, a organização chegou a exigir que a África do Sul — até então sob o apartheid — contratasse mais treinadores negros e que o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Avery Brundage, renunciasse ao cargo. 

Momento exato do protesto realizado nas Olimpíadas de 1968 / Crédito: Divulgação / Youtube / Telemundo Deportes

Conhecido por não ter condenado o regime nazista durante as Olimpíadas de 1936, Brundage renunciou pouco tempo depois. Já a África do Sul foi impedida de participar das Olimpíadas em 1968. 

A repercussão e desfecho 

O protesto que ocorreu na Vila Olímpica foi amplamente repercutido. Entre críticas e elogios, o ato foi noticiado pela imprensa internacional. No entanto, segundo o Mentalfloss, um repórter do Los Angeles Sentinel Griffin chegou a dizer que as Olimpíadas não eram espaços para solucionar problemas sociais. 

Por outro lado, o ato fortaleceu o movimento negro que lutava pelos direitos civis. Segundo o The Undefeated, na época, diversas pessoas se reuniram para recepcionar John Carlos, assim que ele retornou para os Estados Unidos. 

Embora a repercussão positiva entre os manifestantes, os oficiais olímpicos tomaram a decisão de suspender os atletas da equipe de corrida estadunidense, conforme revelou o Mentalfloss.

O medalhista de prata, Peter Norman, também foi punido pelo protesto. Na ocasião, ele carregava um distintivo do Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos. Tal fato o levou a não ser convidado para competir pela Austrália, nas Olimpíadas de 1972. 

Depois do fato, Carlos e Smith atuaram como treinadores de atletismo. Atualmente, são considerados símbolos na luta pelos direitos civis no âmbito esportivo. Em 2019, ambos foram homenageados, sendo incluídos no Hall da Fama dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos dos Estados Unidos.


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