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Matérias / Personagem

Os 100 anos da grande dama do teatro brasileiro: A trajetória de Cacilda Becker

Nascida em 6 de abril de 1921, Cacilda foi cravada na arte brasileira

Fabio Previdelli Publicado em 06/04/2021, às 13h16

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Foto da atriz Cacilda Becker - Arquivo Nacional
Foto da atriz Cacilda Becker - Arquivo Nacional

Conhecida como a grande dama do teatro brasileiro, Cacilda Becker completaria 100 anos nesta terça-feira, 6 de abril. Com legado imensurável, Cacilda foi a primeira atriz profissional do Brasil, em uma época onde o elenco recebia apenas as próprias falas, como recorda matéria da Agência Brasil.

Com aproximadamente 70 espetáculos em seu currículo, ela nos deixou de maneira repentina, aos 48 anos, em 14 de junho de 1969. Sobre sua morte, que comoveu todo o país, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu a seguinte frase: “A morte emendou a gramática. Morreram Cacilda Becker. Não era uma só. Eram tantas...”. Relembre a trajetória da atriz! 

Infância sofrida 

Descendente de alemães por parte de mãe, e neta de imigrantes italianos por parte de seu pai, ela tinha apenas nove anos quando seus pais se separaram. Assim, ela e as duas irmãs — uma delas a também atriz Cleyde Yáconis — foram criadas pela mãe, conforme relembra Cleyde em entrevista ao portal ESGuiaNet. 

A atriz Cacilda Becker / Crédito: Wikimedia Commons

“Fomos morar em Santos sem nada na bagagem. Nosso destino foi a favela Rua das Flores, que ficava no Canal 3 da praia. No lugar de um barraco, nossa moradia por mais de dez anos passou a ser um container de navio, com uma única lâmpada pendurada no teto. Andávamos de Santos a São Vicente a pé, seguindo a linha do trem. Todos os meses, com seu pagamento, mamãe comprava um saco de arroz, de feijão e de batata e essa era a nossa refeição”, disse Yáconis

Apesar das dificuldades que sua família passava, ela lembra que desde nova sua irmã já mostrava estar ligada à traços artísticos. “Mamãe pegava um pedaço de papel celofane colorido, colocava em volta da única lâmpada da nossa casa-container para Cacilda dançar. Cacilda dançava, nós ríamos, nos empolgávamos e esquecíamos da fome. Mamãe driblava as dificuldades com a beleza”. 

O início nos palcos 

Ainda jovem, como recorda matéria publicada pela Folha de São Paulo, Cacilda conseguiu fazer estudos de balé, que fora sua primeira vocação. Mas antes de mergulha de vez no mundo dos palcos, Becker conquistou um diploma para atuar como professora e, já em São Paulo, começou a trabalhar como escriturária em uma firma de seguros. 

Quando completa vinte anos, Cacilda se muda para outro grande centro: o Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa, ingressa na Companhia de Raul Roulien. Ali começava sua carreira como atriz — uma das maiores que o Brasil já teve. 

Uma das primeiras produções que participou, como recorda o Almanaque da Folha, foi na montagem teatral de Hamlet, dirigida por Paschoal Carlos Magno. Logo em seguida, ao lado de Raul e Laura Suarez, atua em “Trio em Lá Menor”, de Raimundo Magalhães

Nos anos seguintes, mesclou uma jornada de aventuras entre o Rio e São Paulo — onde integra o Grupo Universitário de Teatro (GUT), fundado por Décio de Almeida Prado. Posteriormente, trabalhava com o renomado grupo “Os Comediantes”. Juntos, em 1947, marcam época ao participarem da remontagem da peça “O Vestido da Noiva”, que foi escrita por Nelson Rodrigues e dirigida por Zbigniew Ziembinski

Profissão: atriz 

É na capital paulista que a atriz deu os principais passos para sua profissionalização. Lá, Cacilda começou a lecionar interpretação na Escola de Arte Dramática de São Paulo e, pouco depois, entrou para o Teatro Brasileiro de Comédia, se tornando a primeira atriz contratada em caráter profissional, como recorda a Folha.  

Cacilda Becker, Fredi, Walmor e Ziembinski, na peça "Jornada de um longo dia para dentro da noite", em 1958/ Crédito: Wikimedia Commons

Nesta mesma época, fora contratada pela TBC, onde vê o produtor teatral Franco Zampari contratar Ziembinski para atuar e dirigir sua companhia teatral. É neste momento que a companhia começa a realizar uma média de cinco montagens por ano, todas dirigidas por estrangeiros, o que ajuda o teatro paulista a elevar seu nível técnico e artístico.

Atuando em todas as principais peças, Cacilda se destaca por seus papéis em “Nick Bar”, “Antígona”, “Dama das Camélias” e em “Gata em Teto de Zinco Quente”. Com o regresso dos diretores à Europa, em 1955, Cacilda e Walmor Chagas, diretor e seu marido, inauguram o Teatro Cacilda Becker no teatro da Federação Paulista de Futebol. 

A morte trágica 

Em 6 de maio de 1969, Cacilda atuava ao lado e Walmor na peça “A Espera por Gadot” quando sentiu uma forte dor na cabeça. Pedindo ajuda da plateia, ela foi levada ao hospital logo após o primeiro ato.  

A dor de cabeça, na verdade, como revela matéria da Folha de São Paulo, foi um derrame cerebral. Apesar do tratamento que recebeu, ela acabou falecendo 38 dias depois, em 14 de junho. O corpo da atriz foi velado na capela dos dominicanos e foi sepultado no Cemitério do Araçá. 

Há cerca de dois anos, em entrevista à TV Brasil, Guilherme Becker Fleury, neto de Cacilda, relembrou a trajetória e o legado que sua avó deixou para o teatro brasileiro. “Ela lutou a vida inteira pela classe artística”. 

“A Cacilda tinha um tipo franzino e uma presença cênica extraordinária. Ela se transformava no palco”, recordou o diretor teatral Flávio Marinho, que chegou a assistir dois espetáculos da atriz, em depoimento ao programa “De Lá pra Cá” (2011) da TV Brasil. 


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