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Matérias / Ciência

Os horrores reais da lobotomia, o procedimento que chocou quem assistiu Ratched

Entenda como funcionava o procedimento bizarro que ganhou o nobel da medicina em 1949 e chamou a atenção de quem assistiu a nova série da Netflix

Giovanna Gomes Publicado em 20/10/2020, às 09h31

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Cena da série Ratched (2020) - Divulgação/Netflix
Cena da série Ratched (2020) - Divulgação/Netflix

Dentre os diversos procedimentos médicos que um dia foram aclamados, mas que nos dias atuais não são sequer cogitados, a lobotomia é, sem dúvidas, um dos mais bizarros. 

Criada pelo neurologista português António Egas Moniz, a técnica recebeu o Prêmio Nobel da Medicina em 1949 “pela descoberta do valor terapêutico da leucotomia em certas psicoses”. Leucotomia era como era chamada a lobotomia.

O procedimento insólito chama atenção na série Ratched. A nova série do serviço de streaming foi lançada há pouco tempo, mas já vem dominando o Top 10 dos mais assistidos da semana. E não é para menos ao se pensar de uma produção que conta com Sarah Paulson e Sharon Stone em seu elenco.

A série que prometeu ser um prelúdio de Um Estranho no Ninho (clássico estrelado por Jack Nicholson) se passa em 1947, justamente quando a enfermeira Mildred Ratched começa a trabalhar em um hospital psiquiátrico, onde novos e inquietantes experimentos começam a serem testados na mente humana, sendo um deles a lobotomia, que assusta pelo modo como é retratado na série. 

Mas como funcionava o procedimento na vida real? 

Na época, os médicos acreditavam que pessoas com doenças mentais poderiam ser curadas a partir de uma cirurgia no cérebro, todavia, o que hoje sabemos que não é verdade. A lobotomia ocorria da seguinte forma: inseria-se um instrumento de corte no cérebro do paciente para perfurar o crânio nas laterais da cabeça. Assim, o cirurgião movia o instrumento cortando as conexões dos lobos frontais do cérebro.

Walter Freeman, um médico americano, tornou-se muito famoso por realizar a lobotomia em pessoas e possuía até mesmo um lobotomóvel, que usava para divulgar suas técnicas pelo país. Seu método consistia em martelar um picador de gelo sobre o globo ocular do paciente, crânio adentro, até separar as vias que ligam os lobos frontais a outras regiões do cérebro. 

Dr. Walter Freeman (esquerda) e Dr. James W. Watts, em 1941 / Crédito: Wikimedia Commons

Enquanto Moniz defendia que a cirurgia somente deveria ser realizada em pacientes muito violentos ou em suicidas, Freeman considerava que o método servia para tratar hiperatividade e ansiedade, sendo que mesmo crianças com problemas de comportamento foram operadas pelo médico. Homossexuais também foram alvo da cruel prática, já que tudo era tratado como "defeito genético". 

No entanto, um alto número de pacientes apresentava sérios problemas após o procedimento. Muitos morriam, enquanto outros ficavam com deficiências pelo resto da vida, tais como lentidão na fala, problemas nos olhos, perda de movimento das pernas e falta de inibição social. Estima-se que cerca de 50 mil americanos foram lobotomizados entre 1936 e os anos 1970.

O caso Howard Dully

Howard Dully antes da cirurgia - Divulgação

Howard Dully era um garoto de 12 anos à época em que foi submetido a uma cirurgia de lobotomia realizada por Walter Freeman. A madrasta do menino, incomodada com seu comportamento um tanto rebelde, o levou para ser consultado pelo médico.

No ano de 1960, dois meses após sua primeira consulta, Howard foi internado em um hospital particular na Califórnia. Em 16 de dezembro daquele mesmo ano, o jovem foi sedado por choques elétricos e operado pelo Dr. Freeman.

Dully durante o procedimento

Após a lobotomia

Felizmente, Dully sobreviveu e contou como se sentiu após o macabro procedimento. Ele teve febre alta por um tempo e sentiu os olhos inchados e doloridos. O menino afirmou ainda que se sentia como um zumbi mentalmente. Com sorte, Howard não obteve sequelas após a cirurgia. No entanto, o garoto cresceu sem entender o que de fato havia ocorrido.

Em 2005, quando o pai e a madrasta já haviam morrido, passou a investigar o caso viajando pelo país. Ele conversou com seus familiares e também com outros pacientes do médico que o operou. No mesmo ano, expôs sua história pela primeira vez em público a partir de um documentário da National Public Radio.

Dully em seu documentário - Crédito: Divulgação

Em 2007, publicou um livro de memórias, o qual foi um enorme sucesso de vendas e de críticas, junto ao escritor Charles Fleming. Hoje, aos 71 anos, Howard Dully vive com sua família nos EUA.


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