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Matérias / Música

A dura morte do rockstar Layne Staley

Com o cadáver confundido com peça de arte, o vocalista da lendária banda Alice in Chains completaria 55 anos em agosto

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 07/03/2020, às 09h00 - Atualizado em 14/08/2022, às 13h04

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Layne Staley no clipe "Would?", do Alice in Chains - Divulgação / YouTube / AliceInChainsVEVO
Layne Staley no clipe "Would?", do Alice in Chains - Divulgação / YouTube / AliceInChainsVEVO

O movimento grunge ascendeu mundialmente no início dos anos 1990 com figuras marcantes através do gênero musical que misturava protesto com punk. Com seu epicêntro na cidade de Seattle, em Washington, EUA, ídolos de vozes potentes marcaram aquela década com voz ativa sobre assuntos políticos e sociais.

Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, era um ativo defensor da comunidade LGBT, chegando a ser preso por pichar “Deus é Gay” em sua cidade natal; Eddie Vedder, do Pearl Jam, protestava contra o bullying em suas letras.

Entretanto, o líder de outra banda de sucesso do rock noventista era o oposto do que apresentava no palco: Layne Staley, vocalista do Alice in Chains. Em entrevista ao Loudwire, sua mãe o descreveu como uma pessoa isolada: “Layne era a criança mais quieta da turma do ensino médio. O palco deu a ele permissão para fazer o que todos nós queremos fazer às vezes: apenas gritar”.

Layne Staley durante apresentação com o Alice in Chains / Crédito: Getty Images

Com o sucesso mundial dos álbuns 'Facelift' e 'Dirt', respectivamente em 1990 e 1992, Layne evitava falar alto como gritava nas músicas e seu vício em drogas o tornou ainda mais recluso. Revezando suas tarefas entre a turnê internacional, sua casa e tentativas de reabilitação, preferiu começar a fazer shows menores e gravações menos cansativas.

No álbum seguinte, 'Jar of Files', gravou as faixas em um estúdio no bairro onde morava em uma semana, além do tom melancólico que contrastava com os riffs pesados dos dois primeiros sucessos.

Tragédias pessoais

Com o último disco de inéditas lançado em 1995, Layne decidiu comprar um apartamento duplex em Seattle e morar junto a sua noiva, Demri Parrott. Porém, o abuso de drogas em reuniões entre amigos acabou vitimando sua companheira, que veio a óbito em outubro de 1996 por uma infecção devido a uma bactéria obtida pelo uso de seringas compartilhadas. Desde então, Layne só entrou em um estúdio em outras três ocasiões na vida.

Recebendo poucos amigos, fazia uso de drogas e jogava videogames, inclusive, na última foto que se tem registro de Layne vivo, além de estar magro e pálido, usava uma camisa do jogo Metal Gear Solid. Não escrevia músicas, mas se dedicava a pintura.

Pintura feita por Layne utilizada na capa do disco "Above", inspirada em uma foto do casal / Créditos: Divulgação

A capa do disco 'Above', com seu projeto paralelo Mad Season, é uma pintura inspirada em uma foto do casal. O estopim para seu isolamento completo foi a morte do amigo John Baker Sauders, baixista deste projeto, em 1999, por overdose.

Em sua casa, recebeu propostas para ser ajudado por Krist Novoselic, baixista do Nirvana, e John Frusciante, guitarrista do Red Hot Chilli Peppers, que estava recém-reabilitado de seu vício intenso. Layne preferiu ignorar todas as tentativas.

Sua última visita foi feita por Mike Starr, primeiro baixista do Alice in Chains, no que acredita ser um dia antes de sua morte, em 2002. Layne, muito debilitado fisicamente, informou que sentiu o fantasma de sua falecida noiva próximo dele e o convidando para “uma transição”. Mike disse que Layne não poderia ficar na situação que estava e que se algo ocorresse, chamaria a polícia. O vocalista retrucou, dizendo que, se isso ocorresse, também isolaria o amigo.

A última foto conhecida de Layne Staley, feita com amigos em sua casa / Créditos: Divulgação

Momentos finais

Durante as duas semanas seguintes, Layne não atendeu mais ligações ou buscou cartas na recepção. Com o hábito de se isolar, não levantou desconfianças dos vizinhos, porém, sem nenhuma transação bancária registrada, sua empresária fez contato com sua mãe para conferir se algo estava errado. Acompanhada da polícia, o corpo de Layne foi encontrado em um estado avançado de decomposição.

Layne, que tinha 1,80m e estava com 34 anos, pesava 39 quilos. O estado de putrefação permitiu seu reconhecimento apenas por sua arcada dentária. Próximo ao seu corpo, os itens que indicaram a causa da morte: speedball, uma mistura letal de cocaína, heroína e crack. Seu corpo estava tão irreconhecível que, inicialmente, sua mãe achou que se tratava de algum tipo de escultura feita pelo filho.

A descoberta do corpo foi em 19 de abril de 2002, mas os exames apontam que seu colapso foi no dia 5 de abril. Mike, que o visitou no dia 4, manifestou arrependimento por não ter intervindo na ajuda ao amigo e desenvolveu depressão nos anos seguintes, inclusive pedindo perdão para a mãe de Layne em uma entrevista ao VH1. Também morreu vítima de uma overdose, mas de remédios controlados, em 2011.


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