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Matérias / Civilizações

Nativos norte-americanos reconheciam cinco gêneros

Antes da imposição europeia dos gêneros masculino e feminino, sociedades indígenas reconheciam muitos outros

Joseane Pereira Publicado em 31/10/2019, às 11h00

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Bibliothéque Nationale de France - Indígena norte-americana
Bibliothéque Nationale de France - Indígena norte-americana

Até a tomada da América do Norte pelos europeus, não existia um padrão de gênero considerado normal entre os grupos étnicos norte-americanos. Diferente da nossa sociedade, os indígenas norte-americanos tinham uma multiplicidade de gêneros, não estabelecendo um como regra e nem transformando outros em anormalidade ou algo a ser evitado.

MUITAS POSSIBILIDADES

De acordo com a plataforma digital Indian Country Today, as comunidades nativas da América do Norte reconheciam os seguintes gêneros: feminino, masculino, feminino de dois espíritos, homem de dois espíritos e transgênero. Segundo os indígenas, pessoas com características feminina e masculina ao mesmo tempo eram consideradas superdotadas pela natureza, sendo capazes de vislumbrar os dois lados de tudo.

As pessoas da comunidade eram valorizadas por suas contribuições, e não por serem homens ou mulheres. Antes da ocidentalização desses povos, as roupas das crianças eram neutras em termos de gênero, e não existia um ideal sobre como pessoas de determinado sexo deveriam se portar.

Crédito: Domínio Público

 “Cada grupo tem seu próprio termo específico, mas existia a necessidade de um termo universal que a população em geral [de falantes de inglês] pudesse entender. Os Navajo se referem a Dois Espíritos como Nádleehí (alguém que está transformado).

Entre a etnia Dakota temos a palavra Winkté (indicativo de um homem que tem compulsão de se comportar como mulher), Niizh Manidoowag (dois espíritos) entre os Ojíbuas, e Hemaneh (meio homem, meia mulher) entre os Cheyenne, para citar alguns”, afirma o site.

A tradição dos Dois Espíritos foi uma das primeiras coisas que os colonizadores quiseram destruir. Essa forma de viver deveria ser erradicada antes que pudesse ser registrada em livros, e foi continuamente perseguida durante o massacre desses povos.

O GUERREIRO OSH-TISCH

Osh-Tisch (à esquerda) e sua esposa / Crédito: Domínio Público

Um dos indígenas Dois Espíritos mais lembrados foi um guerreiro da etnia Dakota chamado Osh-Tisch. Nascendo homem e casando-se com uma moça, ele vivia adornado em roupas femininas e se portava cotidianamente como mulher. Em 17 de junho de 1876, Osh-Tisch ganhou fama ao resgatar um membro de sua comunidade durante a Batalha de Rosebud Creek.

 “As pessoas Dois Espíritos na América nativa pré-contato eram altamente reverenciadas, e as famílias que os incluíam eram consideradas sortudas. Os indígenas acreditavam que uma pessoa capaz de ver o mundo através dos olhos de ambos os sexos era um presente do Criador”, afirma o Indian Country Today.

Com o prosseguimento da colonização, influências religiosas atuaram de maneira devastadora perante esses povos. Em inúmeros casos, pessoas com Dois Espíritos deveriam escolher entre deixar de ser quem eram, negando suas tradições e costumes, ou acabar com suas vidas. Muitos deles escolheram a segunda opção.


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