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Matérias / Personagem

Paul Joseph Fronczak, o bebê que foi sequestrado e entregue a uma família que não era a sua

Paul foi levado do hospital logo nas primeiras horas de vida e seu reencontro só levantou mais dúvidas sobre seu passado

Fabio Previdelli Publicado em 11/10/2020, às 10h00

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Foto de Paul Joseph Fronczak recém nascido - Divulgação/ YouTube/ CBS This Morning
Foto de Paul Joseph Fronczak recém nascido - Divulgação/ YouTube/ CBS This Morning

Em 26 de abril de 1964, Dora Fronczak, deu à luz um menino, Paul Joseph Fronczak, no hospital Michael Reese, em Chicago. Ela havia amamentado o bebê durante todo o dia. No entanto, na manhã seguinte, uma mulher vestida de enfermeira entrou no quarto de Dora e o levou para ser examinado por um médico. Era o começo de um pesadelo: os dois jamais voltaram.  

A equipe do hospital, então, percebeu que algo havia dado errado. No entanto, o hospital não notificou as autoridades, tampouco os pais do garoto. Pelo menos não de imediato. Isso só aconteceu quando o pai, Chester Fronczak, foi acionado por telefone na fábrica onde trabalhava como maquinista. 

Manchetes sobre o desaparecimento de Paul / Crédito: Divulgação/ YouTube/ CBS This Morning

“Meu pai teve que sair do trabalho, ir ao hospital e dizer à esposa que o bebê estava desaparecido”, explicou Paul em entrevista para a BBC. "Você acha que está seguro — você está em um hospital —  e é onde seu bebê é sequestrado." 

A partir de então, a maior caçada da história de Chicago foi lançada, o que envolveu 175.000 funcionários dos correios, 200 policiais e o FBI. Eles vasculharam 600 casas, no entanto, sem sucesso. 

O reencontro?  

Depois do sequestro, o casal ficou no hospital por mais uma longa semana, esperando notícias de seu filho. Apesar de todo o esforço, nenhuma pista confiável surgiu. Esse sofrimento só terminou quase dois anos depois, em 1966.

Na ocasião, Dora e Chester receberam uma ligação do FBI que os deixaram esperançosos: uma criança foi encontrada em Newark, New Jersey, que correspondia à descrição do filho. 

O pequeno havia sido abandonado em um shopping e resgatado pelos Eckerts, eles o batizaram de Scott e pensavam seriamente em adotá-lo. Mas o FBI interviu. Acreditava que aquele era o menino que procuravam.  

O reencontro de Paul com seus pais / Crédito: Divulgação/ YouTube/ CBS This Morning

“Eles acabaram encontrando mais de 10.000 meninos que poderiam ser Paul, e eu fui o único que eles não puderam excluir totalmente”, diz Paul. Os Fronczaks ficaram entusiasmados com a notícia. “Naquela época, o FBI era a autoridade de elite, e quando eles dizem algo você acredita”. 

Depois de três meses, após uma série testes psicológicos, o encontro foi marcado. "Ela poderia dizer: 'Não tenho certeza' [sobre a criança ser realmente seu filho] e colocar a criança de volta no sistema, ou dizer: 'Sim, esse é meu filho' — e mesmo que não fosse, salvar essa criança do que poderia ser uma vida horrível”. Logo escolheu a segunda opção. 

A descoberta de tudo 

Quando tinha 10 anos, Paul foi caçar presentes no porão de sua casa. Lá, encontrou três caixas com recortes e fotografias arquivadas sobre seu desaparecimento. Ao questionar seus pais sobre o episódio, foi repreendido por bisbilhotar. "Sim, você foi sequestrado, nós te encontramos, nós te amamos e isso é tudo que você precisa saber”, disse sua mãe. 

Ele acatou a ordem e não tocou mais no assunto por 40 anos. Já adulto, se sentia feliz por fazer parte de sua família, mas sentia que não se encaixava completamente nela. Paul gostava de rock e usava cabelos compridos, já sua família era conservadora e o fez estudar em uma escola católica, adotando um rígido código de vestimentas.  

Foto de Paul quando criança/ Crédito: Divulgação/ YouTube/ CBS This Morning

Após se formar no colégio, decidiu ser baixista no Arizona, mas a aventura não durou muito. Mesmo assim, relutou em voltar pra casa e acabou se estabelecendo em Las Vegas. 

Em 2008, Paul se casou pela segunda vez e logo ele e sua esposa, Michelle, uma professora, estavam esperando uma filha. Paul ficou maravilhado. Mas quando o obstetra perguntou sobre o histórico médico de suas famílias, percebeu que ele não tinha certeza de como responder. 

A procura pela verdade 

A partir daí uma pergunta que há tempos estava adormecida voltou a assolar sua vida: “Quais as chances de eu ser esse bebê tirado de Chicago?”. Logo percebeu que não se encaixava, e decidiu descobrir a verdade. 

Em uma visita de seus pais, em 2012, relutou e os pediu para que fizessem um teste de DNA, e chegou até a comprar um kit. Seus pais acabaram concordando, e esfregaram suas bochechas no material, que imediatamente foi lacrado. Mas quando voltaram para casa, ligaram para Paul e pediram que não enviasse o kit para análise.

Chester e Dora, os pais de Paul / Crédito: Divulgação/ YouTube/ CBS This Morning

Apesar de acatar o pedido por algum tempo, acabou enviando os testes. Semanas depois recebeu uma ligação informando que havia uma possibilidade remota deles serem parentes. 

A descoberta de tudo 

Antes de ligar para seus pais, conversou com um amigo que era jornalista investigativo para pedir ajuda. O caso voltara a mídia depois de décadas. Sua família ficou enfurecida, cortando laços durante um ano.  

Uma equipe de voluntários chamada DNA Detectives assumiu o caso gratuitamente. Liderados pela genealogista genética CeCe Moore, eles usaram uma combinação de testes de DNA e técnicas clássicas de investigação: pesquisa em jornais e registros públicos, pesquisa em mídias sociais e intermináveis entrevistas por telefone. 

Foi em 3 de junho de 2015, dois anos depois de terem começado a investigação, que ela falou com Paul ao telefone. "O que você acha do nome Jack?", perguntou. “É um nome forte. É um bom nome”, respondeu. Moore disse: "Bem, esse é o seu nome."

Foi assim que ele descobriu que nasceu Jack Rosenthal e que era seis meses mais velho do que sempre pensara, seu novo aniversário era em 27 de outubro de 1963. 

Paul descobriu que tinha uma irmã gêmea, que também estava desaparecida. Apesar de ficar encantado ao descobrir que seu primo, Lenny Rocco, também era músico — ele havia sido um cantor de doo-wop nos anos 1950.

Ele descobriu que seus pais não eram muito exemplares e que haviam negligenciado em diversos momentos a criação dos filhos. Também estavam sempre chorando, diz a família, e um primo se lembra de ter visto os bebês sentados "em uma gaiola". 

Paul quando adulto / Crédito: Divulgação/ YouTube/ CBS This Morning

Ninguém sabe exatamente o que aconteceu, ou como eles desapareceram. “Meus pais verdadeiros não eram pessoas muito legais. Fico grato por eles me abandonarem porque isso me permitiu ficar com os Fronczaks. Eles salvaram minha vida”, diz Paul

Dois anos após discutir com seus pais, eles voltaram a se falar e agora Fronczak continua sua missão em para encontrar sua mãe e o verdadeiro filho de seus pais adotivos. "A história não está nem perto de terminar".


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