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Matérias / Personagem

Perseguição na caatinga: A morte de Carlos Lamarca, o outro inimigo da ditadura

Um dos mais famosos guerrilheiros do Brasil, o Capitão Vermelho desertou o exército e entrou para a luta armada; era visto como traidor por alguns, e herói por outros

André Nogueira Publicado em 07/05/2020, às 13h30

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Capitão Carlos Lamarca - Wikimedia Commons
Capitão Carlos Lamarca - Wikimedia Commons

Durante três anos, entre sua deserção no exército, quando fugiu do quartel de Quitaúna num caminhão cheio de armas, até sua morte, o capitão Carlos Lamarca foi um dos mais famosos guerrilheiros da oposição à Ditadura Militar. Líder da Vanguarda Popular Revolucionária, o militar se alinhou aos comunistas na guerra contra o governo autoritário do Brasil na guerrilha urbana de São Paulo.

Na clandestinidade, o militante ajudou no assalto a bancos e batalhas armadas contra as forças policiais, até que saiu em direção ao Vale do Ribeira, junto a mais 16 guerrilheiros, para treinamentos. Já em 1970, as tropas do exército estavam em sua cola, acompanhando-o em busca de seu assassinato.

Naquele local, sua equipe foi cercada pela Polícia Militar numa campanha de busca, mas o comando de Lamarca levou à completa derrota das forças do regime. A emboscada ao caminhão onde estava o capitão falhou, mas quatro guerrilheiros foram presos.

Então, Lamarca fugiu e, em pouco tempo, retornou a São Paulo, para novas ações armadas. Lá, conheceu o movimento 8 de Outubro (MR-8), unidade de guerrilha ao qual integrou, saindo da VPR, em 1971, ano de sua morte. Porém, antes de se desconectar do primeiro movimento, Lamarca comandou o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, ação utilizada para a recuperação de presos políticos.

Lamarca  / Crédito: Wikimedia Commons

O MR-8 era uma unidade de luta marxista revolucionária, cujo nome faz referência ao assassinato do guerrilheiro Che Guevara. Pelo movimento, Lamarca foi encaminhado para Brotas de Macaúbas, no sertão da Bahia, para desenvolver uma unidade de guerrilha interiorana.

Porém, em Salvador, uma batalha levou à prisão de um militante que sabia dos planos do MR-8 no sertão baiano, concedendo informações importantes ao governo, retiradas por tortura. Os dados foram cruzados com as relações feitas por Iara Iavelberg, amante do capitão — presa em 1969 e que se matara dias antes.

Deu-se início à Operação Pajuçara, cujo objetivo era matar um dos maiores procurados da Ditadura. A partir das informações, o Exército descobriu o paradeiro de Carlos Lamarca em Brotas de Macaúbas, criando um cerco militar na cidade.

Uma das fases mais sangrentas dessa operação ocorreu em Buritis, quando, no empenho de pegar Lamarca, o exército ocupou a cidade e a transformou numa espécie de campo de concentração, impedindo a livre circulação e realizando campanhas de tortura e assassinatos públicos no intuito de localizar o guerrilheiro e coletar informações da população.

Carlos Lamarca / Crédito: Wikimedia Commons

Além de um excelente comandante militar, o que o fazia um alvo estratégico, Lamarca gerava um grande ressentimento do Exército, pois ele era tido como um traidor por ter desertado em 1969 e roubado armas para a guerrilha. Com o lema “Ousar lutar, ousar vencer”, ele era uma face de propagação dos ideais da guerrilha.

Quando alguns policiais entraram na cidade, deu-se início a um tiroteio contra o guerrilheiro José Campos Barreto, o que anunciou a batalha e alertou Lamarca a fugir. Os militantes se alinharam para uma resistência mantenedora na cidade contra os militares, enquanto seu líder recuava para criação de um novo núcleo.

Conseguindo furar o cerco, Lamarca adentrou à caatinga junto a José (conhecido como Zequinha). Os dois continuaram a fuga por 20 dias, distanciando por quilômetros. Em fuga, conseguiram chegar até a cidade de Ipupiara, no coração do sertão.

Lá, considerando certa vantagem, Lamarca e Zequinha montaram acampamento e se sentaram para descansar debaixo da sobra de uma árvore quando foram notados por agentes do Exército, que os emboscaram e os fuzilaram em 17 de setembro de 1971. Lamarca recebeu cinco tiros, morrendo no local. Seu corpo, de 34 anos, foi levado pelos militares para análise, e fotografado (as imagens foram reveladas pelo governo apenas em 2012).


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