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Matérias / Personagem

Perseguição nazista e monotonia: quem são as meninas na tela 'Rosa e Azul'

Filhas de uma rica família judia do século 19, elas protagonizam uma das pinturas mais famosas de Pierre-Auguste Renoir

Pamela Malva Publicado em 01/09/2020, às 18h30 - Atualizado às 18h36

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Detalhe da pintura Rosa e Azul, de Renoir - Wikimedia Commons
Detalhe da pintura Rosa e Azul, de Renoir - Wikimedia Commons

Para os entusiastas das obras de Pierre-Auguste Renoir, é muito fácil reconhecer os traços do pintor impressionista. Com cores vibrantes, o artista representava a vida e o cotidiano parisiense no final do século 19 em suas muitas obras.

Retratos de belas mulheres com cabelos sedosos e cenas comuns de uma tarde de sol são alguns dos componentes mais comuns nas obras de Renoir. Nascido na França, em 1841, o pintor se inspirava em nomes como Delacroix, Manet e Degas.

Considerada uma das obras mais populares do Museu de Arte de São Paulo (MASP), a pintura 'Rosa e Azul' é também uma das mais famosas do aritista francês. A tela delicada, com tons marcantes, representa duas misteriosas meninas.

Retrato do pintor Pierre-Auguste Renoir / Crédito: Wikimedia Commons

Família parisiense

Durante sua vida como pintor, Renoir produziu diversas obras para as famílias mais influentes da comunidade judaica de Paris na época. Entre as pinturas, os retratos eram as solicitações mais comuns enviadas ao ateliê do artista.

Foi através do colecionador Charles Ephrussi que Renoir conheceu Louis Cahen d'Anvers, um cavalheiro bastante conhecido na elite da época. Não demorou muito até que os serviços do artista impressionista fossem requisitados.

Pai de duas belas meninas, Louis era casado com Louise de Morpurgo, a herdeira de uma das famílias mais abastadas de Trieste — que, coincidentemente, ainda era amante de Charles. Com um salário bem pago, Renoir passou a pintar para os d'Anvers.

Retrato de Louis Cahen d'Anvers / Crédito: Wikimedia Commons

Vestidos de seda

Durante anos, o impressionista visitou a casa da família para representar seus integrantes com realismo e cores vivas. Em 1880, o artista usou óleo sobre tela para pintar a filha mais velha do casal, Irene, no quadro Pequena Irène.

Tamanha foi a paixão de Louise pela tela da menina que a dama exigiu uma segunda pintura, agora de suas outras filhas, Elisabeth e a mais nova, Alice. Donas de traços delicados, as pequenas, então, foram retratadas por Renoir.

Pela obra, Louise e seu marido pagaram 1.500 francos ao artista. E cada centavo valeu a pena, já que o resultado foi uma das obras mais conhecidas e emblemáticas da história do impressionismo francês.

Tela Pequena Irène, de Renoir / Crédito: Wikimedia Commons

Sessões e sorisos

Foram diversas sessões até que Renoir finalmente tivesse o resultado final de sua criação, em fevereiro de 1881. Trajadas com vestidos brancos, as meninas ainda traziam as cores rosa e azul em seus acessórios, como nas meias, faixas e laços.

Décadas mais tarde, a mais nova das meninas, Alice, afirmou que "o tédio das sessões era recompensado pelo prazer de usar o elegante vestido de renda". Aos precoces cinco anos, a menina foi representada à esquerda da tela, com adereços rosa.

De azul, ao contrário da irmã, Elisabeth, que tinha seis anos, parece se divertir com as longas sessões. Na tela, a filha do meio foi representada com expressões contidas, enquanto segura a pequena mão de Alice.

Segredos e pinceladas

Tão viva e clássica, a obra impressionista, no entanto, esconde o fim trágico de uma das irmãs. Enquanto Alice casou-se com um oficial do Exército britânico, em 1895, Elisabeth teve um destino diferente, muito mais melancólico.

Eternizada em seu vestido branco e rosa, Alice morreu em Nice, aos 89 anos, em 1965. A irmã loira, no entanto, representada pelos acessórios azuis, foi uma das centenas de milhares de vítimas da Segunda Guerra Mundial.

Em meados de 1987, quando obras do acervo do MASP foram expostas na Fundação Pierre Gianadda em Martigny, na Suíça, o triste fim de Elisabeth foi revelado. Em uma carta ao museu, o sobrinho dela, Jean de Monbrison, contou o pesaroso segredo.

As pequenas Alice, Elisabeth e Irene, respectivamente / Crédito: Wikimedia Commons

Tragédia e solidão

O primeiro marido de Elisabeth foi o diplomata e conde Jean de Forceville, de quem ela se separou após alguns anos de matrimônio. Em seguida, a jovem francesa casou-se com Alfred Émile Denfert Rochereau — relacionamento que também não durou.

Frustrada e cansada de sua vida amorosa, a jovem Elisabeth converteu-se ao catolicismo. A nova fé da mulher, no entanto, não foi o suficiente e, devido às suas raízes judaicas, ela foi enviada ao campo de concentração de Auschwitz, em 1944.

Em idade avançada, Elisabeth não suportou a impiedosa viagem e morreu a caminho do terrível destino ao lado de vários outros judeus. Ela tinha 69 anos quando deu seu último suspiro solitário em um trem congelante.


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