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Matérias / Petr Ginz

Petr Ginz: De garoto de Auschwitz a tragédia espacial

Vítima do nazismo, Petr Ginz teve sua imagem também atrelada a uma tragédia especial ocorrida em 2003

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 28/07/2022, às 16h04 - Atualizado em 12/10/2022, às 18h00

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Memorial em homenagem à Petr Ginz e Ilan Ramon - Getty Images
Memorial em homenagem à Petr Ginz e Ilan Ramon - Getty Images

Petr Ginz foi um jovem nascido em 1928 em Praga, capital da República Tcheca, que muitos anos depois viria a ser conhecido como o autor do último grande diário sobre o Holocausto. O motivo de a obra ter se tornado conhecida, no entanto, é também trágico, não bastando toda a brutalidade da Alemanha Nazista.

O jovem judeu era um prodígio nas artes da escrita e desenho, e chegou a escrever cinco romances entre os 8 e 14 anos. No entanto, em 1944 ele foi executado no campo de concentração de Auschwitz, no sul da Polônia, aos 16 anos de idade, como conta a Folha em reportagem de 2007.

Porém, o nome de Petr Ginz ficou famoso em 2003, quando o ônibus espacial Columbia explodiu após entrar em contato com a atmosfera terrestre. Durante a missão, um dos tripulantes era Ilan Ramon — primeiro astronauta judeu e israelita, filho de uma sobrevivente de Auschwitz —, que carregava um desenho feito pelo jovem Petr.

Fotografia de memorial em homenagem à Petr Ginz e Ilan Ramon, no Yad Vashem
Fotografia de memorial em homenagem à Petr Ginz e Ilan Ramon, no Yad Vashem / Getty Images

Petr Ginz

Petr Ginz nasceu na cidade de Praga, na República Tcheca, no dia 1 de fevereiro de 1928. Ainda durante sua infância, o jovem tinha o hábito de desenhar e escrever romances e poemas, tendo até mesmo recebido de presente de sua irmã, Chava, seis cadernos para que usasse para as atividades que tanto gostava.

Quando tinha por volta de 14 anos, o jovem tinha o costume de escrever diários — que foram descobertos no futuro. Nos escritos, o que se vê é exatamente o que se espera de uma pessoa da idade dele, relatos sobre a escola, a família, amigos, situações engraçadas... Até que os primeiros sinais do Holocausto começam a surgir, com a identificação de judeus pelas suas vestes e o desaparecimento de vizinhos, familiares e colegas de escola.

Fotografia de Petr Ginz
Fotografia de Petr Ginz / Foto por Alexander Arteaga 23 pelo Wikimedia Commons

Além do mais, as proibições oficiais são relatadas em seu diário: frequentar cafés, usar transporte público, possuir instrumentos de música, câmeras fotográficas, um simples termômetro para medir a febre. Até que a escassez na região chega, ao lado da fome e, para Petr Ginz, chega também a deportação para Theresienstadt.

No campo de Theresienstadt, ainda dentro da República Tcheca, o garoto escreveu para uma revista editada por si mesmo, a chamada de 'Verdem' (que significa 'Nós Lideramos' ou 'Nós Venceremos'). Por fim, aos 16 anos, ele foi deportado para a Polônia, rumo à Auschwitz-Birkenau, onde foi seu destino final.

Ilan Ramon

Columbia foi o primeiro ônibus espacial construído pelos Estados Unidos, em um projeto que planejava um 'vaivém espacial', com a ideia de serem construídas naves reaproveitáveis. Em 1997, o então coronel da Força Aérea Israelense, Ilan Ramon, integrou a equipe da NASA que viria a participar de missão com o Columbia e foi convidado a levar consigo um símbolo da história judaica — mais precisamente, da tragédia judaica.

Ilan Ramon, primeiro astronauta judeu e israelita, filho de uma sobrevivente de Auschwitz
Ilan Ramon, primeiro astronauta judeu e israelita, filho de uma sobrevivente de Auschwitz / Foto por NASA pelo Wikimedia Commons

Ramon então escolheu o desenho de uma criança, entre todas as centenas existentes no Yad Vashem — memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto —, para simbolizar a tragédia que os judeus sofreram nas mãos dos nazistas. O autor do desenho escolhido, por sua vez, era o próprio Petr Ginz, que tinha 14 anos quando o fez, e a obra retratava o planeta 'Terra, visto da Lua'.

No entanto, infelizmente Columbia tinha um destino cruel à frente: no dia 1° de fevereiro de 2003 — dia em que Petr Ginz completaria 75 anos, inclusive — a nave espacial explodiu após entrar na atmosfera terrestre, depois de 16 dias em missão. Devido às notícias da tragédia, porém, novas grandes descobertas ocorreram.

Desenho de Petr Ginz que foi levado em missão espacial
Desenho de Petr Ginz que foi levado em missão espacial / Divulgação/Personal stories from the holocaust

Novas descobertas

Quando o desenho de Petr Ginz ocupou as primeiras páginas de muitos jornais na época da explosão da Columbia, uma pessoa na cidade de Praga reconheceu os traços do autor e contatou o Yad Vashem. Um anônimo proprietário da República Tcheca teria encontrado em uma antiga casa da capital os seis cadernos com textos e desenhos que possivelmente teriam pertencido ao garoto.

Logo, os cadernos foram apresentados ao museu e, quando analisados pela pintora israelita Chava Pressburger, foi comprovado terem pertencido à Petr Ginz. A artista, no caso, reconheceu os cadernos que havia dado a seu irmão cerca de sessenta anos antes.

Fotografia antiga de Petr Ginz e sua irmã, Chava
Fotografia antiga de Petr Ginz e sua irmã, Chava / Divulgação/Personal stories from the holocaust

Junto da descoberta, foram encontrados outros desenhos do jovem — incluindo o original cuja cópia que havia sido enviada ao espaço —, romances escritos entre os 8 e 14 anos, além de relatos da vida cotidiana de um rapaz que vivem numa Tchecoslováquia ocupada por nazistas entre 1941 e 1942, antes de sua primeira deportação, para Theresienstadt. Os escritos podem ser lidos em 'The Diary of Petr Ginz: 1941-1942'.


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