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Matérias / Ciência

Como fazíamos sem despertador?

Despertador já foi uma profissão. Mas não faltaram tentativas: Platão foi um dos primeiros a lutar para tirar preguiçosos da cama

Maria Carolina Cristianini Publicado em 23/05/2018, às 07h00

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Uma despertadora profissional e sua zarabatana - Domínio Público
Uma despertadora profissional e sua zarabatana - Domínio Público

Pode parecer um dos tormentos da vida moderna – só não é pior que a opção, ir para o olho da rua. Mas o rude despertar já nos acompanha há milênios.

Na Pré-História, já havia o proverbial galo. Na falta dele, a própria bexiga. Uma das primeiras ideias, entre nossos antepassados, foi tomar muita água antes de dormir e ativar um alarme fisiológico.

Obviamente, o primeiro método é inflexível, porque não dá para “regular” o galo, e o segundo, impreciso.

O relógio nasceria antes do despertador. Na Idade do Bronze, egípcios e babilônicos já tinham clepsidras, relógios baseados em recipientes que deixavam a água pingar. Mas seriam os gregos a imaginar como a água poderia ser usada para tirar da cama um preguiçoso. E, segundo a tradição, o responsável foi ninguém menos que Platão.

Pulando da cama 

A história, talvez apócrifa, aparece em alguns trechos de séculos depois da morte do maior discípulo de Sócrates. O mecanismo seria constituído de três recipientes empilhados. Com o primeiro cheio de água, o líquido gotejava por um funil estreito até a parte central encher e forçar o ar a sair por uma pequena abertura. Disso surgia um assobio, que acordava o dorminhoco. A água ainda pingava para um reservatório final, para não escorrer.

Um despertador de águaWikimedia Commons

Outro jeito comum de pular da cama ao longo do tempo foi contar com os sinos das igrejas. O uso do equipamento pelo cristianismo é atribuído a São Paulino de Nola, bispo de Campânia, Itália, entre os séculos 4 e 5. Essa não seria a última palavra na arte do despertar.

No século 16, o inventor sírio Taqi al-Din Muhammad ibn Ma’ruf criou alarmes ao modificar relógios mecânicos – um deles consistia em colocar uma cavilha (tipo de pino) num buraco na parte da frente do relógio, fazendo-o tocar na hora desejada. Outra ideia surgiria na Áustria, no início do século 18, usando a pederneira, o mecanismo de disparo das armas de fogo de então, semelhante a um isqueiro. A faísca fazia acender uma vela para acordar o próprietário – com alto risco de incêndio.

Despertador humano

Entre ingleses e irlandeses, uma nova solução apareceu com a Revolução Industrial. Contratar um knocker- up, um despertador humano, profissional que usava varas ou zarabatanas para atingir as janelas das casas, acordando os moradores. A prática seguiu até a década de 1970.

Um knocker- up acordando os moradores Reprodução

Em 1787, o americano Levi Hutchins construiu uma pequena caixa de madeira ao redor de uma engrenagem, que fazia disparar um sino. Nessa primeira versão de forma fixa, só às 4h da manhã, horário em que ele precisava acordar. Há relatos parecidos e anteriores na Alemanha, e esse é considerado o primeiro despertador americano.

Mais de meio século mais tarde, em 1847, o francês Antoine Redier se tornou o primeiro a patentear um alarme ajustável a qualquer horário. Mas o registro não cruzou o oceano e, em 1876, o americano Seth E. Thomas entrou com uma ação pela patente de sua versão. Depois, os despertadores programáveis chegaram à população. Na virada do século, o familiar formato de um disco com sinos em cima já estava estabelecido.