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Matérias / Curiosidades

Por que a Coreia foi dividida em duas?

Entenda como ocorreu o processo que resultou na divisão da Coreia

Redação Publicado em 06/12/2020, às 10h00 - Atualizado em 28/07/2023, às 15h35

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Colagem com as bandeiras da Coreia do Norte e Coreia do Sul, respectivamente - Domínio Público via Wikimedia Commons
Colagem com as bandeiras da Coreia do Norte e Coreia do Sul, respectivamente - Domínio Público via Wikimedia Commons

Hoje em dia, praticamente não há quem confunda a Coreia do Sul, um país nos holofotes do cenário capitalista global e uma grande potência econômica, e a Coreia do Norte, autodeclarada socialista e, para muitos, uma ditadura. Afinal, embora os nomes dos países sejam bastante semelhantes, toda a cultura e nação apresentam diferenças.

Porém, o que não muita gente sabe é que a Coreia — sim, falando na totalidade — foi dividida em um passado relativamente recente, na década de 1950. Antes disso, a Coreia passou a primeira metade do século XX como uma colônia do Império Japonês, aliado aos nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Porém, como sabemos, o lado derrotado na guerra foi o Eixo — formado pela Alemanha, Itália e Japão —, de maneira que, de praxe, essas nações acabaram perdendo territórios. Entre as colônias que ganharam independência nesse processo, estava justamente a Coreia.

Antiga fotografia do ex-Ministro das Relações Exteriores do Japão, Mamoru Shigemitsu, assinando o documento que encerraria oficialmente a Segunda Guerra Mundial
Antiga fotografia do ex-Ministro das Relações Exteriores do Japão, Mamoru Shigemitsu, assinando o documento que encerraria oficialmente a Segunda Guerra Mundial / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Então, os coreanos elegeram um governo socialista, e tudo pareceu finalmente resolvido no território recém-libertado. No entanto, a paz duraria somente alguns meses.

Nova ocupação

O lado vencedor na Segunda Guerra Mundial, os Aliados, eram formados por quatro grandes nações da época: Inglaterra, França, Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Como tempos de crise levam a conciliações contraditórias, foi só com o fim do grande conflito que dois Aliados em específico, EUA e URSS, começaram um novo embate: a Guerra Fria.

Da mesma forma como aconteceu na Alemanha com o Muro de Berlim, que foi dividida em parte capitalista, aliada aos americanos, e outra parte socialista, aliada aos soviéticos, os Estados Unidos e a União Soviética disputaram o território coreano, em uma tentativa de se estabelecer estrategicamente a fim de espalhar a própria ideologia no continente asiático.

Então, as duas nações adversárias entraram em um acordo, e dividiram o país no paralelo 38. A parte sul estaria sob o controle dos Estados Unidos, e o norte da União Soviética. No entanto, isso foi decidido sem consultar outro agente importante: a população coreana, que seria, então, dividida.

Mapa com a divisão no paralelo 38 entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, destacando também a
Mapa com a divisão no paralelo 38 entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, destacando também a Zona Desmilitarizada Coreana / Crédito: Foto por Rishabh Tatiraju pelo Wikimedia Commons

Neste período, o líder norte-coreano Kim Il-sung (1912 - 1994), avô de Kim Jong-un, prosseguiu com as reformas agrárias do governo socialista, o que forçou grandes latifundiários e opositores do regime vigente a fugirem para o sul.

Porém, o sul vivia um cenário turbulento: os americanos rapidamente expulsaram o governo socialista no território, e colocaram os japoneses, que outrora dominavam a Coreia — o que fez com que muitos fugissem para o norte.

Kim Il-sung, o primeiro líder da Coreia do Norte / Crédito: Wikimedia Commons

Guerra da Coreia

Com essa grande tensão entre o lado do sul e o lado do norte da Coreia, que gerou grande fragmentação na população, além da própria grande tensão entre Estados Unidos e URSS em plena Guerra Fria, uma guerra total teria início no dia 25 de junho de 1950.

Durante a luta, os coreanos ainda foram obrigados a se separar de suas famílias, pois, a divisão entre norte e sul não apenas foi extremamente rápida, como também muito tensa — era proibida a transição de um lado para outro. Vale lembrar que aproximadamente 1,5 milhão de civis foram mortos.

Antiga fotografia de uma refugiada coreana em meio à Guerra da Coreia
Antiga fotografia de uma refugiada coreana em meio à Guerra da Coreia / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Conclusão do conflito

Embora seja dito que a Guerra da Coreia teve fim em 27 de julho de 1953, a verdade é que o conflito nunca teve um fim verdadeiro, sem a determinação de um vencedor. Em vez disso, ainda hoje é ensinado às crianças norte-coreanas que eles venceram a guerra; por outro lado, as nações aliadas aos Estados Unidos atestam que o norte perdeu.

No fim, o que ocorreu foi um fortalecimento na separação entre Coreia do Sul e Coreia do Norte, divididas pela Zona Desmilitarizada Coreana. E ainda hoje percebe-se grande tensão, tanto entre os dois países, quanto entre o norte e os Estados Unidos — a URSS foi dissolvida em 1991, perdendo a Guerra Fria, e por isso a nação não possui envolvimento hoje, o que implica na decadência econômica do país.

Enquanto a Coreia do Sul estabeleceu uma economia neoliberal capitalista e é um dos grandes países desenvolvidos apoiados pelos Estados Unidos, a Coreia do Norte é considerada um Estado comunista, tendo como suas principais vertentes o combate ao capitalismo, o anti-imperialismo norte-americano e a autossuficiência nacional.

Ainda assim, em meio às muitas dificuldades e contradições — como a má relação entre Coreia do Norte e Estados Unidos, e até mesmo a associação do norte com a Rússia, por exemplo, em meio ao conflito com a Ucrânia — da relação entre os dois países, ainda é dito que eles caminham, a passos lentos, em direção a uma reunificação, graças a ajuda internacional de grupos que promovem a união da península e a autodeterminação do povo coreano.

O líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o ex-presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, apertando as mãos da região fronteiriça de Panmunjom
O líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o ex-presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, apertando as mãos na região fronteiriça de Panmunjom, em 2018 / Crédito: Getty Images