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Matérias / Arqueologia

Por que muitos túmulos apresentavam uma grade de ferro?

Invenção sombria, chamada de “mortsafe”, data do começo do século 19 e foi implementada especialmente no Reino Unido

Redação Publicado em 22/05/2022, às 08h00 - Atualizado em 19/08/2022, às 19h00

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Mortsafe em cemitério de Logierait, na Escócia - Judy Willson via Wikimedia Commons
Mortsafe em cemitério de Logierait, na Escócia - Judy Willson via Wikimedia Commons

Alguns cemitérios do Reino Unido ainda contam com uma invenção do passado que pode ser considerada especialmente macabra. Embora possam não ter mais tanto uso prático, as grades de ferro, conhecidas como “mortsafes”, contam um pouco da história da medicina.

Isso porque as estruturas de ferro surgiram como forma de proteger sepulturas inglesas, com o intuito de que os corpos enterrados não fossem capturados e levados para serem dissecados em pesquisas médicas.

Os locais de descanso passaram a se parecer mais com gaiolas para que os entes queridos das famílias pudessem ter seu descanso final, enterrados de fato — e não na mesa de um anatomista.

Roubo de cadáveres

Outro exemplo de mortsafe no Cluny Castle, na Escócia / Crédito: Martyn Gorman via Wikimedia Commons

Foi a partir do começo do século 19 que as famílias começaram a implementar o uso de “mortsafes” nos túmulos de seus parentes e amigos queridos a partir do avanço da profissão médica, que requeria cada vez mais corpos para o ensino de anatomia.

Havia uma considerável escassez de corpos disponíveis para a pesquisa médica, em especial nas escolas da área, que buscavam ensinar detalhes do corpo humano para os seus estudantes, mas não tinham material o suficiente.

Já que nem sempre era possível obter o corpo de uma pessoa da forma correta, a partir do fornecimento do governo, que concedia os corpos de criminosos executados, por exemplo, havia uma oferta limitada de restos mortais para estudo.

Esse contexto acabou criando um mercado particularmente bizarro: o de cadáveres. E a forma com que esses corpos eram obtidos é mais sombria ainda: por meio de roubo em suas próprias covas, onde eles deveriam descansar pela eternidade.

Claro que nem todos tinham coragem para perturbar o descanso eterno dos cadáveres recém-enterrados; por isso, quem fazia esse tipo de serviço — conhecidos como ladrões de corpo ou homens da ressureição — recebiam um bom lucro com o trabalho.

Essas pessoas iam até os cemitérios durante a noite e procuravam pelos túmulos dos recém-sepultados, que poderiam ser aproveitados em pesquisas médicas.

Na época, roubar cadáveres ainda não era considerado crime por lei; algum tempo depois, com a Lei de Anatomia de 1832, a prática ficou obsoleta pois os médicos passaram a conseguir, legalmente, corpos suficientes para investigações científicas.

Os mortsafes

Estruturas de ferro no cemitério Greyfriars Kirkyard em Edimburgo, na Escócia / Crédito: Kim Traynor via Wikimedia Commons

Naquele período, no entanto, as autoridades apenas consideravam o roubo como um crime caso a mortalha ou alguma outra roupa do cadáver fosse levada. Muitas vezes, os familiares encontravam apenas panos espalhados nas proximidades.

Em uma tentativa de evitar esse tipo de trauma, muitos parentes começaram a instalar as grades de ferro sobre os túmulos até que houvesse decomposição o suficiente para tornar o corpo inutilizável para as pesquisas e, assim, não passível de roubo.

Além dos mortsafes, também foram utilizadas grandes pedras, colocadas acima das sepulturas e muitas vezes cimentadas. 


*Com informações de: Atlas Obscura;