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Matérias / Personagem

Por que o astro que viveu Willy Wonka escondeu o Alzheimer?

Doença só foi revelada após a morte de Gene Wilder, em 2016

Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 08/05/2022, às 09h00 - Atualizado às 11h29

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Gene Wilder como Willy Wonka - Divulgação
Gene Wilder como Willy Wonka - Divulgação

Comediante, escritor, ator e cineasta. Dentro de Hollywood Gene Wilder, nome artístico de Jerome Silberman, ficou conhecido por sua multifuncionalidade, por seus papéis cômicos e, principalmente, por viver o primeiro Willy Wonka em ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate' de 1971.

Firmando parceria com Mel Brooks, ainda atuou junto a Harrison Ford e foi dirigido por Woody Allen. Além disso, também recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, por sua atuação no filme ‘Primavera Para Hitler’ em 1969; e de Melhor Roteiro Adaptado por ‘O Jovem Frankenstein’ em 1975.

Em 29 de agosto de 2016, porém, faleceu aos 83 anos, vítima do mal de Alzheimer. Embora tenha passado grande parte de sua vida como uma figura midiática, seus dias finais de vida foram completamente diferentes. Em segredo, familiares esconderam até o fim a enfermidade que lhe acometeu

O amor pela atuação

Filho de um imigrante judeu, Jerome Silberman nasceu em 11 de junho de 1933, em Milwaukee, Wisconsin, nos Estados Unidos. A atuação chegou em sua vida logo cedo: aos oito anos. Conforme explica matéria do The Washington Post, tudo começou quando sua mãe foi diagnosticada com febre reumática. O médico que lhe atendeu orientou Silberman que o melhor remédio para curá-la seria “tentar fazê-la rir”.

O ator Gene Wilder/ Crédito: Domínio Público

Aos 11, descobriu que o palco era tudo aquilo que sempre sonhou depois de ver uma apresentação de sua irmã e ficar encantado com toda a experiência. Desta forma, pediu para o professor dela também ser seu tutor.

O profissional aceitou Jerome, mas apenas depois que ele completasse 13 anos. No dia seguinte ao seu 13º aniversário, ele lhe ligou e cobrou a promessa — sendo seu aluno por dois anos. 

A dedicação do menino fez sua mãe enxergar seu potencial e decidiu enviá-lo para a Black-Foxe, um instituto militar em Hollywood. Entretanto, por lá, segundo relatou anos depois em seu livro ‘Kiss Me Like A Stranger: My Search for Love and Art’, acabou sendo intimidado e agredido sexualmente por ser o único judeu do centro de ensino. 

Mas isso não o impediu de seguir seu sonho, se apresentando pela primeira vez na frente de um público pagante aos 15 anos, quando interpretou Balthasar (servo de Romeu) em uma produção de Romeu e Julieta, de Shakespeare.

Embora tenha origens judaicas, jamais foi uma pessoa religiosa, seguindo apenas a ética da reciprocidade, também chamada de regra de ouro: ‘trate os outros da maneira que gostaria de ser tratado’. 

Não tenho outra religião. Me sinto muito judeu e me sinto muito grato por ser judeu. Mas não acredito em Deus nem nada a ver com a religião judaica", declarou, em 2005, à Abigail Pogrebin, autora do livro 'Stars of David: Prominent Jews Talk About Being Jewish'.

A carreira artística

Após vários anos se dedicando aos estudos da atuação, decidiu adotar um nome artístico, sentindo que ‘Jerry Silberman’ não tinha o tom certo que desejava. Desta forma, escolheu o pseudônimo de Gene Wilder: sendo ‘Gene’ por conta do personagem Eugene Gant em ‘Look Homeward, Angel’, o primeiro romance de Thomas Wolfe; e ‘Wilder’ por se lembrar de Thornton Wilder , autor de ‘Our Town’.

Em 1963, estrelou ‘Mãe Coragem e os Seus Filhos’ ao lado de Anne Bancroft. A atriz lhe apresentou à Mel Brooks, seu marido. Ali nascia uma grande parceria — chegando a concorrer ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação no filme ‘Primavera Para Hitler’ em 1969., que tinha Brooks como diretor.

O ator Gene Wilder com Margot Kidder em 1970, durante as filmagens de Quackser Fortune Has a Cousin in the Bronx/ Crédito: Domínio Público

Em 1971, fez o teste para interpretar Willy Wonka na primeira adaptação de ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’, de Roald Dahl. Na ocasião, o diretor Mel Stuart lhe ofereceu o papel após o ator recitar poucas falas. Fred Astaire, Joel Gray, Ron Moody e Jon Pertwee também foram cogitados para o papel, recorda o The Washington Post. 

Ele ainda marcou época por grandes produções como: ‘Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar’ (1972); ‘Banzé no Oeste’ (1974); ‘O Pequeno Príncipe’ (1974); ‘O Jovem Frankenstein’ (1974); ‘A Dama de Vermelho’ (1984); ‘Cegos, Surdos e Loucos’ (1989) e ‘Um Sem Juízo, Outro Sem Razão’ (1991).

Seus três últimos grandes papéis foram em 1999, com os filmes ‘Crime Numa Pequena Cidade’; ‘Alice no País das Maravilhas’ e ‘The Lady In Question’. 

Em 2013, em entrevista à revista Time Out New York, o comediante foi questionado se atuaria novamente em algum projeto caso considerasse interessante: "Estou cansado de assistir aos bombardeios, tiros, assassinatos, palavrões e 3D. 52 filmes por ano enviados para mim, e talvez haja três bons”. 

“É por isso que eu comecei a escrever. Não é que eu não iria atuar novamente. Eu diria: 'Me dê o roteiro. Se é algo maravilhoso, eu vou fazer isso.' Mas eu não entendo nada disso”, completou. 

A morte esquecida

Em 29 de agosto de 2016, Gene Wilder morreu, aos 83 anos, em sua casa em Stanford, por conta de complicações do mal de Alzheimer. Ele havia sido diagnosticado com a doença 3 anos antes, mas manteve seu quadro clínico em sigilo desde então. 

Dias depois da partida de Wilder, seu sobrinho Jordan Walker-Pearlman revelou ao portal Just Jared o motivo de ter mantido a doença do tio guardada durante todos esses anos. “A escolha por manter a doença privada foi dele, em conversa conosco, fazendo uma decisão como família”.

O ator Gene Wilder com a esposa Gilda Radner em 1986/ Crédito: Domínio Público

“Nós entendemos todos os desafios físicos e emocionais dessa situação e sabemos que fomos sortudos dele, ao contrário de muitos casos, nunca ter perdido sua habilidade de reconhecer as pessoas que estavam perto dele. A decisão de esperar essa hora para revelar sua condição não foi por vaidade, mas mais para que as crianças que o chamavam de Willy Wonka não fossem expostas a essa doença ou problemas. Ele não podia suportar a ideia de um sorriso a menos no mundo", prosseguiu. 

Ele estava com 83 anos e morreu segurando nossas mãos com a mesma ternura e amor que ele exibiu em toda a sua vida."

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