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Curiosidades / Personagem

Por trás dos projetos: Por que Santos Dumont não é reconhecido no exterior?

Para grande parte do planeta, o avião não é uma criação brasileira, mas sim de irmãos norte-americanos. Entenda!

Redação Publicado em 24/01/2020, às 10h52 - Atualizado em 07/09/2021, às 08h00

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Imagem colorizada de Santos Dumont - Domínio Público/Klimbim
Imagem colorizada de Santos Dumont - Domínio Público/Klimbim

Natural de Minas Gerais, Santos Dumont é um dos maiores inventores da história brasileira, mas nunca fez muito sucesso no exterior — questão que gera debates até hoje, mas apenas no Brasil. Para o resto do planeta, os irmãos Orvile e Wilbur Wright, dois norte-americanos, foram os reais inventores do avião. Sim, inclusive na França.

Estamos sendo injustiçados pelo resto do planeta? Ou será um caso de verdade alternativa nacional — mais ou menos, guardadas as devidas diferenças, como na Turquia, único lugar do mundo onde o genocídio armênio não aconteceu?

Vejamos. Os que acusam a humanidade não brasileira de incurável estupidez costumam reduzir a disputa entre dois voos. Em 12 de novembro de 1906, em Paris, o 14-Bis voou 220 m em 21,5 segundos. Em 17 de dezembro de 1903, na Carolina do Norte, o Flyer I teria voado 260 m em 59 segundos.

Fotografia da aeronave Flyer I / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Mesmo se fosse uma farsa o voo do Flyer — por razão da forma da decolagem —, a verdade é que ambos os voos não são tão importantes assim: os aparelhos voaram em linha reta, a baixa altitude e curta distância. Enfim, foram apenas testes bem-sucedidos de protótipos.

E, nisso de protótipo, já em 1890 o francês Clément Ader deu um pulinho de 50 m a 20 cm do chão, com uma máquina motorizada. E o alemão Otto Lilenthal fez mais de 2 mil voos com seu planador. E esses são apenas dois dos muitos candidatos a primeiros humanos a voar: os turcos afirmam que Hezârfen Ahmed Çelebi voou por mais de 3 km através do Estreito do Bósforo no século 17.

Mas um avião não é uma máquina que voa em linha reta. É um aparelho cujo voo é (e necessariamente tem de ser) controlado: ele sobe, desce, faz curvas, permanece no ar enquanto o piloto quiser ou o combustível durar. Nem o 14-Bis, nem o Flyer I, nem nada que veio antes foram capazes disso.

Primeiro avião de verdade

O mérito real dos irmãos Wright não foi o Flyer I, mas o Flyer III. Em 5 de outubro de 1905, Wilbur voou por 39 longos minutos e 38,5 km, com diversas voltas sobre um campo em Dayton, Ohio. Isso foi antes do 14-Bis, mas aí a coisa já está muito além de uma prioridade em voos de protótipos — o que o Flyer III marca é a construção do primeiro avião de verdade, capaz de voo controlado.

Fotografia da aeronave Flyer III / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Como a demonstração não foi pública (ainda que fotografada e com testemunhas), os Wright ganharam fama de picaretas. Para desfazer dúvidas, em maio de 1908, Wilbur levou seu avião à França, onde fez mais de 200 voos de demonstração, o maior deles de quase duas horas. Os europeus se curvaram aos irmãos Wright e a FAI (Féderation Aéronautique Internationale) tomou a taça de Dumont. Em 2003, a instituição celebrou os 100 anos do Flyer I na França.

Mesmo se você acha que os irmãos Wright tiraram o Flyer III do bolso do casaco em 1908, que 1903 e 1905 são farsas, é impossível negar que o Flyer III foi o primeiro avião de verdade, enquanto o 14-Bis foi um dos últimos protótipos.

Mas há um prêmio de consolação — ou talvez até bem mais. Dumont não criou o primeiro avião real, mas criou o segundo — e esse talvez seja mais importante que o primeiro. Porque o Flyer não deu em nada: os Irmãos Wright passaram o resto da vida em disputas (eventualmente perdidas) de patentes, tentando evitar que os outros fizessem aviões sem pagar royalties para eles.

Esquema do modelo Demoiselle / Crédito: Creative Commons/ Wikimedia Commons

O Demoiselle de Dumont foi o primeiro avião a ser produzido em massa, com mais de 100 unidades criadas por entusiastas em todo o mundo. Era totalmente copyleft — o brasileiro fez questão de não patentear nada. E isso foi um imenso impulso à aviação, que se desenvolveu mais rapidamente na Europa, sem os entraves criados pelos Wright. 

Dumont, assim, não inventou o (primeiro) avião, mas talvez mereça mesmo ser chamado de Pai da Aviação.


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