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Matérias / Personagem

Thomas Sankara, o homem que ficou conhecido como 'Che Guevara' da África

Assassinado em outubro de 1987, Sankara ainda mobiliza pessoas na África

Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/10/2021, às 09h00

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Thomas Sankara sentado em seu escritório - Divulgação / YouTube / Sob Metamorfose
Thomas Sankara sentado em seu escritório - Divulgação / YouTube / Sob Metamorfose

Thomas Isidore Noël Sankara nasceu em 21 de dezembro de 1949, na cidade de Yako, em uma antiga colônia francesa que ainda se chamava República do Alto Volta. Ao assumir o poder do país décadas depois, em 1983, resolveu dar outro nome: República Democrática e Popular do Burkina Faso, que significa  "país do povo honesto".

Assassinado em 15 de outubro de 1987, ao lado de outros doze companheiros, Sankara ficou conhecido não apenas como ‘Che Guevara’ da África, mas também como um dos maiores nomes da política pan-africana do século 20, ao lado de Nelson Mandela, Amílcar Cabral e Patrice Lumumba.

Seus objetivos enquanto Presidente do Burkina Faso eram todos centrados na luta contra pressões neocolonialistas e na conquista de direitos humanos.

Thomas Sankara estampa cartaz em manifestação africana
Manifestantes africanos seguram cartaz de Thomas Sankara / Divulgação / YouTube / Sob Metamorfose

A mudança no país entre 1983 e 1987 foi para além da troca de nome, com Thomas Sankara trazendo uma postura anticolonialista dentro do cenário político do país na época.

Para ele, a república não deveria tentar entrar nos moldes europeus e americanos, mas sim criar seus próprios moldes, produzindo para ela mesma e consumindo essas produções.

Foi assim que a indústria de algodão burquina cresceu, e as roupas dos burquinenses passaram a ser nacionais.

Em um discurso feito na União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia, em julho de 1987, ele se manifestou sobre as dívidas vindas do colonialismo, em uma tentativa de mobilizar outros líderes do continente da época.

As origens da dívida remontam às origens do colonialismo. Aqueles que nos emprestaram dinheiro são os mesmos que nos colonizaram. São os mesmos que geriam as nossas economias. Os colonizadores endividaram África através dos seus irmãos e primos que eram os credores. Não temos nenhuma ligação com essa dívida. Portanto, não podemos pagar por isso".

Além do estímulo da produção e consumo local, a figura buscou fazer com que a população do país vivesse de forma mais digna, com mais direitos humanos.

Entre esses feitos, estão a proibição da mutilação genital feminina, prática polêmica, que existe até hoje em mais de 30 países, a emancipação das mulheres burquinas, o fortalecimento dos sistemas de saúde e educação e um grande esforço para atingir auto-suficiencia alimentar.

Apesar do enorme legado do líder, que fez com que um dos países mais pobres do mundo na época pudesse progredir e se tornar mais humano, algumas críticas são feitas a seu mandato e ligações que tinha a outros líderes africanos polêmicos. A BBC o descreve como um líder autocrático, que priorizava a disciplina aos direitos humanos, além disso, sua amizade com Muammar Kadhafi também não é bem vista. 

Após o assassinato de Thomas Sankara em outubro de 1987, ao lado de doze de seus apoiadores, quem assumiu a liderança do país foi seu antigo aliado e vice-Presidente, Blaise Compaoré. 

Thomas Sankara, à esquerda, ao lado de seu ex-aliado, Blaise Compaoré
Thomas Sankara, à esquerda, ao lado de seu ex-aliado, Blaise Compaoré / Divulgação / YouTube / RFI

Desde 11 de outubro de 2021, Blaise Compaoré é réu de um julgamento que investiga a sua participação e a de outras treze pessoas em uma conspiração para matar Sankara e dar um golpe no país. Ele se encontra exilado na Costa do Marfim, que se recusa a extraditá-lo para o julgamento.