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Matérias / Entretenimento

Internautas criticam 'Histórias Cruzadas'; Viola Davis se arrepende do filme

Atriz explicou o porquê de não gostar da produção, lançada em 2011, em uma entrevista do ano passado

Isabela Barreiros Publicado em 09/11/2021, às 08h00

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Viola Davis em 'Histórias Cruzadas' (2011) - Divulgação/DreamWorks
Viola Davis em 'Histórias Cruzadas' (2011) - Divulgação/DreamWorks

No último domingo, 7, a emissora Globo informou pelo seu perfil no Twitter que iria transmitir o filme "Histórias Cruzadas" (2011), dirigido por Tate Taylor que tem Viola Davis no papel principal, na "Temperatura Máxima" daquele dia, usando as hashtags "#Representatividade" e "#NegritudeEmCartaz".

A atitude, porém, acabou incomodando alguns internautas, que criticaram a escolha da produção para representar os ideais de representatividade e entendimento sobre a importância de se falar sobre a história e cultura negra. 

Um Tweet, que representou bem o movimento iniciado a partir da postagem da Rede Globo, viralizou na rede social, chegando a 30 mil curtidas. Nele, um internauta se questionava, em tom bastante irônico: “que representatividades são essas [?]”

Nas respostas à postagem, algumas pessoas ainda relembraram uma entrevista dada por Viola Davis no ano passado em que ela mesma critica “Histórias Cruzadas”, explicando os motivos pelos quais não gosta do filme.

Pensando na repercussão desse caso, o site Aventuras na História decidiu relembrar a entrevista da atriz à revista Vanity Fair em que ela fala sobre ter se arrependido de participar da produção que continua gerando polêmica ainda dez anos após seu lançamento. 

Entenda o caso

Primeira mulher negra a receber um Emmy na categoria de Melhor Atriz em drama, Viola Davis é uma das mais importantes atrizes da atualidade. Ao longo de sua carreira, deixou claro seu posicionamento: "A única coisa que diferencia as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade", disse em discurso histórico ao receber o prêmio.

Davis foi capa da edição de julho do ano passado da revista Vanity Fair, fotografada pela primeira vez, em seus 37 anos de história, por um fotógrafo negro. Se Viola já é histórica, Dario Calmese fez história a partir da história.

“Eu sabia que era uma oportunidade de dizer algo”, disse. “É a minha forma de protesto. Eu sabia que essa capa tinha que ser descaradamente preta. Descaradamente eu e minha história, descaradamente Viola e sua história”.

A fala do fotógrafo faz referência à da própria atriz. Em entrevista à Vanity Fair, ela afirmou: “Sinto como se toda a minha vida fosse um protesto. Minha produtora é meu protesto. Eu não usando peruca no Oscar de 2012 foi meu protesto. É parte da minha voz, assim como me apresentar a você e dizer: Olá, meu nome é Viola Davis”.

Divulgação do filme "Histórias Cruzadas" (2011) / Crédito: Divulgação/DreamWorks

Mas nem sempre aceitar um papel em um filme é um protesto. E foi isso que a atriz afirmou ter compreendido alguns anos após ter participado da produção de "Histórias Cruzadas", filme dirigido por Tate Taylor e lançado em 2011. Mais tarde, Davis disse que a história foi feita para atender a um “público branco”.

"Eles investiram na ideia do que significa ser negro, mas está atendendo ao público branco”, afirmou. “O público branco, no máximo, pode se sentar e obter uma lição acadêmica sobre como somos. Então, eles deixam o cinema e falam sobre o que isso significava. Eles não são movidos por quem nós éramos".

Segundo a atriz, ela aceitou o papel porque mulheres negras têm mais dificuldades em conseguir “oportunidades para trazer pessoas negras, desconhecidas, para o estrelato.” Ela acreditava que aquela seria uma maneira de trazer mais atrizes negras para o mundo do audiovisual. 

“Pessoas fabulosas como Emma Stone, Reese Witherspoon e Kristen Stewart tiveram um papel ótimo para cada fase da vida delas, e isso as levou para o lugar que estão agora. Mas não podemos dizer isso para muitos atores de cor”, explicou. 

O filme, porém, sofreu inúmeras críticas após ser lançado. Ele foi acusado de ter mostrado apenas uma narrativa de “branco salvador”: a jornalista Eugenia Phelan, interpretada por Emma Stone, conversou com inúmeras mulheres negras que trabalhavam como empregadas para a elite branca, inclusive Aibileen Clark, vivida por Davis, para escrever um livro de relatos.

Cena do filme "Histórias Cruzadas" (2011) / Crédito: Divulgação/DreamWorks

A atriz explica que isso é uma faceta muito clara do “racismo sistemático”, responsável por afastar pessoas negras do protagonismo de inúmeras produções. A história de Davis dentro da máquina de Hollywood apenas exemplificou o que ela viveria em sua rotina comum, repleta de racismo.

“Não existe ninguém que não se entretenha com Histórias Cruzadas. Mas parte de mim sente que me traí, e ao meu povo, porque estava num filme que não estava pronto para contar a verdade completa”, lamenta.

A ativista do movimento anti-racismo já falou sobre o arrependimento de ter participado de Histórias Cruzadas outras vezes. Em entrevista ao New York Times em 2018, ela respondeu que se arrependia de ter feito o filme não “em termos de experiência e pessoas envolvidas”, mas sim por um aspecto mais amplo.

“Só senti que, no fim do dia, não eram as vozes das criadas que se ouviam. Eu conheço Aibileen. Eu conheço a Minny. Eles são minha avó. Eles são minha mãe”, disse. “E eu sei que se você fizer um filme onde toda a premissa é, eu quero saber como é trabalhar para pessoas brancas e criar filhos em 1963, eu quero ouvir como você realmente se sente sobre isso. Nunca ouvi isso no decorrer do filme”.


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