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Matérias / Idade Média

A possível única mulher papa da História: o enigma da Papisa Joana

Lendas, crônicas e registros confusos da Igreja perpetuam a narrativa da mulher que, disfarçada de homem, teria sido eleita Papa em 855 d.C.

Isabela Barreiros Publicado em 01/08/2020, às 08h00 - Atualizado em 25/03/2022, às 08h00

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Ilustração da Papisa Joana de 1560 - Domínio Público
Ilustração da Papisa Joana de 1560 - Domínio Público

Muitas lendas foram criadas durante a Idade Média, com muitas figuras que apareciam em crônicas difundidas por autores medievais. Uma das mais famosas é a da Papisa Joana que, na época, era considerada completamente verídica, mas, com o tempo, passou a ser cada vez mais questionada por pesquisadores e especialistas.

Existem diversas versões para a história da mulher. Segundo as narrativas mais disseminadas, disfarçada de homem, ela conseguiu subir na hierarquia católica e ser eleita papa, reinando sob o nome João (Iohanes, em latim) VIII, conhecido também por Iohannes Anglicus, entre os anos de 855 e 857. Datas bem precisas para o que pode ser só mito.

O segredo da Papisa teria sido revelado apenas depois de uma situação drástica, que só poderia acontecer a uma pessoa capaz de gerar filhos. Um dia, enquanto liderava uma procissão na cidade, o Papa João sentiu-se mal, teve de parar tudo e simplesmente deu à luz no meio da rua. A verdade veio à tona.

Ilustração de Papisa Joana dando à luz de 1474 / Crédito: Kladcat/Wikimedia Commons

A indignação foi enorme entre os que perceberam que, de fato, João não era do sexo masculino. Era uma mulher. Assim, ela foi aprisionada e seu futuro é incerto mesmo nos relatos contados pelas lendas. Pode ser que ela tenha sido executada, mas isso não é muito claro.

De qualquer maneira, o que se assume é que seu nome foi removido de todos os documentos possíveis da Igreja. Na versão oficial, Leão IV teria reinado até o ano de 855, sucedido por Bento III, que foi até 858. O Papa João VIII teria reinado entre 872 e 882. Em entrevista exclusiva à AH, Michael E. Habicht, autor de Papisa Joana: O Pontificado Encoberto de uma Mulher ou uma Lenda?, afirma: “a cronologia e a datação exata do pontificado de muitos papas no século 9 estão longe de certas e variam em diferentes crônicas”.

Joana existiu?

Por mais que a lenda afirme que Joana foi Papa entre os anos de 855 e 857, foi apenas mais de 300 anos depois, no início do século 13, que ela é mencionada pela primeira vez. O dominicano Jean de Mailly não deu o nome oficial do papa mulher e, segundo seu relato, a história teria acontecido, na verdade, em 1099.

Os cronistas da Idade Média foram os responsáveis por trazer maiores detalhes à narrativa peculiar. Ainda assim, nos dias de hoje, acredita-se ser possível rastrear evidências — e, quem sabe, provas — de que a Papisa Joana realmente existiu.

Um dos mais avançados estudos sobre o tema foi realizado em 2018. A pesquisa analisou moedas que trazem, de um lado, o nome do imperador Luis II, já do outro, um monograma complexo que representa o nome IoHANIs – Iohannes, ou João. O monograma teria sido baseado na assinatura do papa representado.

À esquerda, monograma de Iohannes. À direita, o nome do imperador Luis II / Crédito: Divulgação/Michael Habicht

Para Habicht, as peças são uma forte evidência de que a papisa Joana realmente existiu. “É amplamente aceito em numismática que pessoas inexistentes e fictícias não têm uma série oficial de moedas cunhadas em seu nome. Assim, as moedas apontam fortemente para a existência real da papisa Joana”, explica.

Os itens fazem parte de uma série de moedas francas, feitas de prata, que traziam imagens de papas e imperadores. Segundo o pesquisador, ao contrário do que pode se pensar, elas são muito conhecidas e já estão descritas literatura numismática. No entanto, “elas são, erroneamente, atribuídas a outro papa, que chegou ao poder mais tarde, Johannes VIII (872-882 d.C.)”. Pelo que se sabe, ele tem um monograma diferente, ou seja, são duas pessoas distintas.

“É uma combinação de numismática, acontecimentos históricos, relatos de cronistas, cenários históricos levaram à conclusão de que a papisa Joana muito provavelmente existiu e, seu pontificado foi 856 a 858 d.C.”, conclui Habicht.

As pesquisas e investigações sobre o tema continuam, e talvez não seja possível afirmar com certeza a existência da primeira mulher papa, mas há uma enorme importância em conhecer as crônicas e a coragem da figura de Joana.


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