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Matérias / Portugal

Pouco lembrada no Brasil, filha de Dom Pedro I se casou três vezes, teve 11 filhos e assumiu o trono português com apenas 7 anos

Nascida no Rio de Janeiro, Maria da Glória enfrentou traições e se tornou importante figura em Portugal

Fabio Previdelli Publicado em 09/03/2020, às 11h30

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Maria II - Wikimedia Commons
Maria II - Wikimedia Commons

Filha de Dom Pedro I com a imperatriz Leopoldina, Maria II nasceu no Rio de Janeiro, onde a corte portuguesa estava instalada em terras tupiniquins, em 4 de abril de 1819. Primogênita do imperador do Brasil e de sua primeira esposa, a pequena monarca de olhos claros tinha um nome digno de realeza: Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga.

Tendo recebido o título de Princesa da Beira e do Grão-Pará, ela se tornou rainha de Portugal aos 7 anos de idade, em 1826. Quando seu avô, D. João VI, morreu naquele ano, dom Pedro era o legitimo herdeiro da coroa portuguesa, no entanto, como ele desempenhava o papel de imperador do Brasil, acabou abdicando do trono a favor de Maria da Glória, depois de ter outorgado a Carta Constitucional. O monarca cedeu o trono português com duas condições: o casamento da filha, quando atingisse a maioridade, com o tio D. Miguel e que ele jurasse a Carta Constitucional.

A carta constitucional e a família real / Crédito: Wikimedia Commons

Assim, em 1826, a princesa deixa o Rio e parte em direção a Viena, onde será educada pela Corte, o que legitimará sua participação em uma potência europeia, além de fortalecer o Partido Liberal. Neste mesmo ano, D, Miguel regressa ao reino e se autoproclama rei absoluto de Portugal, rejeitando Maria da Glória como sua noiva e rainha, e contando com o apoio de Carlota Joaquina.

Apesar do duro golpe, com a ajuda do pai, ela consegue derrubar o marido e é proclamada rainha de Portugal 7 anos depois, aos 15 anos, em 1833 — mesmo ano em que seu pai veio a falecer. Mesmo com o casamento sendo reconhecido pelo Vaticano, ele não chegou a ser consumado fisicamente e, por isso, acabou anulado.

Ao governar o país lusitano, ela enfrentou as mais distintas adversidades: desde rebeliões, até acusações de ser uma tirana. O primeiro fracasso matrimonial não a impediu de laçar outras relações, muito pelo contrário, ela ainda se casaria mais duas vezes — em todas as ocasiões ela seguiu a sina da primeira união e não escolheria seus companheiros. Segundo a própria, ela dizia a amigos que sua função era parir herdeiros.

Em 1835, ela se casa pela segunda vez, agora com Dom Augusto de Beauharnais, que era irmão da madrasta de Maria da Glória, Dona Amélia, e o neto de Napoleão Bonaparte. Entretanto, a união não dura muito, afinal, Dom Augusto morre dois meses depois do casamento, vítima de uma grave inflamação que se espalhou por garganta, esôfago e estômago.

Maria II, 1829 por Thomas Lawrence, na Royal Collection / Crédito: Wikimedia Commons

Na ocasião, foi levantada a possibilidade dele ter perecido por um envenenamento, porém, a hipótese foi descartada após uma necropsia feita pela junta médica brasileira, que foi convocada por Maria da Glória e sua madrasta. Existem registros que dão conta de que Beauharnais teria morrido em virtude de uma angina.

Maria II se casou pela terceira vez com Fernando Augusto de Saxe-Coburgo-Gotha que, após a união, se tornou príncipe consorte. O matrimônio gerou 11 filhos, sendo que dois destes foram reis de Portugal: Pedro V de Portugal e Luís I de Portugal.

Apesar do alto número de gestações, Maria II tinha a saúde frágil e todas as suas gravidezes foram de alto risco — o que ajuda a explicar que somente 7 de seus herdeiros sobreviveram. A ativa vida sexual da monarca foi uma maneira dela não dar margem, nem espaço, para o marido pensar em outra cônjuge. De acordo com historiadores, ela criou essa preocupação em sua infância, quando presenciou inúmeras brigas entre seus pais pelas inúmeras traições de Pedro I com a Marquesa de Santos. Mas, apesar dos inúmeros entreveros, ela tinha uma boa relação com o pai, afinal, era considerada a preferida do imperador.

Dona de hábitos simples, como caminhar a pé por Lisboa e manter contato com outras mães e suas crianças, Maria da Glória teve um casamento muito feliz, mesmo ele sendo fruto de um acordo. Em terras lusitanas, a monarca é conhecida como “A Educadora”, por estimular a educação e as artes no país.

Cetro do dragão, feito para a aclamação da rainha Maria II / Crédito: Wikimedia Commons

Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga morreu no seu 11º parto, em 15 de novembro de 1853, com apenas 34 anos.


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