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Matérias / Cangaço

Expedita Ferreira, a única filha de Lampião e Maria Bonita

Expedita é a única filha reconhecida do famoso casal nordestino Lampião e Maria Bonita

Isabela Barreiros Publicado em 03/02/2023, às 14h46 - Atualizado em 07/03/2023, às 19h48

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Os cangaceiros Lampião e Maria Bonita em montagem com Expedita Ferreira - Domínio Público e Arquivo Pessoal
Os cangaceiros Lampião e Maria Bonita em montagem com Expedita Ferreira - Domínio Público e Arquivo Pessoal

Quando Lampião e Maria Bonita morreram surpreendidos na Grota do Angico, em 1938, depois da batalha contra as tropas do tenente José Bezerra, Expedita Ferreira Nunes tinha apenas cinco anos. Única filha reconhecida do casal cangaceiro, hoje tem 90 anos e segue honrando a memória de seus pais.

Expedita, inclusive, desfilará no próximo Carnaval do Rio de Janeiro pela Imperatriz Leopoldinense, que trará à avenida o samba-enredo "O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida", para contar de forma descontraída a imaginária história de Lampião que, depois de sua morte, foi rejeitado tanto no céu quanto no inferno. 

A princesa do cangaço

Expedita Ferreira Nunes nasceu no ano de 1932 e, como de costume no cangaço, foi necessário decidir o destino da criança. Como não queriam que a menina crescesse na bandidagem, ela foi entregue a um aliado do Rei do Cangaço, que cuidou da jovem até ela completar oito anos. 

Depois disso, a guarda de Expedita ficou sob os cuidados de seu tio, João Ferreira. Isso tudo ocorreu no maior sigilo e o caso foi tratado como uma espécie de Segredo de Estado.

Quando os dois nomes mais relevantes do cangaço e mais outros nove membros do grupo foram assassinados e decapitados pela polícia da região, ela tinha apenas 5 anos. A violência da ação marcou a vida de quem morava na região, principalmente da família remanescente do casal.

Maria Bonita e Lampião em montagem com foto da filha Expedita Ferreira/ Crédito: Benjamin Abrahão e Divulgação/Imperatriz Leopoldinense

Em entrevista para a Folha de S. Paulo, em 2000, a filha de Lampião e Maria Bonita narrou sua vivência ocupando tal posição. “A lembrança é pouca, mas tenho de pequena até hoje".

Quando ele chegava em casa e me pegava, me abraçava. Eu tinha medo das roupas, daquele povo todo que vinha com ele [Lampião], das armas, eu tinha medo de tudo. Mas ele me pegava, me botava no colo”, relembrou.

Apesar de não ter sido criada pelos cangaceiros, a imagem dos dois sempre esteve presente em sua vida. “O Manuel Severo e a Aurora [me criaram], até os oito anos. Eu fui criada por eles sabendo que eles eram meus pais, mas que eu tinha outros pais. Eles não me enganaram, nem podiam".

"Meu tio João Ferreira terminou de me criar. Meu avô tinha uma fazenda e ele ajudava o meu tio a me fazer estudar e tudo, até eu fazer 18 anos, quando me casei”, explicou ainda ao jornal paulista.

Nos dias de hoje, Expedita é considerada a única filha do famoso casal nordestino. Existiram muitas polêmicas em relação a pessoas que alegavam que poderiam ter parentesco com os dois, mas ela segue sendo a única com provas de DNA.

Memória do Cangaço

Segundo a Agência Alagoas, do Governo do estado do Alagoas, todos os anos, em 28 de julho, os descendentes diretos e familiares dos cangaceiros organizam um encontro que reúne centenas de pessoas e relembra as raízes históricas do movimento nordestino

Expedita é figurinha carimbada na festa. Entretanto, em 2019, a herdeira dos cangaceiros não conseguiu prestar homenagens a seus pais, cuja morte completava 81 anos na época.

Maria Bonita e Lampião/Crédito: Reprodução/Video

Neta dos cangaceiros, Vera Ferreira tornou-se pesquisadora no tema que tange sua família. Ela é a principal organizadora dos encontros anuais e escreveu obras a respeito do momento histórico protagonizado por seus parentes, como 'O Espinho do Quipá - Lampião, a História' (1997) e 'De Virgulino a Lampião' (1999).

Esse evento é a confirmação de um trabalho feito com seriedade e comprometimento, que lança uma semente que vem germinando. São sementes culturais que a gente vai plantando e faz com que as pessoas procurem conhecer mais essa história que poucos sabem até hoje. Infelizmente”, explicou ao portal Agência Alagoas.