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Matérias / Personagem

Prisões e inúmeras amantes: a polêmica vida íntima do Marquês de Sade

O escritor libertino francês deu vida a diversas obras que retratavam sua perversão sexual e foi responsável pela origem da palavra sadismo

Nicoli Raveli Publicado em 15/04/2020, às 18h00 - Atualizado às 21h30

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Capa do filme Contos proibidos de Marquês de Sade, dirigido por Philip Kaufman - Divulgação/Quills
Capa do filme Contos proibidos de Marquês de Sade, dirigido por Philip Kaufman - Divulgação/Quills

Donatien Alphonse François de Sade, mais conhecido como o Marquês de Sade, foi um nobre escritor libertino francês. Ele deu vida a diversas obras enquanto estava preso na Bastilha, localizada no meio da Floresta Negra.

Por meio dos relatos, a figura do marquês foi ligada a perversão sexual devido ao prazer na dor física de terceiros. Não obstante, nobres e jovens prostitutas viviam juntos e praticavam atos que eram considerados abomináveis. Entretanto, a maioria desses acontecimentos eram delírios de Sade, e não necessariamente faziam parte da realidade.

A vida ao redor de mitos

Por meio das obras, sua vida ficou marcada pelos pensamentos pornográficos e libertinos. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que os textos geraram confusão sobre sua rotina, ele foi intitulado como gênio por ser um dos precursores de correntes filosóficas e obras futuristas.

Cena do filme Contos proibidos de Marquês de Sade / Crédito: Divulgação

Além disso, o homem foi responsável pela origem da palavra sadismo. Não obstante, ao ser preso, teve experiências sexuais que, na época, eram consideradas comuns entre os nobres.

“Libertinagem é uma palavra típica do século 18 e ‘libertino’ é um tipo social da época. O libertino era um aristocrata que desafiava os valores dos homens e de Deus”, disse Eliane Robert Moraes, professora de Estética e Literatura e autora do livro Lições de Sade: Ensaios sobre a Imaginação Libertina.

Confusões

Primeiramente, Sade era um nobre que seguiu a carreira militar. Ao voltar de um dos conflitos, o homem foi obrigado a casar-se com Renée-Pélagie de Montreuil, que era filha de uma família nobre e tinha muita influência na corte.

Entretanto, o casamento foi rodeado por escândalos, já que a esposa de Sade contava com dois problemas: sua mãe, que era muito poderosa; e sua irmã, que era mais jovem e bela. Elas tornaram-se as perdições na vida do marquês.

Ilustração do Marquês de Sade com uma de suas amantes / Crédito: Divulgação 

Não obstante, a relação foi marcada por diversas traições. A primeira ocorreu em 1763, quando ele manteve relações sexuais com a prostituta Jeanne Testard. Mais tarde, ela o acusou por obrigá-la a abandonar Deus e a realizar pecados graves contra a religião ou contra as coisas sagradas.

Devido ao relato, o homem foi capturado, mas permaneceu pouco tempo na prisão devido à sogra. Em outro momento, Sade se relacionou novamente com uma prostituta e a envenenou. Devido ao ocorrido, ele foi condenado à forca, mas sua sogra o salvou novamente. 

As traições nunca foram segredo para Renée, que sempre permaneceu ao seu lado durante 27 anos e deu à luz três filhos. Donatien-Claude-Armande, um dos frutos do casal, também estava envolvido em um escândalo. Após a morte de seu pai, ele foi o responsável por queimar diversos manuscritos e correspondências de Sade.

Com o passar do tempo, sua sogra, que era protetora, voltou-se contra o marquês e passou a persegui-lo após descobrir que ele mantinha um caso com sua outra filha, Anne-Prospère. Então, o casal fugiu para a Itália, mas logo foi localizado pela destemida mulher.

Ela pediu ao rei da Sardenha, Carlos Emanuel III, uma expedição de prisão contra Sade, mesmo sem explicar a razão do pedido. Entretanto, o marquês conseguiu fugir em 1773.

Nos anos seguintes, a vida de Donatien continuou rodeada por confusões. Ele, junto com sua mulher, Renee, havia se envolvido em uma orgia com diversos empregados do castelo. O caso, que havia acontecido anos antes, veio à tona e teve fim com um processo por parte do pai de uma das criadas do local.

Já em 1777, a sorte o deixou na mão. Sua sogra finalmente conseguiu fazer com que o rei emitisse uma carta de prisão e Sade foi condenado a prisão por 13 anos.

As obras do marquês

Foi durante sua prisão na Bastilha que suas maiores obras ganharam vida. Em menos de 37 dias, Os 120 Dias de Sodoma ou a Escola da Libertinagem, foram concluídos.

Ilustração do seu livro Juliette, 1800 / Crédito: Divulgação

Em 1789, Sade foi transferido para o Sanatório de Charenton. Entretanto, após 12 dias ocorreu a tomada da Bastilha. Seus manuscritos, que ficaram no local, foram achados por um guarda e publicados apenas em 1935. Ao ter contato com as obras, os historiadores afirmaram que a maioria abordava temas como atos sexuais, pedofilia e descrição de práticas coprofílicas.

A vida após a primeira prisão

Um ano depois, o marquês recebeu anistia e pôde deixar o manicômio. Entretanto, ao voltar para casa, Renèe declarou o fim do relacionamento. Não demorou muito para que ele arranjasse outra parceira. Marie-Constance Renelle o acompanhou até seus últimos dias.

Ilustração do Marquês de Sade / Crédito: Divulgação 

Mais tarde, o homem decidiu se envolver na política e tornou-se comissário de administração hospitalar de um distrito de Paris. Todavia, ele foi preso novamente três anos depois. Dessa vez, as acusações ocorreram devido a Sade não punir e nem condenar os réus, já que ele era contra a pena de morte e sempre procurava uma punição mais leve.

Após ser libertado, o homem publicou o livro intitulado A Filosofia na Alcova, o qual conta a história da jovem Eugénie que pratica aulas de libertinagem em uma orgia. Além disso, ele utilizou esse espaço para ironizar uma denúncia contra os revolucionários. Dessa maneira, Sade foi acusado de moderatismo, mas a sorte estava novamente ao seu lado e ele escapou da guilhotina em 1794.

Entretanto, em 1801, o marquês foi levado novamente ao manicômio. Sob a batuta de Napoleão, o homem passou o resto de sua vida atrás das grades. Ele morreu aos 74 anos em sua cela e, posteriormente, seu corpo foi transferido para o cemitério de Charenton, mas sua lápide não contava com nenhuma descrição.

Herança

Sade foi um escritor pouco apreciado em sua época. Entre suas criações, o termo sadismo passou a fazer parte do Dicionário Universal somente em 1834, e foi descrito como uma aberração horrível do deboche, sistema monstruoso e anti-social que revolta a natureza.

Obra retrata o Marquês de Sabe beijando uma mulher / Crédito: Divulgação 

Levou tempo para que esse nome ficasse famoso. Em 1886, o psiquiatra alemão Richard Freiherr von Krafft-Ebing o utilizou em um catálogo sobre psicopatias sexuais, e desde então a palavra ficou conhecida.

Não obstante, seus livros também passaram a chamar atenção. Em 1950, as obras chegaram até mesmo a serem julgadas pelos tribunais franceses. Todavia, após ficarem conhecidas, diversos artistas se inspiraram nas imagens sadianas, como Salvador Dalí e André Masson.

“Ele coloca uma questão fundamental: como lidar com nossas paixões mais cruéis para encontrar um ponto de superação e de civilização”, relatou Rodolfo García Vázquez, um dos fundadores da Companhia de Teatro Os Satyros. Até hoje, o pensamento de Sade é afrontoso e divide opiniões, já que muitas de suas obras giram em torno de mitos sobre sua própria vida.


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