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Matérias / Vida

O procedimento inédito usado em estudo para entender a origem da vida na Terra

Pesquisa idealizada por profissionais da Universidade Estadual de Campinas (FCA-Unicamp) teve resultados compartilhados recentemente

Redação Publicado em 13/06/2022, às 16h37

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Imagem ilustrativa - Pixabay
Imagem ilustrativa - Pixabay

Qual é a origem da vida na Terra? Essa é uma das maiores questões que permeiam nossa existência. Embora uma resposta para essa pergunta ainda pareça ser algo distante, sabemos que corpos celestes — como cometas e asteroides, por exemplo — podem carregar o aminoácido glicina, um componente essencial para a formação de proteínas e organismos vivos. 

Com isso, estuda-se como o impacto de meteoritos em nosso planeta podem ter trazido essas moléculas que são fundamentais para as reações químicas que deram início à vida. Mas como foi o impacto desses corpos na Terra? Como isso alterou a estrutura química da glicina? Isso gerou, ou não, as proteínas realmente necessárias? 

Para esclarecer alguns pontos, pesquisadores da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA-Unicamp) idealizaram um experimento, em parceria com colegas da Kyushu University (Japão), para analisar essa colisão em pequena escala. 

Para isso, foi utilizada uma técnica inovadora que, até então, jamais havia sido usada em estudos de simulação de impacto: assim, os professores Augusto Luchessi (coordenador do Laboratório de Biotecnologia) e Ricardo Floriano (do Laboratório de Materiais) testaram como uma pequena quantidade do aminoácido reagiria ao ser exposto a um método de altíssima pressão e torção (HPT, na sigla em inglês).

Os resultados

Até então, segundo aponta matéria da Galileu, o pesquisador e colaborador do estudo Douglas Galante, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), explica que estudos anteriores usavam a pressão estática em equilíbrio, somente com compressão, separada da rotação. 

Com esse método, estamos abrindo uma área de experimentos sobre efeitos de impactos de meteoros e cometas”, aponta. 

O método é considerado mais eficiente e realista para simular o impacto que esses meteoritos têm em planetas. Os testes, ainda, apresentaram um resultado único, apontam Luchessi e Floriano na pesquisa, que foi publicada na revista Scientific Reports.

De acordo com a dupla, a explosão do aminoácido não foi capaz de gerar nenhuma proteína, mas seu impacto foi tamanho que parte do equipamento foi danificado. Além disso, a glicina foi parcialmente decomposta em etanol e outros subprodutos que ainda serão analisados. 

Até então, a presença de etanol já era notado em cometas, mas não sabia-se que sua origem pode ter vindo da decomposição do aminoácido. “O resultado foi uma novidade, porque normalmente estamos preocupados com a reação inversa, de formação de glicina, não com sua degradação e geração de subprodutos. Os dados podem explicar a presença de etanol em alguns ambientes no meio astrofísico”, diz Galante.

Com isso, os pesquisadores, agora, terão a oportunidade de ir além dos resultados obtidos e testarem os efeitos do impacto caso haja a presença de outros ‘ingredientes’ nessa equação, como é o caso de metais ou minerais comumente encontrados na composição de meteoritos que colidiram com a Terra.

“Muitas perguntas podem ser feitas agora, a partir deste experimento — são novas fronteiras de estudo. Estamos lidando com astrobiologia e as explicações para a origem da vida na Terra, do ponto de vista científico e acadêmico, ainda estão em aberto. Considero que contribuímos com duas peças do quebra-cabeça”, completa Luchessi.