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Matérias / Bizarro

Procedimento polêmico e invasivo: os bizarros 'testes de virgindade'

Criados para identificar a existência do hímen em uma vagina, tais exames têm gerado discussões, já que não contam com qualquer comprovação científica, mas são utilizados em 20 países

Pamela Malva Publicado em 11/04/2021, às 11h00 - Atualizado às 14h20

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Imagem meramente ilustrativa de adolescente - Divulgação/Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de adolescente - Divulgação/Pixabay

Em novembro de 2019, o rapper T.I. gerou polêmicas ao afirmar que exigia um “teste de virgindade” anual de sua filha, que tinha 18 anos. Em entrevista ao podcast ‘Ladies Like Us’, ele contou que acompanha a garota até o ginecologista todos os anos, segundo o G1.

"Normalmente, no dia seguinte à festa de aniversário dela, enquanto ela verifica seus presentes, eu coloco um bilhete na porta do quarto dela: 'Ginecologista. Amanhã. 9:30'", revelou T.I.. Segundo o rapper, o costume começou quando a jovem completou 16 anos. Entretanto, após o barulho causado nas redes sociais, ele explicou que se tratava de uma 'brincadeira'.

Acontece que, apesar das polêmicas, os supostos exames de virgindade são bastante comuns em diversas culturas. No Paquistão, por exemplo, a prática foi só proibida em janeiro de 2021, mas, no Reino Unido, diversos kits de testes foram vendidos em 2020.

Fotografia do rapper T.I. em entrevista / Crédito: Wikimedia Commons

Uma questão controversa

No caso de T.I., cujo verdadeiro nome é Clifford Harris, e sua filha, Deyjah Harris, o costume do rapper foi considerado bastante abusivo pelos internautas. Na época, a escritora Ijeoma Oluo afirmou, em seu Twitter, que "é extremamente abusivo monitorar o hímen de sua filha, e qualquer médico envolvido em tal ato deve perder sua licença".

Isso porque, segundo o próprio cantor, ele pedia que a filha assinasse um documento permitindo que o médico compartilhasse os resultados do exame com o pai. Em resposta, as apresentadoras do podcast brincaram que Deyjah parecia uma 'prisioneira'.

O problema é que o exame ao qual a jovem era submetida anualmente apenas verificava a presença de seu hímen. O que não comprova a virgindade, já que a membrana pode ser facilmente rompida, mesmo sem atividade sexual, segundo o G1.

Imagem meramente ilustrativa de adolescente / Crédito: Divulgação/Pixabay

Exames questionáveis

Um ano depois do escândalo de T.I. e Deyjah, a BBC noticiou que supostos kits de 'reparo de hímen' estavam sendo vendidos no Reino Unido. Publicada em novembro de 2020, a reportagem ainda revelava que diversas britânicas estavam realizando os polêmicos testes de virgindade em clínicas particulares da Inglaterra.

Os dados foram divulgados por uma parceria entre o programa de rádio Newsbeat e o projeto 100 Women, ambos da BBC. Após intensas investigações, ficou claro que, além dos testes, as clínicas ainda ofereciam uma suposta "reconstituição da virgindade".

Só que, assim como os testes realizados em Deyjah, os exames britânicos não tinham sua eficácia comprovada cientificamente. Além disso, ainda de acordo com a BBC, tais procedimentos, além de invasivos, ainda são considerados uma violação dos direitos humanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os órgãos, inclusive, lutam pela sua proibição.

Imagem meramente ilustrativa de consultório ginecológico / Crédito: Divulgação/Pixabay

Procedimentos

Na época, a BBC conseguiu encontrar 21 clínicas particulares que oferecem o suposto teste de virgindade — sendo que 16 confirmaram que realizam o procedimento. Nesse sentido, o exame pode ser adquirido por uma quantia entre 150 e 300 libras.

Segundo a OMS, contudo, esses testes não têm qualquer embasamento teórico, já que o hímen pode ser rompido até por exercícios físicos ou absorventes internos. Ainda assim, os exames são realizados em cerca de 20 países, de acordo com a organização.

Já as cirurgias de recuperação do hímen custam entre 1,5 mil e 3 mil libras, sendo que cerca de 69 desses reparos foram realizados em todo o Reino Unido entre 2015 e 2020, segundo dados do serviço britânico de saúde pública (NHS).

Fotografia do suposto ki de restauração do hímen / Crédito: Divulgação/Rachel Stonehouse

Saúde pública

Outras formas de reparar o hímen, contudo, podem ser encontradas na internet. Importado da Alemanha, por exemplo, um kit vendido por 50 libras promete restaurar a virgindade com um gel que tensiona a vagina, uma pinça de plástico, uma cápsula de sangue e sachês misteriosos, que parecem conter sangue falso, segundo a BBC.

O problema é que, além de não oferecer quaisquer instruções de como usar seus componentes, o kit ainda não apresenta comprovações de eficácia, tornando-se muito perigoso — e tão invasivo quanto os testes de virgindade.

Foi pensando na insalubridade do exame, inclusive, que diversas ativistas do Paquistão exigiram sua proibição no país. Em janeiro de 2021, segundo publicado pela AH, os protestos finalmente surtiram efeito e o teste de virgindade foi proibido em Punjab.

Por enquanto, contudo, os exames de virgindade ainda são permitidos em diversos países e, em muitos casos — como em Punjab, antes da proibição —, são até usados para dar entrada em processos e denúncias de estupro, como forma de comprovar que o abuso realmente aconteceu. Prática que continua bastante controversa.


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