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Matérias / Primeira Guerra

Prazer nos momentos finais: A prostituição na Primeira Guerra

Aproveitando os dias que restavam antes de encarar a linha de frente, muitos soldados relataram o envolvimento com as profissionais

Isabela Barreiros Publicado em 07/08/2020, às 08h00

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Uma prostituta (à dir.) um cartaz de guerra (à esqu.) - Divulgação
Uma prostituta (à dir.) um cartaz de guerra (à esqu.) - Divulgação

“Mantenha-se constantemente alerta contra quaisquer excessos. Nesta nova experiência, você pode encontrar tentações no vinho e nas mulheres. Você deve resistir inteiramente a ambos”, escreveu em um comunicado aos jovens soldados britânicos Lord Kitchener, secretário da Guerra da Grã-Bretanha. Por mais que tenha avisado, muitos dos combatentes pareceram não levar o conselho em conta.

Na França, entre os anos de 1914 e 1918, os homens eram liberados para visitar esses tipos de estabelecimentos — e pelo que se tem documentado, eles aproveitaram demasiadamente dessa liberdade em terras que não fossem as suas.

Um relatório analisa que 171 mil homens se divertiam em bordéis localizados apenas em uma rua ao longo de um único ano. Clare Makepeace autora da obra Punters and Their Prostitutes: British Soldiers, Masculinity and Maisons Tolérées in the First World War (Apostadores e suas prostitutas: Soldados britânicos, masculinidade e maisons tolérées na Primeira Guerra Mundial, em tradução livre), coletou alguns relatos de soldados britânicos durante a Primeira Guerra.

Soldados na trincheira /Crédito: Domínio Público

“Havia cerca de uma dúzia de garotas lá com quase nada [de roupa] e sapatos de salto alto. E eles vestiam pouco, o que chamavam de ‘chemises’ então. Aparentemente, a ideia era que, se você gostava de alguma garota, você comprava uma bebida para ela e a levava para o andar de cima”, relatou o oficial não comissionado Wood.

Um soldado chamado Richards também descreveu em uma carta que “havia por volta de 300 homens em uma fila, todos esperando sua vez de ir na Lâmpada Vermelha, a maioria sendo meros rapazes”. O nome Lâmpada Vermelha designa os bordéis legalizados naquele período.

Mais tarde, esses mesmos combatentes estariam na linha de frente de uma das mais importantes ofensivas travadas pelo Reino Unido durante a Primeira Guerra, a Batalha de Loos, um ataque sobre a Frente Ocidental que aconteceu em 1915.

“Homens que poderiam estar mortos dentro de uma semana, podendo se divertir um pouco”, classificou o tenente Wheatley. “Pelo que ouvi aqui, decidi rapidamente que a vida deve ser aproveitada ao máximo”, escreveu o tenente Butlin.

Essa tentativa de “viver a vida” antes de um provável fim durante a guerra fez com que alguns dos soldados quisessem “experimentar” o sexo pela primeira vez antes de morrer. "Eles tinham uma boa chance de serem mortos dentro de algumas semanas... Eles não queriam morrer virgens", analisou o policial Graves.

Mas a realidade desses homens e mulheres também envolvia duras consequências. Durante o período da Primeira Guerra, por volta de 15 mil soldados foram internados na França por conta de infecções sexualmente transmissíveis (IST) causadas, principalmente, pelas experiências dos britânicos nos bordéis.

Um grupo de prostitutas na cidade francesa de Marselha, em 1919 / Crédito: Wikimedia Commons

Na verdade, o que acontecia dentro dos prostíbulos não tinha nenhum tipo de proteção. Os britânicos tinham seus órgãos sexuais analisados por uma mulher denominada “velha examinadora de pênis”, como nomeou o soldado Roworth, antes de entrar no estabelecimento. E era apenas isso.

Foi apenas com o final da guerra, em novembro de 1918, que os combatentes começaram a receber produtos que tentavam conter a transmissão dessas doenças, como garrafas de loção de permanganato de potássio e tubos de creme de calomel.

Ainda assim, alguns dos homens iam aos locais com o intuito de adquirir essas infecções. “Eles deliberadamente arriscavam contrair uma das doenças (sífilis ou gonorreia), esperando que essa 'ferida autoinfligida' ganhasse uma trégua nas trincheiras”, escreveu um oficial de assistência social da YMCA (Young Men's Christian Association) em seu diário.

Um último motivo levantado pelos relatos dos soldados coletados pela autora Clare Makepeace é a saudade de os combatentes casados de suas esposas. Eles iriam para os bordéis com o intuito de sanar uma vontade carnal. Foi assim que passou a ser mais aceitável que homens casados fossem ver prostitutas do que os solteiros.

Segundo o sargento Chaney, ele foi informado na porta de um bordel que “esses locais não eram para rapazes como eu, mas para homens casados ​​que estavam com saudades de suas esposas". "Não éramos monges, mas lutamos contra soldados certamente com uma abundância de energia física... e se o amor comprado não substitui a coisa real, pelo menos parecia melhor do que nada”, escreveu o tenente Dixon.


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