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Matérias / Personagem

Punição por sodomia: Leendert Hasenbosch, o homem que foi abandonado em uma ilha

O holandês, profissional da Companhia das Índias Orientais, foi largado à própria sorte

André Nogueira Publicado em 24/06/2020, às 12h05

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Leendert Hasenbosch - Wikimedia Commons
Leendert Hasenbosch - Wikimedia Commons

Até meados do século 20, o ocidente considerou a prática sexual entre dois homens como uma "aberração intolerável", o que passou pela justificativa religiosa, moral e até médica. Fenômeno que acompanhou a história do Cristianismo afetou diversas personalidades, que eram punidas por sodomia.

É o caso de Leendert Hasenbosch, um funcionário náutico da Companhia Holandesa das Índias Orientais, empresa de comércio e colonização neerlandesa que atingiu o auge no século 18. Hasenbosch foi punido pela prática por um júri e obrigado a se exilar numa ilha isolada, onde relatou toda a experiência num diário.

O homem nasceu na Holanda, provavelmente em Haia, nos últimos anos do século 17, e perdeu a mãe ainda jovem. Seu pai mudou-se, então, para as Índias Orientais, precisamente para a cidade de Batavia, atualmente Jacarta, Indonésia. Leendert passou a viver sozinho na Europa.

Em 1714, o jovem ingressou nas tropas da Companhia, atuando como soldado no navio Korssloot, ao embarcar na cidade de Enkhuizen. Então, integrou a missão que partiu da Holanda para a Indonésia, servindo na colônia por um ano, até ser desviado para uma possessão holandesa na Índia.

Flotilha típica em que o marinheiro trabalhou / Crédito: Wikimedia Commons

Retornando à Batavia em 1720, ele ascendeu na hierarquia, mas nunca passou da baixa patente. Porém, com a nova posição, se tornou um escriba do exército, sendo responsável pela contabilidade do pelotão e administração financeira. Como consequência, participou como contador de algumas viagens, incluindo uma que mudaria sua vida.

Em 1724, ele assumiu o papel de contador numa embarcação da Companhia que retornaria às Índias Orientais. Porém, em uma parada obrigatória na Cidade do Cabo, sul da África, ele teria se relacionado com outro homem e, por isso, foi levado a tribunal.

No ano seguinte, Hasenbosch foi declarado culpado do crime de sodomia e sentenciado ao exílio, sendo abandonado na Ilha da Ascensão, no Atlântico Sul. Mantendo seu diário atualizado, ele passou seus últimos tempos isolado.

Com o pequeno objeto, havia a mais apenas algumas sementes, água para um mês, uma tenda, um livro de orações, material para escrita e roupas. Porém, a ilha árida no meio do mar dificultou sua busca por fontes novas de água.

Por muito tempo, ele sobreviveu apenas com sangue de tartarugas e aves marinhas. Consumiu a própria urina e outros fluidos de animais caçados. Especula-se que ele tenha morrido após seis meses desse sofrimento, por conta da falta d’água. Essa punição era comum para marinheiros acusados de sodomia.

O relato de sua morte foi feito por marinheiros britânicos que aportaram na ilha em 1726, depois que encontraram sua barraca e o diário em holandês, no entanto uma surpresa: o esqueleto do náufrago não fora revelado. Seu diário, então, foi levado à Inglaterra.

Ilha da Ascensão / Crédito: Wikimedia Commons

Atualmente, o diário da vítima está desaparecido, todavia, algumas traduções para o inglês foram realizadas e relatam a dificuldade que a vítima teve em encontrar recursos. 

Várias versões desse diário foram distorcidas no sentido de piorar a reputação de Hasenbosch, e, inclusive, adicionar páginas reprovando a prática da sodomia por parte de religiosos e conservadores.

Existe inclusive, na versão intitulada A Vingança Justa do Céu Exemplificada, que conta com a adição de visões de demônios por parte de Leendert — completamente inventadas pela editora, assim como a descrição de que o diário fora encontrado ao lado de seu esqueleto.


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