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Matérias / Brasil

Conheça 4 culturas que viveram na Amazônia Antiga

A Arqueologia nos mostra que a Floresta Amazônica era mais populosa do que se imagina

Joseane Pereira Publicado em 09/09/2019, às 08h00

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Peça da cultura Marajoara - Reprodução
Peça da cultura Marajoara - Reprodução

Quando pensamos na Floresta Amazônica, a imagem mais comum é a de um "inferno verde", com animais perigosos e desafios para a sobrevivência humana. Mas o que pesquisas recentes indicam é que a floresta era densamente populosa, com povos indígenas produzindo inúmeros objetos e praticando intensa agricultura, caça e pesca.

Uma das principais fontes sobre o assunto é o diário do Frei Gaspar de Carvajal, dominicano espanhol que participou, em 1542, da expedição de Francisco de Orellana, que desceu o rio Amazonas de sua nascente, no Peru, até sua foz, próxima à ilha de Marajó, no Pará.

Além de famosa por estabelecer a primeira relação entre o grande rio do Novo Mundo e a palavra "Amazona", a partir da visão de guerreiras indígenas que o fizeram recordar o mito grego das Amazonas, essa narrativa é importante por descrever a densidade da população que ocupava as margens dos rios. Tal relato vem sendo confirmado por pesquisas arqueológicas na área, que continuamente escavam objetos de pedra e cerâmicas ricamente trabalhadas, reconstruindo assim a história desses povos.

Confira abaixo quatro das culturas antigas da Amazônia.

1. Marajoara

Urnas Marajoara / Crédito: Reprodução

Os objetos da cultura marajoara, encontrados na Ilha de Marajó, estão datados entre os anos 400 e 1300 d.C.. São urnas funerárias, tangas, cachimbos e muiraquitãs, que indicam a existência de pessoas especializadas na produção da cerâmica, além de apontar as classes "superiores" da sociedade, para a qual eram destinadas as urnas funerárias mais trabalhadas - afinal, nem todos os que pertenciam à sociedade poderiam ser enterrados de maneira tão imponente.

Não se sabe ao certo o motivo do desaparecimento dos povos marajoara, esse povo sumiu antes da chegada dos colonizadores. Tais informações são impossíveis de se encontrar em documentos históricos. Um aspecto que chama a atenção dos arqueólogos são os desenhos presentes nos objetos, que lembram animais como a coruja, escorpião e cobra, misturados a caracteres humanos - as chamadas figuras antropozoomorfas.

2. Santarém

 Vaso Santarém / Crédito: Reprodução

A cultura Santarém floresceu na região do rio Tapajós, no Pará. Segundo arqueólogos, os objetos Santarém são achados em lugares distantes entre si, mostrando as trocas comerciais feitas pelos povos amazônicos. Essa cultura perdurou até o século 17, estando presente em relatos como o de Carvajal, que descreve aldeias com densidade de até 10 mil habitantes.

É possível que houvesse um poder central exercido pelos chefes Santarém sobre grupos vizinhos, e a causa provável do desaparecimento dessa cultura foi o alto índice de guerras e doenças causado pelo contato com os europeus.

Os objetos tapajônicos chamam atenção por representarem diferentes perspectivas: o gargalo de um vaso que de lado representa um felino, quando olhado de frente pode formar a imagem de um jacaré. Esses povos misturavam as cinzas de seus mortos a bebidas fermentadas feitas de milho ou arroz-bravo, e alguns dos vasos eram usados para, literalmente, beber os entes queridos.

3. Guarita

Urnas Guarita / Crédito: Reprodução

Os Guarita, cujos objetos datam de 700 d.C. até a época do contato, ocupavam a Amazônia Central entre os rios Negro e Solimões. Não se sabe se eles eram um povo só ou se as várias aldeias Guarita estavam articuladas politicamente à uma aldeia central, que funcionaria como uma espécie de "capital".

Segundo o arqueólogo Eduardo Góes Neves, os Guarita chegaram à várzea do baixo rio Negro por volta do ano 1000 d.C., e calcula-se que as aldeias possam ter abrigado entre 3.000 e 5.000 pessoas, algo difícil de se imaginar na Amazônia atual. Açutuba, um dos sítios arqueológicos da cultura Guarita, tem 3 km de extensão e lá foram encontrados vestígios de uma grande praça pública. Sua cronologia mostra uma ocupação Guarita que vai até o século 16.


4. Maracá

Objetos Maracá / Crédito: Reprodução

As urnas funerárias Maracá são encontradas na superfície de abrigos rochosos e
cavernas no sul do Amapá. Contas de vidro encontradas em seu interior indicam que os Maracá tiveram contato com os europeus, e os arqueólogos também encontram ossos humanos decorados de forma padronizada. Não se sabe ao certo o período no qual viveram essas populações, mas seus objetos datam entre 1445 a 1645 d.C..

Uma de suas características interessantes é a representação das urnas funerárias como figuras sentadas em banquinhos. Isso demonstra, segundo os arqueólogos, a importância que o objeto tinha na sociedade: provavelmente quem o utilizava exercia um poder social sobre os outros, como o papel de conselheiro e contador de histórias exercido pelos mais velhos.

Outro aspecto comum na cerâmica desses povos é a representação de seres antropozoomorfos (seres humanos com cabeça de cobra, olhos de escorpião ou garras de coruja). Também há a recorrência de objetos de uso ritual, como recipientes para ingestão de bebidas sagradas, chocalhos e urnas funerárias.