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Matérias / Arqueologia

Que fim levaram os mamutes?

Um estudo sequenciou o DNA ambiental ártico e revelou dados curiosos sobre os grandes animais

Artur Louback Lopes e Izabel Duva Rapoport Publicado em 29/01/2022, às 08h00 - Atualizado em 18/11/2022, às 14h00

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Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Pixabay/ Michi-Nordlicht
Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Pixabay/ Michi-Nordlicht

O menor deles era do tamanho de um touro adulto, e o maior chegava a 5 metros de altura e 15 toneladas (quase quatro vezes mais que um elefante). Comiam 70 quilos de vegetais por dia e alguns viviam até os 80 anos.

Surgidos no norte da África há 4 milhões de anos, os mamutes espalharam-se pela Europa e Ásia e, de lá, para a América, onde se tornou o principal animal de grande porte durante a Idade do Gelo (de 1,8 milhão a 10 mil anos atrás). No fim desse período, porém, foram extintos misteriosamente.

E esse enigma tem gerado bastante polêmica nos últimos anos. A teoria que se consagrou por mais tempo — a de que o homem foi o responsável pelo sumiço desses animais — surgiu nos anos 1960 com o professor Paul Martin, da Universidade do Arizona, e tem a seu favor a coincidência de datas entre a chegada do homem na América e o desaparacimento dos mamutes.

Além disso, Martin localizou restos de lanças em fósseis de mamutes no sul dos Estados Unidos, demonstrando que esses mamíferos foram vítimas da predação excessiva. Um certo consenso girou em torno disso no início do século 21, quando Donald Grayson, da Universidade de Washington, e David Meltzer, da Universidade Metodista do Sul, revisitaram os sítios investigados pelo professor Martin.

De 76 locais, os dois arqueólogos encontraram sinais de matança de mamutes em 14. Os dois consideraram o número baixo demais para se incriminar o homem. Para eles, o culpado foi o clima. Um período de temperaturas mais altas, no fim da Idade do Gelo, teria adensado a vegetação das estepes e pradarias.

Acostumados à relva rasteira, os grandes herbívoros — mamutes, mastodontes e preguiças gigantes — não se adaptaram a florestas densas e árvores altas. Na sequência, Gary Haynes, arqueólogo da Universidade de Nevada, misturou as duas teorias.

Para ele, os homens deram o golpe de misericórdia em um momento de clima pouco favorável aos mamutes. “É certo que alterações climáticas do fim da Era do Gelo limitaram a oferta de alimentos, mas, se o ser humano não houvesse chegado à América do Norte, a maioria dos grandes mamíferos teria superado essas mudanças e sobrevivido até a colonização europeia, no século 15”, disse Haynes.

Imagem meramente ilustrativa / Crédito: Divulgação/ Pixabay/ hummelmose 

Mistério sem fim

Já um novo estudo, que detalhou o ecossistema do Ártico nos últimos 50 mil anos, indica que a verdadeira causa da extinção dos mamutes decorreu da mudança climática — e não de humanos caçadores. Publicado na revista Nature, a pesquisa relata que o ambiente em que viviam os mamutes, conhecido como Mammoth Steppe, era frio, seco e em uma região complexa, com comunidades distintas de vegetação composta por gramíneas (uma planta parecida com a grama), plantas com flores e arbustos.

Os geneticistas da Universidade de Cambridge e da Universidade de Copenhague, envolvidos no trabalho, sequenciaram o DNA ambiental antigo pela primeira vez e concluíram que, quando o gelo recuou após a última era glacial, uma rápida transformação do clima o tornou muito úmido para sustentar o nível de vegetação que os mamutes precisavam para sobreviver.

“Nós mostramos que as mudanças climáticas, especificamente a precipitação, impulsionaram diretamente a mudança na vegetação — os humanos não tiveram nenhum impacto sobre eles com base em nossos modelos”, afirmou um dos autores do estudo, Yucheng Wang, associado do Departamento de Zoologia de Cambridge.

Tori Herridge, do Museu de História Natural de Londres, no entanto, acredita que mais pesquisas precisam ser feitas sobre a presença de caçadores na região, se qualquer interferência humana no desaparecimento dos mamutes for descartada.

Veja 5 curiosidades sobre os antigos mamutes!

1. Dente do siso

As presas chegavam a 5 metros de comprimento e serviam para cavar a neve em busca de alimento. Algumas foram objeto de adoração de tribos da Sibéria até o século 19.


2. Viagem em família

Os mamutes andavam em grupos de até 40 animais, sob a liderança das fêmeas adultas. Os machos desligavam-se do grupo para procurar outras parceiras.


3. Casaco de pelo

O corpo estava adaptado ao frio Ω era atarracado e lanoso. Orelhas pequenas minimizavam a perda de calor. Ainda assim, nas épocas mais frias, eles migravam em busca de uma temperatura mais alta.


4. Caçada humana

Os homens atraíam o animal para fora da manada e o atacavam com lanças de madeira e lâminas de pedra. Além de alimentar e aquecer sua família, caçar um mamute aumentava o status dos homens no grupo.


5. Fruto da terra

“Mamute” significa “filho da terra” na língua tártara. O nome foi dado pelos nativos do norte da Ásia, que, de tanto achar corpos do animal enterrados no solo gelado, concluíram tratar-se de um fruto da terra.