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Matérias / Brasil

Queixas contra Dom Pedro I e caos: as outras cartas angustiantes da Imperatriz Leopoldina

A imperatriz encontrou brechas e escreveu à irmã e ao pai, sobre seu casamento conturbado e as agitações pré-independência

Vanessa Centamori Publicado em 05/07/2020, às 08h00

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A imperatriz Leopoldina - Wikimedia Commons
A imperatriz Leopoldina - Wikimedia Commons

Caro leitor, nos últimos dois meses — maio e junho — divulgamos algumas cartas impressionantes da imperatriz Leopoldina. Pensando nisso, procuramos outros documentos não tão conhecidos que serão apresentados nessa nota.

Como sabemos, o casamento da princesa da Áustria com D.Pedro I foi muito conturbado. Após um acordo anterior por procuração, os dois só se conheceram pessoalmente quando a dama austríaca chegou ao Rio de Janeiro. Foi pouco tempo então para que Leopoldina notasse que o marido era um grande traidor. 

Dom Pedro I se encontrava frequentemente com a amante favorita, Domitila de Castro, moça que, mais tarde, se tornaria a Marquesa de Santos. O soberano teve com ela uma filha bastarda, que foi pacientemente aturada por Leopoldina, também obrigada a aparecer publicamente com a amante do marido. 

Carta de Leopoldina à irmã, Maria Luiza da Áustria /Crédito: Domínio Público 

Queixas contra D.Pedro I

Não bastasse as traições, o imperador tinha ataques de fúria. Em troca, ela agiu de modo bastante influenciador, com destreza, inteligência e astúcia política, tendo grande papel nos bastidores da Independência do Brasil. Além disso, secretamente, falava mal do cônjuge em algumas cartas desesperadas. 

Em um documento, dirigido à irmã, Maria Luiza da Áustria, Leopoldina diz que o parceiro tinha "caráter extremamente exaltado" e que para ele "tudo que denote levemente liberdade lhe é odioso".

Além disso, ela ironiza a atitude do governante na criação dos filhos do casal, ao exemplificar como D. Pedro I tratava João Carlos, príncipe que nasceu, porém, morreu antes de D. Pedro II. “… É o querido do papai que lhe ensina todas as desobediências possíveis”, criticou. 

Francisco I, da Áustria, pai de Leopoldina /Crédito: Wikimedia Commons 

Morte da amiga e desabafo para o pai 

Ainda para a irmã Maria Luiza da Áustria, a nossa imperatriz cita um triste episódio de sua vida. Era a perda da fiel amiga, a Condessa de Linhares, a quem ela havia deixado em Portugal. 

A princípio, a Condessa acompanharia Leopoldina quando ela veio ao Brasil conhecer Pedro. Porém, isso acabou não ocorrendo, já que Francisco I, o pai dela, tinha desobedecido o costume e mandado somente damas austríacas e uma dama de companhia junto à até então princesa. Tal ato deixou para trás as mulheres portuguesas, entre elas a amiga de Leopoldina. 

Anos depois, quando essa amiga morreu, a imperatriz lamentou profundamente. "A morte da Condessa de Linhares é fato real e perdi uma verdadeira amiga, o que aqui é uma coisa bastante rara, pois o interesse e as intrigas são os motores principais do sexo feminino português”, redigiu Leopoldina. 

Além de falar sobre rivalidade feminina, a imperatriz também relatou sofrimentos na gravidez. Ao pai dela, Francisco I, alguns meses antes da Independência, em 7 de março de 1822, ela disse que passou por angústias enquanto estava grávida de D. Januária, que nasceria quatro dias depois.

"Embora seja muito penoso para mim escrever, já que espero o nascimento para qualquer momento, considero meu dever mais sagrado lhe dar notícias minhas, uma vez que conheço bem demais seu coração paternal para ter certeza de que minhas linhas têm algum interesse para o senhor", escreveu. 

Dona Leopoldina /Crédito: Wikimedia Commons

"Aqui reina um verdadeiro caos de ideias e cenas, tudo surgido do logro chamado espírito de liberdade, e nas províncias do Norte agora estão assassinando todos os europeus; Deus (que dispõe tudo para o bem do homem) permita que a situação fique calma, como quer me parecer", completou a austríaca. 

Naquele momento, o Brasil efervescia com os desdobramentos do Dia do Fico, quando o príncipe regente decidiu ficar em terras brasileiras. Por outro lado, os portugueses estavam enraivecidos, querendo que D. Pedro I voltasse à Portugal e rebaixasse o Brasil ao status de colônia. 

"Meu esposo declarou que ficará aqui; embora pensemos diferentemente em alguns aspectos, é melhor que me cale e observe silenciosamente", escreveu enganosamente Leopoldina, ao pai. Porém, como sabemos, ela não ficou em silêncio: longe disso, agiu como uma estrategista política.

Meses depois, em agosto, quando D. Pedro I foi até São Paulo, a mulher astuta aproveitou a deixa. Sendo chefe interina no lugar do governante, no dia 2 de setembro de 1822, presidiu uma reunião do Conselho de Ministros e assinou o decreto para separar o Brasil de Portugal.

Escreveu então para o marido, pressionando-lhe para que ele oficializasse a emancipação. O estadista, por sua vez, cedeu às pressões dos brasileiros — e sobretudo, da esposa. No dia 7 de setembro de 1822, nas margens do Rio Ipiranga, o imperador declarou a independência do nosso país.  


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