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Matérias / Segunda Guerra Mundial

Quem foi o homem que acabou com o disfarce do nazista Eichmann?

Gerhard Klammer, um alemão que morava na Argentina, fez várias denúncias até que Eichmann fosse pego

Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 21/11/2021, às 09h00

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Adolf Eichmann em seu julgamento - Wikimedia Commons / Museu do Holocausto dos Estados Unidos
Adolf Eichmann em seu julgamento - Wikimedia Commons / Museu do Holocausto dos Estados Unidos

Após seis décadas desde o julgamento e enforcamento de Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do Holocausto, que havia fugido da Alemanha e se escondido na Argentina, assim como muitos oficiais do regime nazista, um jornal alemão revelou a identidade do homem que o reconheceu e fez várias denúncias, fazendo com que Eichmann fosse capturado.

De acordo com as informações dadas pelo Süddeutsche Zeitung, repercutidas pelo New York Post, Gerhard Klammer, que teve sua identidade mantida em segredo desde o início das operações do Mossad, o serviço secreto do Estado de Israel, havia trabalhado durante um breve período de tempo com o nazista, em uma companhia de construção no norte da Argentina, enquanto Eichmann ainda usava um nome falso, e acabou descobrindo sua verdadeira identidade.

A partir de então, Gerhard, que havia conduzido seus estudos de Geologia, História e Filosofia dentro da Alemanha e se mudado para a Argentina anos mais tarde, voltou para sua terra natal para denunciar o antigo colega de trabalho. Ao chegar no país, no início da década de 1950, não recebeu respostas das autoridades. 

Mas Klammer continuou buscando canais de denúncia para trazer suas informações sobre o paradeiro e a verdadeira identidade do ex-oficial nazista. Ao falar com um amigo padre que já havia servido no exército, conseguiu, por meio de um bispo, o contato de um promotor judeu chamado Fritz Bauer, que buscava por Eichmann e prometeu manter sua denúncia anônima.

A Alemanha, no entanto, não estava interessada em caçar o nazista na América do Sul, mas as informações que foram coletadas não deixaram de ser valiosas.

O promotor continuou buscando pelo criminoso de guerra, e além de histórias contadas por Gerhard, ele também obteve o antigo endereço de Eichmann, uma foto da casa em que ele morava e uma foto dos dois colegas de trabalho juntos, o que provou que o homem que o geólogo denunciava realmente era o nazista que havia fugido do país. 

A foto que ajudaria Eichmann a ser pego
A foto que ajudaria Eichmann a ser pego, com ele circulado / Créditos: Divulgação / Twitter

Além disso, outra pessoa havia denunciado o ex-oficial: um alemão que também havia se mudado para a Argentina. Se tratava de Lothar Hermann, com ascendência judia cujo a filha tinha ido a um encontro com o filho de Eichmann, que usou a identidade verdadeira do pai para se exibir quando saíram juntos.

As informações foram passadas para o Mossad, e os agentes israelenses foram capazes de localizar o criminoso apenas em 1960, após anos de busca. Adolf Eichmann foi capturado por uma equipe liderada por Rafi Eitan para então ser levado para Israel de avião, e Fritz Bauer manteve sua promessa para Gerhard Klammer, deixando sua identidade em segredo.

Durante 316 dias, o ex-oficial nazista, na época com 55 anos de idade, ficou preso em uma cela especial no norte de Israel, até ser levado para Jerusalém, onde seria julgado.

Durante o julgamento, que durou quatro meses e três dias, 111 pessoas testemunharam, dentre elas os escritores Joseph Kessel e Elie Wiesel.Eichmann foi condenado à morte por enforcamento pela Suprema Corte de Israel no dia 15 de dezembro de 1961.