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Matérias / Personagem

Bastidores do conflito: O papel de Duque de Caxias na Guerra do Paraguai

Herdeiro de diversos militares, o veterano encontrou um cenário deplorável quando assumiu as tropas brasileiras no front

Lira Neto Publicado em 07/05/2020, às 08h00 - Atualizado em 07/01/2022, às 09h00

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Ilustração de Duque de Caxias em 1857 - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons
Ilustração de Duque de Caxias em 1857 - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Patrono do Exército Brasileiro, Duque de Caxias sempre foi um adversário implacável, até mesmo quando estava em desvantagem numérica, como ocorreu em combates contra os revolucionários liberais de Minas Gerais, em 1842.

No ataque à Balaiada, inaugurou a tática que o tornaria célebre: a marcha por flancos, com ataques lançados por três colunas de soldados contra o inimigo.

Cauteloso, só se decidia pela ofensiva após constatar que a tropa estava em perfeitas condições físicas e morais. Durante a Guerra do Paraguai, quando chegou ao front para assumir o comando das tropas brasileiras, em novembro de 1866, ficou chocado. O cenário não parecia o de uma guerra, mas de uma feira livre.

No acampamento de Tuiuti, barracas de mascates tomavam conta da paisagem. Vendia-se de punhais a sardinhas em conserva, de espelhinhos a roupas civis. Havia também uma ampla oferta de outra espécie de mercadoria: prostitutas.

Além da babel de feirantes e meretrizes, o marechal constatou que o estado das tropas era lastimável. Boa parte do efetivo ardia em febre, vitimada pela cólera. Os soldados que se aguentavam em pé apresentavam uniformes em frangalhos, visivelmente fora de forma por causa do excesso de vinho e da ausência de exercícios militares. A cavalaria não tinha cavalos. Os animais haviam morrido de fome devido à falta de forragem.

O rigoroso plano

O marechal pôs em ação, então, um rigoroso projeto de recuperação da tropa. Disciplinou o comércio junto ao acampamento, impôs rígidas inspeções de higiene, improvisou hospitais, mandou trazer filtros para água, estabeleceu um severo programa de treinamentos de guerra e providenciou o recebimento de novos cavalos.

Só depois de oito meses nesse trabalho de soerguimento físico e moral dos soldados, decidiu que chegara a hora de reiniciar a ofensiva para derrotar de vez os paraguaios.

Pintura representando a Batalha do Riachuelo / Crédito: Oscar Pereira da Silva/ Wikimedia Commons/ Creative Commons

Vetereno de guerra

Lima e Silva era veterano dos campos de batalha. Corria-lhe pólvora nas veias. Herdeiro de militares,  Duque de Caxias assentou praça com 5 anos de idade, uma deferência simbólica do Ministério da Guerra aos serviços prestados pela família ao Exército.

Com isso, o marechal fez sua carreira cedo. Aos 14 anos, por exemplo, ele entrou para o corpo efetivo. Aos 18, tornou-se tenente. Recebeu seu batismo de fogo em 1822, quando venceu os soldados portugueses que, em Salvador, se recusavam a aceitar a proclamação da independência do Brasil. Aos 38, Caxias já era um general.

Ao longo do império, de espada em punho, o general Lima e Silva esmagou movimentos nativistas e revoluções populares em nome da unificação nacional. Subjugou a Balaiada, no Maranhão, a Revolução Liberal, em São Paulo e Minas Gerais, a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. Um ano após render a cidade maranhense de Caxias, durante a Balaiada, receberia o título de barão.

Derrotou ainda os exércitos do argentino Rosas e do uruguaio Oribe numa campanha militar que consolidou de vez sua reputação como um exímio estrategista e lhe valeu o título de marquês. Quando estourou a guerra com o Paraguai, nenhum outro nome poderia ser mais lembrado do que o dele para comandar as tropas brasileiras.

A ação de Caxias foi decisiva. Sob seu comando, os brasileiros viraram o jogo. Em 1869, com os soldados montados em novos cavalos, em forma, bem alimentados e orientados, tomaram a capital paraguaia, ele deu por encerrada sua missão, embora o imperador, dom Pedro II, decidisse prosseguir o confronto até a captura final de Solano López.

Cansado, aos 66 anos, Caxias retornou ao Brasil e recebeu o título de duque, o único concedido pelo império a alguém sem sangue real. Além dele, apenas receberam tal honraria a duquesa de Goiás, filha de dom Pedro I com a marquesa de Santos, e o duque de Santa Cruz, cunhado e genro do primeiro imperador do Brasil.

Septuagenário, Caxias foi pela terceira vez presidente do Conselho de Ministros, equivalente ao de chefe de governo no império. Dom Pedro II partira para uma longa viagem pelo exterior e deixara o velho marechal tomando conta do trono. Caxias dizia detestar a política. Acostumado aos campos de batalha, considerava os conflitos típicos da vida política como uma “guerrinha de alfinetes”.


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