Antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente, a princesa teve que casar com Dom Pedro II, que era seu parente distante
Teresa Cristina era uma princesa italiana do Reino das Duas Sicílias. Sua vida mudou para sempre quando, aos 21 anos de idade, ela teve que se casar com o primo de primeiro grau e meio: o imperador brasileiro Dom Pedro II.
Quando Roma aprovou a união, o casamento com o parente ocorreu antes mesmo que a donzela conhecesse o pretendente. O irmão da princesa, Leopoldo, foi quem a representou na cerimônia de procuração, em Nápoles, no dia 30 de maio de 1843.
Rejeição à primeira vista
Casada com um completo desconhecido, Teresa teve que embarcar para o Brasil para finalmente vê-lo de perto. Em 3 de setembro, a dama foi até o Rio de Janeiro, animada para olhar o esposo. Os cabelos loiros de D. Pedro II a encantaram, mas não houve reciprocidade logo de cara.
Para o imperador, a aparência de Teresa Cristina foi uma verdadeira decepção. Iludido por retratos que tinha visto da moça, o jovem Pedro, de 17 anos, a rejeitou. Baixinha e "acima do peso", o monarca considerou a esposa feia.
Relatou até ter se sentido "enganado" a Paulo Barbosa, o seu mordomo-mor, e também a D. Mariana, a camareira-mor da Casa Imperial. Segundo conta a biografia Dom Pedro II, de José Murilo de Carvalho, o monarca teria também chorado nos braços do mordomo. E correu ainda até a governanta, lamentando-se muito, ao dizer: “enganaram-me, dadama!”.
Os deveres reais falaram mais alto: mesmo com a procuração já feita, D.Pedro II topou fazer uma segunda cerimônia casamenteira. O matrimônio, dessa vez presencial, e, muito extravagante, aconteceu em 4 de setembro de 1843, na Capela Real do Rio de Janeiro.
Mulher forte e dedicada
Mesmo com a rejeição de D.Pedro II, Teresa Cristina estava determinada em ser uma excelente esposa e imperatriz. Em uma carta, ela escreveu à Família Real que sabia que sua aparência era diferente da anunciada. No entanto, ela disse: "Farei todo o possível para viver de tal maneira que nada leve ao engano de meu caráter. Minha ambição será parecida à de Maria Leopoldina da Áustria, mãe de meu marido, e serei brasileira de coração em tudo que fizer".
Dito e feito. Teresa esteve presente em várias solenidades magnas, nas funções religiosas e até em assuntos de guerra. Ganhou um apelido patriótico, sendo conhecida como "a desvelada mãe da infância desvalida, a amparadora dos pobres e a terna mãe dos brasileiros".
Com D.Pedro II, era educada, discreta e muito paciente. Como resultado, nasceram quatro crianças: D. Afonso, que morreu com dois anos; D. Pedro Afonso, que também partiu, mas com poucos meses de vida; além de duas meninas, Leopoldina e a Princesa Isabel.
Amantes
O historiador Paulo Rezzutti teve acesso a cartas de D.Pedro II às suas amantes, que estão na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. No livro Dom Pedro II – A história não contada, o especialista relatou que havia correspondências datadas do mesmo dia, ou dias próximos, para duas mulheres diferentes.
Assim como o seu pai, D.Pedro I, o monarca brasileiro era um habilidoso infiel, só que bem mais discreto. No entanto, hoje sabemos que o rei era um enorme namorador. Uma de suas amantes prediletas era Ana Maria, a condessa de Villeneuve, com quem ele teve várias noites de sexo e escreveu: “Que loucuras cometemos na cama de dois travesseiros!”.
Outra mulher querida por D. Pedro II era a condessa de Barral, uma moça casada, chamada Luísa Margarida de Barros. Ela vivia na França, mas quando foi ao Brasil, começaram a surgir charges picantes dela com o rei.
Conforme relata a historiadora Mary Del Priore, a chegada da condessa mudou muita coisa. "Teresa Cristina agora via suas filhas se afastarem também [...]. E não lhe passava despercebido o encanto do seu “querido Pedro” por aquela mulher. Teresa se sentia ameaçada pela inteligência, o brilho e a graça de Luísa", escreveu.
A conexão intelectual da condessa com o marido de Teresa durou até o fim da vida de D.Pedro II. Aos 51 anos de idade, ele estava na Áustria e escreveu à condessa de Barral: "Tomara-me já perto de você que as saudades têm sido muitíssimas e para mim não há diferenças de terras quando sinto que você é sempre a mesma para mim".
Morte
Segundo conta o historiador Tobias Monteiro, a imperatriz consorte "não conseguia dissimular que detestava Barral".
No entanto, a mulher, com boa educação, foi levando com seu requinte os desrespeitos do marido. Assim foi até a sua morte, que ocorreu quando ela estava exilada na Europa, junto de D. Pedro II. A imperatriz faleceu por causas naturais em 28 de dezembro de 1889, na cidade de Porto.
Em memória à mulher falecida, D.Pedro II doou aos brasileiros sua monumental biblioteca, com a condição que ela fosse adicionada à coleção batizada de D. Thereza Christina Maria.
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