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Matérias / Neocolonialismo

Revolta dos Cipaios: quando os indianos se armaram contra a exploração britânica

Em 1857, uma revolta popular de soldados se levanta contra a dominação inglesa no país

Joseane Pereira Publicado em 04/04/2019, às 11h56

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Reprodução
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A Índia é um território muito antigo. Berço de filosofias alimentares como a Ayurveda, religiões como o Budismo e rituais protagonizados por yogues, esse país carrega em sua história tradições transmitidas de geração em geração. E foi a revolta contra a profanação de um costume local que gerou o estopim de uma das maiores rebeliões contra o Imperialismo Britânico em meados do século XIX.

Nessa época, a Inglaterra expandia sua hegemonia política e econômica em territórios da África, Ásia e Oceania. Junto da exploração de recursos minerais e mão de obra local, seu objetivo era colonizar territórios que possibilitassem um escoamento das manufaturas produzidas pelas fábricas inglesas, criando um mercado consumidor dos produtos.

A ocupação da Índia foi a mais longa do imperialismo britânico: considerada a "Joia da Coroa", o país sofreu com a intervenção inglesa durante quase cem anos (1857 - 1947). Além de dominarem a Companhia das Índias Orientais e interferirem no comércio local pela exportação de tecidos produzidos em suas fábricas de tecelagem, filhas da Revolução Industrial, os imperialistas ingleses exerciam um poder ainda mais grave: a dominação cultural, que prejudicava os costumes, crenças e e tradições locais.

Comércio de tecidos / Reprodução

Os ingleses obrigavam indianos mais jovens a se alistarem no exército da Companhia. Conhecidos como Cipaios ("soldado" em Híndi), esses grupos sofriam com péssimas condições de trabalho, baixíssimos salários e o pagamento de impostos para a Coroa. Além disso, diferenças étnicas faziam com que suas crenças não fossem respeitadas pelos oficiais britânicos, e o estopim da revolta se deu quando os cipaios foram obrigados a utilizar graxa bovina nos cartuchos de seus rifles.

Desta forma, além de desrespeitarem sua terra e seus corpos, os ingleses passaram a desrespeitar a sacralidade dos animais mais cultuados pelos indianos. A força negativa de tal ato causou uma revolta armada que durou dois anos, com os Cipaios (que contavam mais de 200 mil pessoas) retomando províncias e importantes cidades do norte da Índia, inclusive a cidade de Delhi. Vários oficiais ingleses foram perseguidos e assassinados pelos integrantes dos Cipaios, e tiveram que recuar em sua expansão territorial. 

Com o auxílio de etnias locais, como os Sique, os Pachtuns e os Gurcas, Delhi foi retomada pelos britânicos. Procedeu-se a captura e enforcamento de milhares de cipaios, seguida do aumento da força repressora. Entretanto, os ideais independentistas da rebelião já haviam se espalhado, e os civis também passaram a lutar pela libertação do país.

Cipaios enforcados pelos oficiais ingleses / Wikimedia Commons

Numa tentativa de evitar ainda mais descontrole, a coroa Britânica decidiu não prosseguir com a expansão territorial. Em agosto de 1858 a Inglaterra assumiu definitivamente o governo da Índia, dando fim à Companhia das Índias Orientais e integrar os governantes nativos na administração colonial. Os revoltosos foram finalmente vencidos pela intervenção maciça de tropas, e estima-se que ao menos 100 mil indianos tenham morrido no confronto.

No ano de 1877, a tomada do território indiano foi consagrada com a nomeação da Rainha Vitória à condição de imperatriz da Índia.