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Matérias / Personagem

Roupas de brechó e rotina simples: Ingvar Kamprad, o bilionário que vivia sem excessos

Mesmo depois de construir um império e fazer fortuna, o homem ficou conhecido por seus hábitos modestos

Penélope Coelho Publicado em 25/07/2020, às 08h00

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Ingvar Kamprad durante entrevista - Divulgação/Youtube/Nyhetsmorgon
Ingvar Kamprad durante entrevista - Divulgação/Youtube/Nyhetsmorgon

“A maioria das coisas ainda estão por fazer”, esse foi o lema que o sueco Feodor Ingvar Kamprad, seguiu durante toda sua vida. Nascido em 30 de março de 1926, de origem comum, o empresário ficou famoso no mercado mundial por ter fundado a maior empresa do mundo no setor de fabricação e venda de móveis, a IKEA.

Considerado, em 2007, o homem mais rico da Europa e o quarto homem mais rico do mundo, ao contrário do que se esperava, Kamprad decidiu viver uma vida mais simples do que aquela que todo seu dinheiro poderia comprar. Entretanto, na década de 1990 seu nome esteve envolvido em uma grande polêmica.

A construção de um império

Uma loja IKEA na Índia / Crédito: Wikimedia Commons

Apaixonado pelo ramo de vendas desde muito novo, o menino sempre demonstrou interesse em seguir essa carreira. Em 1943, aos 17 anos, o pai de Feodor deu ao filho uma quantia em dinheiro como recompensa por seu bom desempenho nos estudos, com esse valor, o jovem garoto abriu a sua primeira loja de móveis na Suécia.

O empreendedor decidiu batizá-la de IKEA — o nome veio de uma sigla formada pelas iniciais de seu nome, sobrenome, a cidade onde nasceu (Agunnaryd) e o nome da fazenda de sua família (Elmtaryd).

Sua decisão aconteceu em um momento próspero na Suécia, nessa época a população passou a investir cada vez mais no próprio bem estar. A IKEA foi pioneira em um método comum nos dias de hoje: o monte você mesmo. Com um catálogo repleto de opções, os móveis eram entregues na casa do cliente para serem montados pelo próprio comprador, o que tornou a mão de obra mais barata.

Além disso, Kamprad decidiu investir colocando uma lanchonete em cada uma de suas lojas, para ele ‘estômagos vazios não compram móveis’. No ano de 1948, as lojas já eram um sucesso em todo o país e ao longo da década de 1950, o empreendimento começou a se expandir — criando um novo conceito de vendas ao redor do mundo.

Ingvar Kamprad, em entrevista realizada em 2010 / Divulgação / Youtube / Swedishs NusCom / 2010

Vida simples

Com mais de 355 lojas espalhadas em 29 países diferentes, antes de morrer, Kamprad tinha uma fortuna avaliada em US$ 58,7 bilhões de dólares. Apesar da fortuna, o homem procurava viver uma vida mais comum.

O empresário costumava voar de avião na classe econômica, se hospedar em hotéis mais baratos, comprava suas roupas em brechós e passou anos dirigindo o mesmo veículo. "Não acho que esteja usando qualquer coisa que não tenha sido comprada em uma feirinha de rua", afirmou durante entrevista a uma TV sueca em 2016.

Suas exigências na empresa seguiam o mesmo padrão. O sueco estava habituado a pedir para que seus funcionários evitassem o desperdício de materiais. Para se ter ideia, o homem pedia até mesmo pedia que os contratados usassem os dois lados da folha de papel. O bilionário também chegou a ressaltar que usava ônibus para chegar ao trabalho. Ele costumava dizer que independentemente da fortuna, era melhor ficar em contato com o mundo real.

Apesar da fama de humilde, em 1994, cartas que mostravam o envolvimento do empresário com o movimento pró-fascista foram reveladas. O homem fez parte do grupo Novo Movimento Sueco entre 1942 e 1945. Quanto o fato se tornou público, Kamprad se desculpou dizendo que se arrependia amargamente dessa época de sua vida.

Ingvar faleceu em decorrência de uma pneumonia em 27 de janeiro de 2018, em sua casa em Småland, na Suécia, o homem tinha 91 anos e deixou o legado de sua empresa para seus filhos.


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