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Matérias / Personagem

Salvando vidas: a saga de James Harrison, o 'homem do braço de ouro'

Por seis décadas, o australiano salvou milhões de recém-nascidos e ajudou a criar um tratamento para uma condição médica rara

Alana Sousa Publicado em 28/02/2021, às 09h00

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James Harrison durante uma doação de sangue - Divulgação/ Cruz Vermelha Australiana
James Harrison durante uma doação de sangue - Divulgação/ Cruz Vermelha Australiana

Uma das formas mais importantes e, relativamente simples, de ajudar a salvar uma vida é doando sangue. A prática, ainda que antiga, não faz parte da realidade da grande parte das pessoas — principalmente no Brasil.

De acordo com um levantamento realizado em janeiro de 2021, pelo Ministério da Saúde, cerca de 1 milhão de doadores passaram pela experiência pela primeira vez em 2020. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenta que ao menos 1% da população seja doadora.

Embora o Brasil esteja dentro dos limites estabelecidos, conforme dados de uma pesquisa da OMS, apresentada em agosto de 2020, com um percentual de 1,6% de doadores de sangue atualmente. É inegável que o Sistema Público De Saúde enfrenta dificuldades, seja no mantimento dessas coletas ou ainda com uma quantidade muito limitada para as transfusões.

As campanhas educativas são a melhor forma de trazer mais doadores e levar a questão adiante. Entre tabu, preconceito e medo, um caso extraordinário aconteceu com homem australiano, que entendeu a importância da questão quando tinha apenas 14 anos.

O ‘homem do braço de ouro’

Ainda em sua adolescência, James Harrison, residente da Austrália, precisou passar por uma cirurgia delicada. Em sua recuperação, a transfusão de sangue era essencial, necessitando de uma grande quantidade até que ficasse completamente bem.

Uma doação de sangue de Harrison / Crédito: Divulgação/ Cruz Vermelha Australiana

Foi então que percebeu a importância desta ação para salvar outra vida, decidiu que, ao completar 18 anos, seria um doador em sua terra natal.

A promessa se cumpriu, ao atingir a idade mínima perante a lei australiana de doação de sangue, James foi até um centro de coleta. No entanto, um dia, ao doar o fluído já no auge de seus 24 anos, descobriu algo que mudaria sua vida — e a de todos que cruzassem seu caminho.

Os especialistas notaram que no sangue de Harrison havia uma quantia expressiva de um anticorpo não muito comum. Seu sangue era ideal para ajudar bebês que nasciam com a doença hemolítica, DHRN; mais conhecida como doença do recém-nascido.

O DHRN acontece quando a mãe consegue produzir anticorpos durante a gravidez que atacam e destroem os glóbulos vermelhos de sua criança. Isso acontece, quando a gestante possui um Rh negativo e, o feto, herdando do pai, possui o RH positivo.

Apesar de hoje existir tratamento para as mulheres que sofrem com essas condições, realizando procedimento desde muito cedo na gravidez. Antigamente, a situação era mais complicada, dependendo bastante da coleta de sangue de outras pessoas.

A doença ataca principalmente o bebê, causando anemia, icterícia e, em casos mais graves, levando à morte. Já a progenitora não sofre nenhuma consequência em seu organismo.

Assim, ao descobrir seu “sangue magico”, James decidiu que dedicaria sua vida para esta causa, doando o máximo que conseguisse. E assim foi feito, por seis décadas, o australiano efetuou milhares de doações, recebeu até mesmo um seguro de vida que valia cerca de 2,7 milhões de reais.

Salvando vidas

James Harrison com dois bebês no colo / Crédito: Divulgação/ Cruz Vermelha Australiana

De acordo com o jornal Sydney Morning Herald, Harrison fez, ao longo de 60 anos, 1.172 doações. Ajudou a salvar 2,4 milhões de bebês, entre eles, seu próprio neto. “Minha própria filha foi uma das que receberam as injeções. O filho dela, meu neto, já está com 23 anos. Isso me deixa muito feliz, porque pude ter um neto saudável e ajudar outras pessoas a terem também”, contou o doador em entrevista à BBC, em 2018.

Sua boa vontade e determinação ajudaram os médicos a criarem um tratamento ainda mais eficaz conta a doença hemolítica. “Eles usavam o plasma do sangue que eu doava e já o levavam a laboratórios para produzir injeções de Anti-D”, explicou Harrison.

Conhecido na Austrália como Anti-D, desde os anos 1950, os cientistas sabiam que uma grande parcela do composto raro poderia auxiliar na criação de procedimentos específicos que curariam os bebês com DHRN. O problema maior foi encontrar alguém que se encaixasse e tivesse o “sangue mágico”.

Também em entrevista à BBC, Jemma Falkenmire, do Serviço de Doação de Sangue da Cruz Vermelha Australiana, contou sobre a condição inusitada de James: “O corpo dele produz grande quantidade e, mesmo quando doa sangue, seu organismo continua produzindo mais”. E acrescentou que “pouquíssima gente tem esses anticorpos em concentração tão alta”.

Após passar a maior parte da vida dedicando seu tempo a salvar outras pessoas, este capítulo na saga de Harrison chegou ao fim em 2018, quando fez sua última doação em maio. O homem atingiu a idade máxima para continuar doando, na época tinha completado 81 anos.

Com homenagens de médicos e das mães dos bebês que ele ajudou a curar, James Harrison confessou seu sentimento melancólico: “Fico triste que tenha acabado, é o fim de uma era para mim”.


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