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Matérias / Bizarro

Santa moderna? Aubrey Santo, a menina que supostamente realizava milagres

Segundo visitantes, estátuas choravam sangue perto dela, ídolos ficavam besuntados em óleo misteriosamente, e doentes eram curados através de rezas

Ingredi Brunato Publicado em 19/09/2020, às 09h00

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Fotografia de Audrey no colo de avó quando era mais nova. - Divulgação
Fotografia de Audrey no colo de avó quando era mais nova. - Divulgação

Quando tinha três anos de idade, Aubrey sofreu um acidente que mudou radicalmente a direção de sua vida. Uma criança comum, após ser encontrada inconsciente na piscina da casa de sua família, a garota entrou em coma por meses, e quando acordou, sofreu com diversos danos cerebrais irreversíveis. 

Ela passou a vida na cama, incapaz de se mover e sendo mantida viva por um respirador e um tubo de alimentação, além de cuidados a todas as horas do dia, fornecidos tanto por sua família quanto por uma equipe de enfermeiras.

Todavia, a história de Aubrey Santo não é de tragédia, segundo sua família e aqueles que a visitaram enquanto vivia, e sim uma história de ascensão espiritual. De acordo com eles, a jovem era capaz de realizar milagres, após ter sido convertida em uma “alma vítima” numa viagem à Medjugorje, local de peregrinação da então Iugoslávia. Nesse ponto de turismo religioso, lendas locais contam que a Virgem Maria já foi avistada seis vezes - por católicos diferentes - desde 1981. 

Como contou a mãe da jovem, Linda Santo, uma dessas aparições teria acontecido durante uma viagem, logo após a menina acordar do coma. Segundo a mãe da então criança deficiente, sua filha teria agido como dissesse “sim” para algo, sendo sua conversão em uma “alma vítima”. Teria sido nesse momento que seus milagres começaram. 

O conceito de “alma vítima”, presente na espiritualidade popular, se refere a alguém que voluntariamente assume os sofrimentos dos outros, um ápice do altruísmo. A Igreja Católica Romana só reconheceria uma alma vítima, sendo o próprio Jesus Cristo. 

Os milagres

Os atos milagrosos atribuídos à Aubrey Santo podem se dividir em três categorias: os que envolvem o aparecimento de óleo, os que relatam aparecimento de sangue, e as alegações de que rezas junto de sua cama teriam curado pessoas. 

Aubrey em sua cama. Crédito: Divulgação/Youtube/ Documentário "A Menina que fazia Milagres"

Com o caso do óleo, considerada uma substância sagrada pela religião cristã, ele teria aparecido misteriosamente besuntando ícones e pinturas religiosas pela casa da jovem deficiente. Ele era coletado e entregue aos visitantes em bolas de algodão. 

Na época, o jornal The Washington Post encomendou um teste de uma dessas amostras pega no local, e os resultados apontaram que a substância apresentava 80% de óleo de milho ou soja, e 20% de gordura de frango. 

Já o sangue, descrito como humano, teria aparecido dentro de hóstias de comunhão servidas na casa de Aubrey. Também ocorre o relato de uma estátua de Maria aparentemente chorando sangue. Contudo, nesse caso, não foram feitos testes. O pediatra da menina até teria recolhido uma das hóstias com sangue para fazer testes, mas no fim decidiu que o ato seria uma blasfêmia e decidiu abortar o plano. 

Registros?

Quanto aos episódios de cura, por sua vez, existem também alguns registrados. Um homem alegou que a reza feita por sua mãe no leito da jovem o curou de seu ferimento; já uma mulher com câncer disse que estava melhorando por conta da garota. 

Em alguns casos, não se sabe o suficiente sobre essas pessoas, em outros, seus médicos têm versões diferentes do ocorrido - como uma chance de melhora de 75% já antes da visita à casa da garota deficiente, ou um novo medicamento fazendo efeito. Contudo, cada um pode escolher a versão da história que preferir.  

Aubrey Santo morreu em 2007, aos 24 anos de idade, por conta de uma insuficiência cardiorrespiratória. Sua vigília e missa fúnebre contaram com a presença dos fiéis que acreditavam nos milagres da jovem. 

Após sua morte, a Fundação Audrey Santo, criada em sua homenagem, pediu a canonização da jovem, todavia, não foi aceito pela Igreja, pela falta de uma documentação que registrasse os milagres. 


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