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Matérias / China

Monges Shaolin: Conheça os guerreiros budistas da China

De pé ainda hoje no Monte Song, o Mosteiro Shaolin presenciou o nascimento e queda dessa tradição - que ganhou força nos últimos tempos

Joseane Pereira Publicado em 02/07/2019, às 08h00 - Atualizado às 13h00

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Crédito: Reprodução
Crédito: Reprodução

Tudo começou no ano de 464, quando um monge e professor andarilho peregrinou da Índia para as terras da China. Buddhabhadra, também conhecido como Batuo, tinha como missão espalhar ensinamentos budistas, e acreditava serem melhor transmitidos de professor para aluno do que apenas pela leitura dos textos sagrados.

Batuo se tornou o primeiro abade do Mosteiro Shaolin, construído para ele em uma das montanhas sagradas da China por ordem do Imperador Xiaowen da dinastia Wei.

Época Dourada

Como centro do Budismo Chan (que corresponde ao Zen Budismo do Japão), o templo atraiu a atenção de muitos imperadores da China. Durante a dinastia Tang (618-907), a imperatriz Wu Zetian fez várias visitas ao local para discutir a filosofia budista com monges.

Kublai Khan, fundador da dinastia Yuan, teria ordenado que todos os templos budistas na China fossem liderados pelo Templo de Shaolin, e oito príncipes da dinastia Ming se transformaram em monges Shaolin.

Uma particularidade desse monastério, era o uso das artes marciais como forma de aprofundar a compreensão dos ensinamentos transmitidos por Buda. As habilidades de luta, desenvolvidas com rigor, levaram muita fama aos monges, que recebiam estudantes de todo lugar para aprender a técnica e ganharam a reputação de serem os mais poderosos entre os guerreiros budistas.

Mosteiro Shaolin no Monte Song, China

Renascendo das cinzas

O Monastério Shaolin escapou da destruição inúmeras vezes. No século 14, durante a Rebelião do Turbante Vermelho, foi saqueado por ladrões e ficou parcialmente destruído, o que afastou muitos monges do local. Em 1641, forças rebeldes saquearam o local com a alegação de que os monges apoiavam a dinastia Ming, o que representaria uma ameaça. Destruídos pelos combates, os monges fugiam para outras terras da China, o que acabou contribuindo para que os ensinamentos Shaolin fossem difundidos.

Na era moderna, uma outra ameaça quase dizimou o que sobrou dos Shaolin: a Revolução Cultural na China de 1966. Seguindo a doutrina marxista, a China de Mao tsé deveria ser oficialmente ateísta. Isso levou ao saque e destruição de textos, pinturas e outros tesouros do templo, e os poucos monges Shaolin que restaram foram açoitados e presos.

Isso teria sido o fim da ordem, não fosse uma produção cinematográfica de 1982 que se tornou fenômeno no país. O filme O Templo Shaolin, estreado pelo ator Jet Li, era baseada vagamente na história dos monges, mas foi o suficiente para que milhões de turistas visitassem o templo escondido nas montanhas.

Hoje em dia, os Monges Shaolin são conhecidos em todo o planeta, e suas táticas de luta – responsáveis por mantê-los vivos através do tempo – são admiradas por muitos. O monastério, idealizado 1,5 mil anos atrás, ainda pode ser encontrado na base do Monte Song.


As Dez Normas dos Monges Shaolin

Kwok Yuen, monge que viveu entre as dinastias Yuan e Ming, criou um código filosófico com as seguintes normas, a serem seguidas pelos Shaolin desde a mais tenra idade:

1 - Treinar ininterruptamente

2 - Usar técnicas somente para a defesa pessoal

3 - Respeitar os superiores

4 - Ser honesto e sempre demonstrar cordialidade

5 - Evitar demonstrações de lutas

6 - Nunca ser agressivo ou demonstrar maneiras rudes

7 - Jamais comer carne ou provar bebidas alcoólicas

8 - Conter impulsos sexuais

9 - Jamais ensinar técnicas às pessoas que não são budistas

10 - Evitar a cobiça e a agressividade