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Matérias / Personagem

Steve Rothstein: o homem que comprou 1 bilhete e fez 10.000 viagens até ser banido da companhia aérea

A trajetória do viajante que aproveitou 21 anos de viagens ilimitadas e hoje luta para obter esse privilégio novamente

Alana Sousa Publicado em 04/01/2020, às 09h00

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Steve Rothstein - Wikimedia Commons
Steve Rothstein - Wikimedia Commons

Em outubro de 1987, o banqueiro de investimentos Steve Rothstein pagou cerca de US$ 233.509,93 (cerca de R$ 2 milhões em valores corrigidos) por um bilhete especial da empresa American Airlines que lhe concedia uma vida inteira de viagens aéreas pelo mundo inteiro, tudo de primeira classe.

Rothstein também pagou um extra de US$ 150.000 (cerca de R$ 1,3 milhão em valores corrigidos) por um bilhete de acompanhante — só para não viajar pelo mundo desacompanhado.

O programa, chamado de AAirpass, foi lançado em 1981 como um “meio de garantir uma injeção de dinheiro muito necessário”, escreveu um dos representantes da empresa na época. A Lei de Desregulamentação de Companhias Aéreas, que entrou em vigor em 1978, foi a responsável por causar a crise da America Airlines, que procurou novas formas de receitas.

Durante seus anos como passageiro especial, Rothstein fez as mais variadas viagens: visitou a Inglaterra 500 vezes, o Japão 120 e a Austrália 70. Sua filha frequentou um colégio interno da Suíça, e seu filho viajava por diferentes lugares dos Estados Unidos para assistir a jogos da liga de beisebol.

“Eu me tornei um herói na companhia aérea. Eu poderia simplesmente aparecer e me sentar”, contou o banqueiro em uma entrevista ao New York Post. No total, o bon vivant realizou 10 mil voos com seu AAirpass e acumulou a absurda quantia de 40 milhões de milhas.

Steve Rothstein em entrevista / Crédito: Divulgação

Entretanto, Rothstein achou nesse luxuoso hobby uma forma de ajudar o próximo. Quando ele encontrava alguém necessitando de uma passagem no aeroporto, ele oferecia seu bilhete de acompanhante.

Certa vez, achou uma mulher tentando retornar a Bronxville, NY, porque seus filhos não tinham uma babá e levou-a consigo na primeira classe. Sobre tais atitudes, Rothstein comentou: “Eu senti que esses atos aleatórios de gentileza eram exatamente o tipo de coisa que devemos fazer como pessoas”.

Foi em uma dessas viagens de boa intenção do banqueiro, em 13 de dezembro de 2008, enquanto ele esperava para embarcar no aeroporto internacional Chicago O'Hare com um policial que desejava retornar à sua cidade natal — e Rothstein havia cedido seu bilhete de acompanhante para o homem —, que membros da companhia o abordaram e disseram que seu passe havia sido cancelado.

Um funcionário da American Airlines deu a ele uma carta na qual explicava que seu bilhete havia sido suspenso por evidência de atividade fraudulenta. O banqueiro entrou em estado de choque após 21 anos voando sem limites e voltou pra casa, onde permaneceu na cama durante dias.

Tentando reverter a situação, Steve Rothstein entrou com um apelo judicial, porém um juiz federal em Illinois decidiu contra ele e o acusou de fazer reservas sob nomes falsos.

A companhia possuía provas de que ele tinha registrado seu nome como Bag Rothstein (Bolsa Rothstein) e usou isso na corte para acusá-lo. A razão por trás desse nome falso não foi explicada por Rothstein, que ainda segue com um apelo para obter seu bilhete ilimitado de volta.

“Eu me sinto traído. Eles tiraram meu hobby e minha vida. Eles essencialmente destruíram minha personalidade”, afirmou ele — que também argumentou que ajudou a alavancar a compra dos passes ilimitados da companhia quando palestrava sobre eles em empresas por onde passava.

O programa foi cancelado em 2004, pelo prejuízo que trazia para a American Airlines. Apenas Steve Rothstein custou US$ 21 milhões (cerca de R$ 82 milhões) para a empresa.

A companhia aérea possui ainda 66 clientes que mantêm seu AAirpass, e que lhe custam milhões de dólares anuais. Atualmente eles estão buscando medidas legais para cancelar esse "cartão dourado" de tais passageiros. Algo que Rothstein condena fortemente: “Eles assinaram um contrato, e um contrato é um contrato”.


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