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Matérias / Curiosidades

Tanques nazistas transformados em piso: a singular Catedral das Forças Armadas, na Rússia

“Pense nisso ao entrar na catedral. Conforme você caminha pelos andares, está simbolicamente dando um golpe no inimigo fascista”, diz um guia local sobre a sensação de visitar o local. Confira imagens!

Fabio Previdelli Publicado em 05/12/2020, às 09h00

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Imagem aérea do exterior da Catedral - Divulgação/ YouTube/ Al Jazeera English
Imagem aérea do exterior da Catedral - Divulgação/ YouTube/ Al Jazeera English

Quando ouvimos a palavra Catedral, comumente a associamos a um templo cristão que se encontra a sede de um bispo e uma diocese.

Esses espaços, além da importância religiosa, são conhecidos por sua arquitetura rebuscada, suas monumentais estruturas e por dezenas de vitrais, pinturas e estátuas, além das toneladas de mármores, granito maciço e outros materiais usados em sua decoração.  

Muitas delas são tão importantes e únicas que atraem milhares de turistas, cristãos ou não, todos os anos, como é o caso da Catedral da Sé, em São Paulo; a Catedral de Notre-Dame, em Reims, França; e a da Cantuária, na Inglaterra.

Vista da fachada principal da Catedral da Sé/ Crédito: Wikimedia Commons

Já na Rússia, temos outro importante templo, a Catedral de São Basílio, erguida na Praça Vermelha. Um verdadeiro cartão-postal de Moscou.

Entretanto, é justamente lá que outra catedral, inaugurada neste ano, está chamando  atenção por suas peculiaridades um tanto quanto polêmicas. Pensando nisso, o site Aventuras na História pesquisou tudo que já foi divulgado sobre a construção. 

Templo militar 

Ao adentrar no espaço, muitos se espantam ao encararem imagens religiosas adornadas com Kalashnikovs, anjos pairando sobre a artilharia e até mesmo a figura da Virgem Maria em uma pose que remete muito mais a um pôster soviético da Segunda Guerra do que qualquer outra coisa.  

As imagens dentro da Catedral das Forças Armadas mesclam o militarismo, o patriotismo e o cristianismo ortodoxo em um único lugar, capaz de tirar o fôlego e encantar ao mesmo tempo em que causa estranheza e controversa.  

Imagem aérea do exterior da Catedral / Crédito: Divulgação/ YouTube/ Al Jazeera English

Porém, o local, situado a uma hora de carro de Moscou, que possui um exterior metálico verde-caqui com cúpulas douradas e cruzes que chegam a 95 metros, já se tornou comum para Dmitry, um religioso de 28 anos que trabalhar por lá.  

E é justamente ele que resume toda a essência do local. “Na guerra, nossos soltados se martirizaram para que pudéssemos ser livres e independentes. Apenas os russos são capazes de se sacrificar para salvar a humanidade, assim como Jesus fez”, diz em entrevista ao The Guardian

O local se tornou o símbolo físico de toda uma nova identidade nacional russa que está sendo implantada nas duas décadas de Vladimir Putin no poder. Por lá, a vitória na Grande Guerra Patriótica, como a 2ª Guerra ainda é chamada na Rússia, agora tem seu próprio santuário religioso.  

Na Catedral, medalhas de guerra soviéticas são representadas em vitrais nos tetos, enquanto os mosaicos mostram várias batalhas importantes.

Já os pisos de metal do local foram feitos com armas e tanques apreendidos da Wehrmacht, que foram derretidos. “Pense nisso ao entrar na catedral. Conforme você caminha pelos andares, está simbolicamente dando um golpe no inimigo fascista”, diz um guia local. 

Detalhes do interior da Catedral / Crédito: Divulgação/ YouTube/ Al Jazeera English

A catedral foi ideia do ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, e a inauguração foi planejada originalmente para o 75º aniversário da vitória sobre os nazistas, em maio. No final, devido à pandemia do coronavírus, a abertura cerimonial foi adiada até junho. Shoigu, Putin e o Patriarca Kirill de Moscou compareceram à abertura, em 22 de junho, aniversário do ataque nazista à União Soviética em 1941. 

“Somente uma nação que ama a Deus poderia construir uma catedral tão grandiosa”, diz o bispo Stefan de Klin, que chefia o departamento da Igreja Ortodoxa Russa para cooperação com o exército e regularmente realiza cultos na catedral, onde é o representante designado do patriarca. 

Klin, de 59 anos, defende o uso de símbolos soviéticos. Ele explica que a catedral representava "todas as épocas do nosso estado, Santa Rus" e seria errado deixar de fora a Segunda Guerra Mundial, visto quantos soldados soviéticos eram religiosos. 

Contudo, de acordo com Sergei Chapnin, um acadêmico religioso em Moscou, a ideia não agradou a todos os padres. “Esta não é realmente uma catedral ortodoxa, é uma catedral de nossa nova religião civil pós-soviética”. 

Disnleylândia militar

Em um grande mosaico dedicado aos exércitos soviético e russo desde a Segunda Guerra Mundial, dois anjos olham para um grupo de soldados carregando armas modernas.

Os visitantes também se deparam com uma lista de conflitos comemorados, terminando com "forçar a paz na Geórgia" em 2008, “O retorno da Crimeia” em 2014 e a “luta contra o terrorismo internacional” na Síria. Há ainda um espaço para futuros conflitos a serem adicionados. 

Detalhes do interior da Catedral / Crédito: Divulgação/ YouTube/ Al Jazeera English

O painel também lista as duas guerras russas na Chechênia, bem como as intervenções militares soviéticas para esmagar a revolução húngara em 1956, a primavera de Praga em 1968, e a invasão soviética do Afeganistão.

Questionado se a igreja realmente queria sugerir que todas essas intervenções eram sagradas, Stefan disse que era errado se concentrar em conflitos específicos. 

“Não estamos falando sobre o pano de fundo geopolítico em nenhum momento específico, estamos falando sobre o fato de que nossas forças armadas têm uma ajuda sagrada do alto, de Deus e dos santos celestiais. É disso que se trata a catedral.” 

A catedral está localizada no Patriot Park, uma “Disneylândia militar” inaugurada por Putin há cinco anos. Com a construção da catedral, cerca de 20.000 pessoas passaram a visitar o local durante os finais de semana. Até mesmo uma tarde de terça-feira, por exemplo, o templo recebe centenas de visitantes e diversas excursões.  

Envolvido em torno do perímetro da catedral, está um museu interativo chamado “1418 Passos para a Vitória — uma etapa para cada dia do esforço de guerra soviético”, que foi inaugurado ao mesmo tempo que a catedral.  

Detalhes do teto da Catedral / Crédito: Divulgação/ YouTube/ Al Jazeera English

Muitas das salas têm recriações de episódios da guerra no estilo de jogos de computador em telas enormes, e algumas também têm elementos de temperatura e até mesmo algum “cheiro”.

Por lá, as crianças podem posar para fotos com um manequim de um soldado nazista se rendendo, e há quebra-cabeças, canecas e lançadores de mísseis de brinquedo à venda na loja de presentes.


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