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Matérias / Personagem

Thomas, a curiosa saga do ganso bissexual da Nova Zelândia

Apaixonado por dois cisnes de sexos distintos, o bichano, morto em 2018, emocionou a cidade de Waikanae ao adotar todos os filhos do trisal

Wallacy Ferrari Publicado em 12/11/2020, às 13h23

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Fotografado na margem da lagoa - Divulgação / Wellington Bird Rehabilitation Trust
Fotografado na margem da lagoa - Divulgação / Wellington Bird Rehabilitation Trust

Os seres humanos esbanjam diariamente suas vidas amorosas em redes sociais, compartilhando sucessos e fracassos das complicadas desventuras do amor. Porém, engana-se quem acredita que os bichanos não passam por isso; na cidade de Waikanae, na Nova Zelândia, a vida amorosa de um pequeno ganso foi assunto por anos entre a população local, de aproximadamente 10,6 mil habitantes.

Por quase 40 anos, a ave, nomeada carinhosamente como 'Thomas', apresentou um comportamento distinto dos outros gansos presentes na fauna neozelandesa; ao invés de prosseguir a vida em um grupo, decidiu se aproximar de um amigo específico. Henry, um cisne negro, com quem não apenas desenvolveu uma amizade inseparável, como nutriu o amor e afeto de um casal.

Durante a década de 1980, os curadores do parque que rodeava a lagoa de Kāpiti e alguns populares acreditavam que o pequeno ganso branco tratava-se de uma fêmea, porém, a incomum preferência durante os métodos de acasalar chamou a atenção, resultando na constatação de que ambos eram machos, conforme informou o El País em 2018.

Ganso Thomas, o cisne negro Henry e alguns filhotes / Crédito: Divulgação / Wellington Bird Rehabilitation Trust

Descoberta da sexualidade

Nos 24 anos seguintes, a dupla foi única na lagoa, realizando passeios distintos dos outros grupos. O cisne, sem hábito de andar com os gansos, ensinou os trajetos pela água. Thomas, por sua vez, se tornou o companheiro fixo de Henry. Os visitantes do lago acreditavam que a dupla era gay, porém, revelou-se uma nova pessoa após os anos de desconfiança.

Henrietta era outro cisne fêmea da região e, junto de Henry, formou um novo casal. Por um lado, Thomas poderia ficar chateado por ter sido trocado por uma fêmea, contudo, se aproximou do casal, sendo aceito em passeios.

Posteriormente, o amor do trio resultou em uma impressionante união; os cisnes conseguiam reproduzir e Thomas auxiliava durante a gestação e após os nascimentos.

Após o nascimento de 68 filhotes de cisnes, as três aves inseparáveis se tornaram celebridades locais, com o ganso branco conduzindo os pequenos e cuidando como se fossem filhos biológicos. A união foi abalada apenas em 2009, quando Henry faleceu aos 30 anos.

O trisal acompanhando os filhotes / Crédito: Divulgação / Wellington Bird Rehabilitation Trust

Sem o companheiro

A morte de Henry resultou em uma atitude natural por parte de Henrietta; a ave decidiu ir embora em busca de um outro macho para refazer uma união e prosseguir procriando, deixando para trás os 68 filhos. A solidão do ganso Thomas foi tamanha que, ao partir, relatos de cuidadores e visitantes apontaram choros por toda a noite.

O criador de pássaros Mick Peryer concedeu uma entevista ao jornal Stuff, explicando a angústia do ganso: “Ficou desconsolado. De vez em quando dava para ouvi-lo chorar. [...] O coitado do Tom ficou sozinho”.

Apesar do sofrimento, o ganso fez questão de prosseguir acompanhando os filhotes de cisne em caminhadas e cruzadas pela lagoa, evitando o abandono parental dos mais novos.

Em 2013, uma catarata acometeu os olhos do bichano, resultando em uma cegueira completa, obrigando sua transferência para a sede do Fundo de Reabilitação de Aves de Wellington.

Por lá passou seus últimos anos com outras aves cegas, inclusive, se tornando pai adotivo de alguns outros filhotes acolhidos. Em 2018, Thomas morreu aos 40 anos — dez a mais do que o estimado para uma ave saudável — recebendo um memorável funeral pelos munícipes, além de ser enterrado ao lado de Henry.


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