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Matérias / Egito Antigo

Tratado médico do Antigo Egito revela conhecimentos de 3.600 anos atrás

Papiro contém 48 casos de doenças com seus respectivos tratamentos. Confira detalhes sobre esse surpreendente documento histórico!

Joseane Pereira Publicado em 17/04/2019, às 11h46

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Reprodução
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Você já pensou em tratar um ferimento na cabeça ou deslocamento das costelas com receitas vindas diretamente do Antigo Egito? Pois isso é uma possibilidade revelada pelo "Papiro de Edwin Smith", o mais antigo tratado médico do mundo, que lança luz sobre os conhecimentos medicinais acumulados pela sociedade egípcia através dos tempos.

O Papiro

Esse tratado remonta ao Segundo Período do Egito Antigo, ou seja, por volta de 1600 a.C. -- mais de mil anos antes do nascimento do médico grego Hipócrates. Seu nome é uma homenagem ao colecionador de antiguidades Edwin Smith, que o comprou em 1862 na cidade de Luxor, ao sul do Egito. Em 1906, com a morte de Smith, o documento foi entregue à Sociedade Histórica de Nova York, e apenas em 1920 o egiptólogo estadunidense James Henry Breasted conseguiu traduzi-lo, ficando provavelmente entusiasmado por perceber que tinha em suas mãos um antigo livro de medicina.

Papiro em livro publicado por Breasted / Créditos: Reprodução

O papiro foi escrito na forma cursiva dos hieróglifos (da direita para a esquerda), e foram usadas as tinhas preta e vermelha para separar o corpo principal do texto dos glossários explicativos. Breasted acreditava que os glossários em vermelho (69 deles no total) foram adicionados alguns séculos após o texto original ter sido escrito, registrando também que o escriba (cujo nome não foi preservado) cometeu muitos erros ao redigir os textos, alguns dos quais foram corrigidos nas margens.

Qual o conteúdo dos textos?

De acordo com o arqueólogo Breasted, os papiros contêm um total de 48 casos médicos organizados sistematicamente. Os exemplos se iniciam com tratamentos para lesões na cabeça, se estendendo pelo corpo com fraturas na coluna vertebral e no tórax. Pelo fato de o documento estar incompleto, os tratamentos para lesões na parte inferior do corpo não foram registrados.

As instruções do papiro se organizam de forma sistemática, iniciando com um "Título introdutório" seguido pela seção "Sintomas significativos" -- que fornece um exame detalhado sobre o dano sofrido. Por fim há a seção "Diagnóstico", na qual se coloca um veredicto sobre a possibilidade de tratamento: favorável, incerto ou desfavorável.

Página do papiro / Créditos: Reprodução

Alguns exemplos de ferimentos encontrados no papiro de Edwin Smith incluem lesões no crânio, como por exemplo "uma ferida na cabeça que penetra no osso do crânio" (Caso 1) e "uma fratura craniana sob a pele da cabeça" (Caso 8). Também se encontram tratamentos para lesões faciais, como "um golpe na narina" (Caso 13) e "fratura na bochecha" (Caso 16) e lesões no tronco, como "uma ferida no peito" (Caso 40) e "uma luxação das costelas do tórax" (Caso 43). Com base na natureza dessas lesões, pesquisadores têm sugerido que este tratado médico lida com um grupo específico de pacientes: soldados e trabalhadores de construções que se feriram durante o expediente.

Finalmente, deve-se notar que o papiro de Edwin Smith demonstra a abordagem altamente metódica e racional adotada pelos antigos egípcios para lidar com tais ferimentos. Por exemplo, os tratamentos incluem o fechamento de feridas com suturas, bandagens, talas, cataplasmas, prevenção de infecções com mel e a imobilização do corpo, no caso de lesões na coluna vertebral. Além do procedimento passo-a-passo usado em cada caso, também é notável o fato de que usa-se a magia apenas em um dos 48 casos preservados no texto.