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Matérias / Trigêmeos Neubauer

A história real dos trigêmeos separados na maternidade que inspirou série da Netflix

Série policial "Três Vidas" se inspirou na trajetória dos irmãos norte-americanos, que descobriram ter sido envolvidos em um experimento social

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 01/10/2021, às 10h00 - Atualizado em 02/03/2023, às 17h12

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Os jovens se reúnem com roupas idênticas - Divulgação / CNN Films
Os jovens se reúnem com roupas idênticas - Divulgação / CNN Films

Lançada na quarta-feira, 22, "Três Vidas" é uma série policial que mostra a intrigante jornada de Becca, uma detetive forense que acaba envolvida na investigação de um mistério que remonta à sua própria infância após se deparar com uma vítima de assassinato incomum. 

Isso, pois a mulher morta, identificada como a empresária Aleida Trujano, tem não apenas a mesma aparência física, mas também o aniversário idêntico ao seu, levando a policial a descobrir que possui uma irmã gêmea do qual foi separada no passado. Em sua investigação, Becca reencontra ainda uma segunda trigêmea, a dançarina Tamara.

Confira abaixo o trailer da produção: 

Todas as três protagonistas do mais recente sucesso da Netflix são interpretadas por Maite Perroni, mais conhecida por ter dado vida à jovem Lupita na novela mexicana 'Rebelde'. 

Um detalhe curioso a respeito do seriado, por sua vez, é que ele teria sido baseado em fatos reais, sendo inspirado pelo caso dos trigêmeos Neubauer — que também apenas descobriram da existência um do outro já na vida adulta, quando desvendaram segredos que haviam sido mantidos ocultos deles por 20 anos. 

Semelhança curiosa

Quando chegaram em um orfanato no subúrbio de Nova York, Robert, David e Eddy surpreenderam funcionários por terem feições idênticas. Nascidos em julho de 1961, no entanto, os três foram registrados como sendo crianças sem relação de sangue.

Ainda nos primeiros meses, os pequenos foram apresentados a novas famílias e, assim, cada um foi levado para uma casa diferente. O que não sabiam, no entanto, é que os três eram irmãos de nascença, que acabaram sendo separados na maternidade.

Dois deles continuaram em famílias de Nova York e nem mesmo os pais estavam cientes que os garotos tinham irmãos biológicos. A vida prosseguiu naturalmente, com exceção dos constantes questionários feitos pelo Centro de Desenvolvimento Infantil do Conselho Judaico de Serviços à Família e Crianças, uma instituição religiosa que auxiliou as famílias com os processos de adoção.

Estranhamente, os questionários periódicos e os constantes relatos das crianças de que observaram membros do conselho em locais de sua vivência — como na escola e no caminho para a casa — foram vistos apenas como coincidência por anos, visto que eram integrados a sociedade judaica local. O estopim, no entanto, seria descoberto em 1980.

Os gêmeos reunidos em fotografia após descoberta de fraternidade / Crédito: Sloan Science & Film 

O reencontro

Na época, eles estavam com 19 anos de idade e Robert havia se matriculado em uma universidade. Mesmo com o atraso ao se integrar, ele foi recepcionado calorosamente de maneira bizarra; muitos estudantes o abordavam como Eddy Galland. Sem entender, procurou o tal Eddy para ver se realmente era parecido, se surpreendendo com as características idênticas. O encontro emocionou a dupla com os aniversários e adoções idênticas, atraindo a atenção da imprensa local.

No outro lado do estado, um dos melhores amigos de David entrava em sua casa aos berros, afirmando que havia visto dois dele no jornal. O jovem nem precisou ler a matéria; viu a imagem e também se surpreendeu com a história. Em poucos dias, se dirigiu até Nova York para se encontrar com os dois rapazes, confirmando a fraternidade. Os trigêmeos estavam juntos, 19 anos depois.

A história movimentou os Estados Unidos; três rapazes bonitos com um impressionante enredo passaram a trabalhar como modelos, concederam entrevistas, inauguravam parques de diversão e até atuaram em um filme com Madonna, em 1985. A fama chamou a atenção para o grupo, porém, a explicação encontrada por eles para a separação ia muito além de uma simples confusão de dados.

Os jovens se abraçam e brincam em registro / Crédito: Divulgação / CNN Films

Descoberta do experimento

A agência de adoção Louise Wise, responsável pela parceria com o Conselho Judaico de Serviços à Família e Crianças, revelou no início da década de 1990 que as crianças foram designadas para famílias diferentes após um valor financeiro ser oferecido para a aplicação de um experimento social, criado pelo psicanalista infantil Peter Neubauer.

Buscando realizar testes práticos de "natureza versus criação”, os inúmeros questionários e perseguições durante a infância foram frutos de um extenso estudo omitido para os pais, sendo mantido em sigilo pelos organizadores. Sob a alegação de que a aplicação genética e a influencia no desenvolvimento de gêmeos que crescem em ambientes socioeconômicos distintos, Peter teve de buscar registros, pedir desculpas e compensar as famílias pelo ocorrido.

Desde então, os rapazes cessaram a exposição midiática. Eddy se matou em 1995, meses antes da divulgação do relatório e, desde então, os documentos completos do estudo estão lacrados na Biblioteca da Universidade de Yale, com a possibilidade de abertura apenas em 25 de outubro de 2065. Neubauer morreu em 2008 sem revelar os resultados, porém, os principais detalhes foram acessados no documentário Three Identical Strangers, produzido pelo jornalista Tim Wardle com os outros dois irmãos restantes, em 2018.


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