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Matérias / Crimes

Um crime, duas versões e muita controvérsia: o inexplicável caso Pamela Werner

Filha adotiva de um diplomata britânico que morava na China, a garota foi morta e esquartejada de maneira brutal. Entretanto, apesar das evidências deixadas na cena do crime, o caso jamais foi solucionado

Fabio Previdelli Publicado em 17/08/2020, às 17h44

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Retrato de Pamela Werner - Wikimedia Commons
Retrato de Pamela Werner - Wikimedia Commons

Na fria noite de 7 de janeiro de 1937, Pamela Warner, de 19 anos, filha adotiva de uma importante diplomata britânico que vivia na China, decidiu pegar sua bicicleta e fazer um passeio por Pequim. Entretanto, não imaginava, mas aquele seria o último passeio que faria em vida.

Isso porque, na manhã seguinte, seu corpo foi encontrado perto da Fox Tower com marcas de um crime brutal, o que gerou grande comoção nos moradores da capital chinesa. Mas o que também chamou a atenção foi todo o mistério envolto no assassinato, que até hoje não foi resolvido e causa controvérsia. Mas qual o motivo de tanta discussão?

O crime

Antes de voltarmos pros dias atuais, precisamos, primeiramente, entender tudo o que aconteceu com Pamela. Horas antes de desaparecer, a garota havia passado a tarde patinando com alguns amigos em um bairro que frequentado por estrangeiros.

Fox Tower atualmente, local perto de onde o corpo de Pamela foi encontrado em 1937 / Crédito: Wikimedia Commons

Aquela reunião serviria como uma despedida de Pamela, que dentro de alguns dias viajaria para Londres, onde seguiria com seus estudos.  Porém, a despedida foi para um passo importante na vida da jovem acabou se tornando o último momento de felicidade que ela teria.

Quando os investigadores a encontraram, a primeira pergunta que se fizeram era o que teria levado o corpo da jovem ter sido mutilado de maneira tão cruel. Além de suas costelas terem sido quebradas, muitos de seus órgãos — como coração, bexiga e rins — foram retirados. Além do mais, sua garganta tinha um corte tão profundo que aquilo pareceu muito mais uma tentava frustrada de degolamento. O mesmo aconteceu com seu braço direito, que ficou ligado ao corpo por muito pouco.

Naquele momento, os policiais chegaram a duas linhas de conclusão: ou o criminoso era um tremendo desleixado — afinal, ele deixou inúmeras evidências do crime no local, como um cartão que Pamela tinha do centro de patinação — ou ele havia sido interrompido no meio do ato e teve que fugir para não ser pego.

As conturbadas investigações

Naquela época, Pequim já vivia forte tensão, principalmente por causa do eminente início da Segunda Guerra Sino-Japonesa. Assim, conforme as notícias sobre o caso iam sendo divulgadas, a tensão entre as pessoas crescia.

Anos antes do crime, a capital chinesa experimentou um enorme crescimento populacional devido ao acolhimento de migrantes de outras partes da China — que estavam sendo ocupadas por japoneses — e também de refugiados russos que fugiam da Guerra Civil que tomava o país.

Dentre este segundo grupo estavam os pais biológicos de Pamela. Apesar dela ter sido adotada com apenas dois anos, sua mãe de sangue só morreu três anos depois desse processo.

Quando a jovem foi assassinada, seu pai adotivo, Edwar Werner, que já havia passado dos 70, passou o resto da vida procurando por evidências que pudessem esclarecer o que havia acontecido com a filha. Sua maior crença é que Pamela havia sido atraída para uma festa onde outras jovens mulheres também estavam presentes e, de lá, alguém havia tentado aliciá-la. A partir daí que as controversas começam.

Conforme Edward clamava por pistas, ele passou a trocar inúmeras correspondências tanto com as autoridades chinesas quanto com as britânicas. Posteriormente, esses documentos foram analisados pelo escrito Paul French, que transformou todos os relatos em um livro, Midnight in Peking (Meia-Noite em Pequim, em tradução literal), que foi lançado em 2011.

A obra narra os fatos sob o ponto de vista de Edward e fez muito sucesso entre o público, que passou a aceitar essa narrativa como a mais aceita. Entretanto, depois, o também escritor Graeme Sheppard leu o livro e decidiu se aprofunda nos arquivos. Assim nasceu A Death In Peking (Uma morte em Pequim), lançando uma hipótese completamente diferente.

Apesar de concordarem que a morte deve ter sido ocasionada por um forte golpe no crânio, eles divergem totalmente sobre a motivação do crime, o local onde ele ocorreu, a identidade do assassino — ou dos assassinos — e o porquê o corpo foi encontrado daquela forma.

As versões

French concorda com a hipótese de Edward e acredita que, depois do passeio, ela tenha ido até uma festa na casa de Wentworth Prentice, um dentista americano que tinha Pamela como paciente. Portanto, ela não teria se sentido desconfortável, muito pelo contrário, conhecia inúmeras pessoas lá.

Por isso, aceitou, sem titubear, continuar a festa em um bar, em celebração ao Natal Ortodoxo Russo. Porém, ao chegar ao local, não havia nenhuma festa, apenas alguns homens esperando a companhia de mulheres em uma cama no fundo do local. Ali, Pamela teria negado a se juntar ao bando e foi morta por aqueles “homens enraivecidos” com a atitude da moça.

Paul French e a capa do livro Meia-Noite em Pequin / Crédito: Divulgação/ Lucy Cavender/ Penguin Book e Editora Fundamento

Ainda no bar, ela teve seu sangue drenado, para o corpo ficar mais leve, e depois ela foi levada a um local sem iluminação, onde seria esquartejada pelos homens que eram parceiros de caça. Assim, essa sucessão de fatores levou o corpo a ser encontrado da maneira que foi.

Já Shappard vê problema em todas essas alegações, apesar de não citar em nenhum momento o nome de French ou de Werner. Mesmo assim, ele não deixa de fazer inúmeros ataques ao escritor rival.

Para ele, Pamela não foi parar em um bordel e encontrou o assassino após patinar. O criminoso seria seu amigo, chamado Han Shou-cling, que foi um dos principais suspeitos apontados pelo chefe britânico que cuidou do caso

Graeme Sheppard e capa do livro A Death in Peking / Crédito: Divulgação/ Twitter/ Graeme Sheppard

Essa evidência era baseada em inteligência levantada por policias, embora não haja registros de que o suspeito tenha sido entrevistado pela polícia. Porém, Sheppard acredita que o garoto conhecia técnicas de corte usadas em açougues e, além do mais, sempre carregava uma faca consigo. Ele teria matado a menina e, depois, outras pessoas roubaram as partes de seu corpo para venderem a supersticiosos praticantes da medicina chinesa.

Apesar de Graeme desdenhar da análise do pai, ele aponta que Pamela teria agredido Shou-ching quando soube que ele tinha uma relação amorosa com a filha, o que teria o motivado a praticar o crime.


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