Impressionante relato da própria moça está presente em cartas psicografadas pelo médium
Vanessa Centamori Publicado em 05/05/2020, às 11h01
No dia 1° de fevereiro de 1974, antes de um curto-circuito no ar condicionado dar início a um terrível incêndio no Edifício Joelma, a digitadora Volquimar Carvalho dos Santos trabalhava sossegada no 23º andar do prédio, onde ficava o setor de processamento de dados de um banco.
Bastante jovem, na flor dos seus 21 anos, ela era funcionária da empresa já fazia um ano e meio. O irmão dela, Álvaro, de 19 anos, trabalhava no 10º andar do mesmo prédio. Quando percebeu o incêndio, a moça correu, junto com quatro colegas de trabalho, tentando fugir pela escada.
Impedida
A confusão e pânico no Edifício Joelma era tão grande que houve muita correria. Volquimar e suas quatro companheiras de trabalho acabaram quase que sendo atropeladas por pessoas desesperadas, que corriam nas escadarias para tentar salvarem suas vidas.
Então, as funcionárias não tiveram outra escolha senão correr para a cobertura do prédio. Porém, lá Volquimar e as outras mulheres do banco tiveram um triste fim: embora tenham escapado das chamas, acabaram morrendo por asfixia.
Por outro lado, Álvaro, irmão da moça morta, sobreviveu ao incêndio. Tal fato foi mencionado pelo escritor Marcus Barcelos, em entrevista ao vivo à Aventuras na História. Barcelos é co-autor do livro Vozes Do Joelma: os gritos que não foram ouvidos (2019), de autoria também de MarcosDe Brito e Rodrigo de Oliveira.
"Quando o irmão [de Volquimar] saiu do edifício, ele não queria contar pra mãe que ela tinha morrido. A mãe ficava perguntando pra ele ‘Ah, aconteceu alguma coisa com sua irmã, ela saiu né?' e ele ficava falando ‘a não sei mãe, acho que não' ", descreveu o escritor.
Contato do além
Quando finalmente o irmão explicou as coisas para a mãe e toda a família ficou sabendo sobre a morte de Volquimar, eles foram naquele mesmo dia até o Instituto Médico Legal (IML), em busca do cadáver da moça. "Muita gente não conseguiu ser identificada por conta do incêndio, mas ela conseguiu ser reconhecida", contou Barcelos.
O roteirista comentou ainda que a história de Volquimar é uma narrativa espírita. Afinal, logo depois, a família contatou um centro especializado em busca de ajuda espiritual. "Logo no primeiro contato tiveram uma resposta [ da alma da moça]. Eles voltaram e ela deixou uma carta imensa pra mãe contando o que aconteceu", disse.
A carta, supostamente escrita por Volquimar após sua morte, foi parte de uma psicografia do médium Chico Xavier, que está no livro Somos Seis. Na mensagem, ela descrevia seus últimos momentos de vida.
No texto psicografado, a moça diz que a morte aconteceu de repente. "Foi como se devêssemos todos naquela manhã obedecer, de um modo só, a ordem que vinha do mais Alto, a fim de que a gente trocasse de vida e corpo", teria escrito Volquimar.
Em 1979, a história da jovem se transformou no filme Joelma, 23º andar. O roteiro é baseado nas cartas psicografadas.
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Vozes do Joelma: Os gritos que não foram ouvidos, de Marcos Debrito, Marcus Barcelos, Rodrigo de Oliveira, Victor Bonini e Tiago Toy (2019) - https://amzn.to/2S1JVeh
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