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Matérias / Curiosidades

Um jacaré no Rio Tietê: A turbulenta saga de 'Teimoso'

Em 1990, o morador inusitado do rio poluído da cidade causou alvoroço, trânsito na principal via da capital e inúmeras tentativas falhas de resgate

Isabela Barreiros Publicado em 15/01/2022, às 08h00

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Imagem meramente ilustrativa - Rodrigolopes via Wikimedia Commons
Imagem meramente ilustrativa - Rodrigolopes via Wikimedia Commons

São Paulo é uma cidade que sempre surpreende, em todos os sentidos. Em meados de 1990, um episódio bastante peculiar envolvendo o famoso Rio Tietê chamou a atenção dos moradores da região e até mesmo do Brasil.

No dia 14 de agosto de 1990, na margem esquerda do poluído rio, estava ali, tomando sol, um verdadeiro jacaré-de-papo-amarelo, surpreendendo a todos que passavam pelas pontes da Vila Maria e da Vila Guilherme, na zona norte da capital paulista.

Como noticiou o jornal O Estado de S. Paulo na época do ocorrido, o avistamento do animal acabou causando um congestionamento de cerca de três horas na marginal do Tietê, já que muitos motoristas começaram a se aglomerar na via e nas pontes para observá-lo.

O espanto de encontrar um jacaré no Rio Tietê, no entanto, não havia sido apenas para os moradores da capital, mas também para os bombeiros, que tiveram que desenvolver um plano de resgate para o réptil de um metro de comprimento.

Inúmeras tentativas

Depois de parar o trânsito da principal via da maior cidade do país, o animal iniciou sua trajetória de teimosia para ser levado do local, o que lhe renderia o apelido “Teimoso”, pelo qual ele ficou conhecido.

Os profissionais fizeram inúmeras tentativas de resgate para retirar o jacaré do Rio Tietê, onde, embora estivesse em um trecho bastante urbanizado, contava com poucas chances de vida no local, pois aquela era uma área com baixa taxa de oxigênio.

Ainda segundo a publicação na época, na "região da Vila Maria o rio é pastoso e enegrecido (...) Além disso, é reduzida a oferta de alimento". Lá, a taxa de oxigênio era de menos de um miligrama por litro de água, o que reduzia as possibilidades de sobrevivência do animal.

Por isso, e pelo fato de que não poderia haver um jacaré no meio da movimentada e famosa via, é que os bombeiros continuaram nas suas tentativas de retirá-los dali, embora a tarefa se revelasse bastante complexa.

Segundo os oficiais, como não estavam acostumados com esse tipo de serviço, a atividade se mostrou ainda mais difícil. Ainda assim, a equipe acabou ficando constrangida com a incapacidade de concretizar a função.

Uma semana depois...

Foi apenas uma semana depois do começo desse episódio, com uma sequência de fracassos, que eles conseguiram cercar o animal conhecido como Teimoso. Já era a terceira investida contra o jacaré.

Dois bombeiros estavam dentro de um barco no Tietê, outro time cercava o réptil em terra e uma rede de quarenta metros o aguardava em toda a região. Assim, ele finalmente parecia não ter para onde ir, acuado na margem direita do rio.

No entanto, no mesmo momento, um helicóptero PT-CPH acabou assustando Teimoso, que conseguiu fugir por baixo da rede, em outra investida fracassada de resgatá-lo do rio poluído.

Grande operação

O trabalho dos cinco bombeiros e cinco guardas florestais acabou indo por água abaixo, quase literalmente. O jacaré continuava no local, em um episódio que persistiu ao longo de dois meses, até ser resolvido em uma operação que o encerrou no dia 23 de outubro.

A Polícia Florestal, a Guarda Metropolitana e o Corpo de Bombeiros foram responsáveis pela ação que conseguiu capturar o jacaré — mas não só ele, como também outros sete que estavam na região e foram entregues ao Parque Ecológico do Tietê.

Quando retiraram o animal do rio, os oficiais não sabiam confirmar se tratava-se de Teimoso, mas afirmaram que, com certeza, era ele quando identificaram seu tamanho, formato e coloração mais tarde.

Debates

Segundo as autoridades, o jacaré pode ter ido parar no rio depois de ter sido despejado por seu dono, que teria o criado em cativeiro e teve medo de ser multado pela Polícia Federal pelo crime.

Ainda assim, a presença do animal no local reacendeu debates que nunca deixam de existir sobre a poluição do Tietê. Como relata o jornal Folha de S. Paulo, na época em que o caso aconteceu, Teimoso acabou se tornando um símbolo da luta pela despoluição do rio.


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