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Matérias / Crimes

Um povo dizimado: a história do esquecido Massacre de Bear River

Há 158 anos, em plena Guerra Civil, um ataque militar tornou-se o mais sangrento contra nativos na história dos Estados Unidos

Pamela Malva Publicado em 28/01/2021, às 08h00

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Representação do Massacre de Bear River - Smithsonian National Postal Museum
Representação do Massacre de Bear River - Smithsonian National Postal Museum

Em abril de 1861, os Estados Unidos entraram em um dos períodos de conflito mais emblemáticos de sua história. Conhecida como a Guerra Civil Americana, ou Guerra de Secessão, a batalha foi travada entre os soldados da União e os Confederados.

No meio do conflito, enquanto o país virava sua atenção para o leste, diversos episódios sangrentos aconteceram no oeste do território. No dia 29 de janeiro de 1863, por exemplo, a terra norte-americada foi marcada pelo impiedoso Massacre de Bear River.

Tendo ocorrido na região do atual estado de Idaho, o ocorrido é tido por diversos historiadores como o maior e mais sangrento massacre de nativos norte-americanos da história do país. Naquele dia, centenas pessoas do mesmo povo foram assassinadas.

Região onde tudo aconteceu / Crédito: Wikimedia Commons

Uma relação ameaçada

Durante anos, os Shoshone criaram uma intensa conexão e lógica de subsistência com as margens do rio Bear River, ou Boa Ogoi, como chamavam. Naquelas terras, os nativos plantavam, caçavam e ainda se abrigavam dos rigorosos invernos.

No incício do século 19, contudo, os homens brancos chegaram no território, que foi chamado de Cache Valley, procurando por peles. Esse foi o primeiro encontro dos Shoshone com qualquer cultura diferente da sua.

Entre 1840 e 1850, as terras dos nativos passaram a fazer parte da rotav do ouro que atraía diversos colonos. Com isso, o relaciomento que antes parecia amigável e respeitosa entre os povos, logo tornou-se agressiva e violenta.

Fotografia do povo Shoshone / Crédito: Wikimedia Commons

Amigos ou inimigos?

Na época, um grupo de mórmons liderados por Brigham Young reinvidicou algumas terras dos Shoshone. Inicialmente, o contato foi pacífico, já que o chefe dos invasores seguia a filosofia de que era melhor "alimentar [os nativos] do que combatê-los".

Mais tarde, com a chegada do inverno e a escassez de alimentos, contudo, as tensões começaram a aumentar. Assim, os dois povos que antes dividiam a mesma região de uma forma quase harmônica passaram a se identificar como verdadeiros inimigos.

De um lado, os colonos viam os nativos como bárbaros que iriam roubar seus alimentos. Do outro, os Shoshone enxergavam os brancos como invasores — que estariam tomando suas terras gradativamente desde que chegaram.

Rezas do povo Shoshone em homengem às vítimas do massacre / Crédito: Wikimedia Commons

A gota d'água

Indignado e no limite de sua paciência, Sagwitch, o chefe dos Shoshone decidiu que era hora de intervir. Assim, ordenou ataques aos gados e rebanhos dos colonos, bem como investidas contra os mineiros que trabalhavam longe dos acampamentos.

Tamanho foi o conflito inicial que, em resposta, o governo norte-americano enviou o coronel Patrick Connor para conter as revoltas. Na mesma noite, um ancião Shoshone chamado Tindup sonhou que “viu seu povo sendo morto por soldados-pôneis”.

Na manhã de 29 de janeiro de 1863, o chefe dos Shoshone percebeu uma estranha movimentação na colina mais próxima do rio. O que ele achava ser uma neblina, todavia, avançou rapidamente pela mata. Foi quando percebeu que seu povo estava em perigo.

Fotografia do coronel Patrick Connor / Crédito: Wikimedia Commons

Um assassinato sangrento

Marchando morro abaixo, os soldados do exército norte-americano formavam uma fumaça à sua volta conforme respiravam, já que o frio fazia sua expiração congelar. Nessa hora, Sagwitch tentou avisar seu povo, mas já era tarde demais.

Ali mesmo, nas margens do Bear River, que lhes serviu de casa por tantos anos, os Shoshone foram dizimados. Com armas nas mãos, os soldados dos colonos atiraram em tudo que se movia, fossem homens, mulheres ou crianças.

De uma hora para a outra, o sempre tão vivo Boa Ogoi tornou-se um rio de sangue, lotado de corpos que boiavam já sem vida. Mais tarde, os relatórios do Exército descreveram o dia como a "Batalha de Bear River". Para os nativos sobreviventes, entretanto, aquela foi a data do sangrento “Massacre de Boa Ogoi”.

Monumento erguido na região em homenagem às vítimas do massacre / Crédito: Wikimedia Commons

Números da barbárie

Hoje, existem poucos dados concretos sobre o que realmente aconteceu naquela manhã. Ainda assim, estima-se que o número de mortes varia entre 250 e mais de 500 Shoshone mortos de uma vez só, além de cerca de 25 soldados norte-americanos.

Um pioneiro dinamarquês, por exemplo, afirma que, quando chegou ao local onde o massacre aconteceu, contou 493 corpos. O episódio superou até mesmo outros ataques, como o Massacre de Sand Creek, que matou 230 pessoas do povo Cheyenne, em 1864.

Pouco conhecido até mesmo pelos Estados Unidos, o Massacre de Bear River só foi noticiado por alguns jornais de Utah e da Califórnia na época. Em 1990, a região onde aconteceram os homicídios foi declarada Patrimônio Histórico Nacional e, em 2008, um monumento de pedra foi erguido em homenagem aos nativos assassinados.


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