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Matérias / Brasil

O que é a 'cultura do cancelamento'?

Em entrevista ao site Aventuras na História, o publicitário Flávio Santos refletiu sobre as causas e os impactos do novo comportamento

Pamela Malva Publicado em 13/02/2021, às 09h00 - Atualizado em 30/04/2022, às 08h00

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Imagem meramente ilustrativa - Pixabay
Imagem meramente ilustrativa - Pixabay

Episódios recentes envolvendo artistas ou personalidades influentes nos fazem questionar o movimento recente que ficou conhecido como 'Cultura do Cancelamento', que tomou as redes sociais nos últimos anos. 

Em entrevista exclusiva ao site AH, o CEO da MField,Flávio Santos, explicou quais são as causas e impactos do fenômeno online que reverbera no mundo real.

Imagem meramente ilustrativa de tela de celular quebrada / Crédito: Divulgação/Pixabay

Onde nasce o medo

Formado em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário de Belo Horizonte, Flávio é diretor executivo da MField, uma empresa especializada em estratégias de ativação de influenciadores. Por isso, ele está em constante contato com as redes sociais.

Segundo o especialista, a Cultura do Cancelamento tem como objetivo tornar as lutas públicas. “Não basta mais estar certo, é preciso que as pessoas no entorno também saibam [que você está correto] e batam palma [para você]”, narra Flávio. “Isso fica claro nas redes sociais, onde é preciso conquistar os likes e a aprovação social.”

Nesse sentido, por mais que a busca por justiça sempre tenha existido, ela parece ainda mais nobre com a Cultura do Cancelamento porque “ganha mais força quando é exaltada, compartilhada e citada”. Isso sem contar o sentimento de legitimação.

Imagem meramente ilustrativa de teclado / Crédito: Divulgação

Cobranças sem fim

Com o passar dos anos, todavia, a Cultura do Cancelamento ganhou outras proporções. Muito além de “cancelar” influenciadores ou anônimos com opiniões controversas, o movimento começou a exigir o posicionamento de terceiros.

Segundo Flávio, “esse movimento obrigatório de posicionamento é fruto do hábito humano”. Isso porque, desde a infância, “a sociedade aprende que o erro precisa ser punido com dor, e normalmente, com castigos ligados à falta”, e à limitação de bens. Dessa forma, exigir que uma marca se posicione é um “comportamento natural”.

Para o publicitário, contudo, também é importante ressaltar “o fator da identificação”. Nesse caso, as pessoas tendem a pensar que “se o influenciador é cancelado e uma marca continua se relacionando com ele, ao me relacionar com essa mesma marca eu me coloco no patamar do sujeito que errou”. O que, para o público, parece negativo.

Fotografia de Flávio Santos, o CEO da MField / Crédito: Divulgação

Barreiras e aprendizados

Com a leitura dos erros, então, as figuras públicas passam a ter medo da internet.  Para Flávio, as pessoas têm um real medo do cancelamento “pois ninguém se sente confortável em no papel de julgado”.

Dessa forma, os influenciadores tendem a “se posicionar tomando cuidado com falas e crenças, com medo da condenação moral”.

O problema é que, por se tratar de um julgamento em massa, o cancelamento não dá “direito a ampla defesa e age em diversas esferas com pesos e medidas diferentes”. Por isso, inclusive, muito se fala sobre o fim da Cultura do Cancelamento.

Liberdade online

Segundo o especialista, contudo, “não é preciso cancelar o cancelamento, mas sim modificar a prática e o termo”. Nesse sentido, para Flávio, tudo se resolve com uma simples substituição: “Sai o cancelamento, entra o ensinamento”.

Na opinião do publicitário, “é preciso educar as pessoas para que elas entendam onde está o erro”. Dessa forma, evita-se que o equívoco “seja repetido em uma esfera mais intimista”, como acontece apenas com o cancelamento, já que o fenômeno não gera uma mudança no discurso de quem errou e foi julgado por isso.

Por fim, Flávio explica que “a internet é um ambiente plural e democrático e isso faz com que a Cultura do Cancelamento se torne permissiva. "É exatamente por isso que o cancelamento é tão perigoso”. Assim, além de gerar polêmicas e anular contratos, o “cancelamento não ajuda as pessoas, apenas gera traumas”, completa o publicitário.