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Matérias / Brasil

Uma polifonia de vozes: qual será a verdade por trás da Lei Áurea?

Com exclusividade à AH, Wil Schmaltz revela um novo projeto que irá promover debates sobre os bastidores do dia 13 de maio

Pamela Malva Publicado em 08/05/2021, às 09h00 - Atualizado em 10/05/2021, às 08h00

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O dia da assinatura da Lei Áurea no Paço Imperial - Domínio Público/Wikimedia Commons
O dia da assinatura da Lei Áurea no Paço Imperial - Domínio Público/Wikimedia Commons

No dia 13 de maio de 1888, o Brasil Império parou para acompanhar a criação de uma nova lei que mudaria o futuro do país. Assinada pela Princesa Isabel, a Lei n.º 3.353, mais conhecida como Lei Áurea, tinha como objetivo acabar com a escravidão.

Hoje em dia, 133 anos mais tarde, contudo, novas linhas de pensamento têm questionado as verdadeiras consequências da abolição encabeçada pela filha de Dom Pedro II. E é justamente sobre essa diferença de interpretações que um novo projeto da Escola Comum busca discutir na semana da promulgação da Lei Áurea.

Em entrevista exclusiva ao site Aventuras na História, então, Wil Schmaltz, o fundador da instituição, que tem sede em São Paulo, explicou não apenas quais são os objetivos do projeto, como ainda revelou como irão funcionar os aulões abertos ao público.

Foto da Lei Áurea e da princesa Isabel / Crédito: Wikimedia Commons

Pela juvetude

Fundada em 2016, a Escola Comum busca promover a democracia no país através da formação de jovens lideranças nas periferias do país. Dessa forma, desde 2018, seu ano-piloto, a instituição sem fins lucrativos já formou 80 jovens entre 16 e 19 anos.

Segundo Wil Schmaltz, o objetivo principal é “criar jovens que possam se tornar futuros representantes, trazendo um pouco do olhar dessa parte da população que, hoje, não se vê representada na política”. Por isso, o curso de um ano oferece “aulas de história, política, economia, direito, gestão pública e desafios contemporâneos”.

Tais ensinamentos, inclusive, são bastante aproveitados pelos alunos, pois os jovens “geralmente estão naquela fase da vida de descobrir uma série de coisas novas”, explicou Wil. “Eles estão em uma idade em que existe uma maior abertura para ouvir vários pontos de vista sobre uma mesma coisa. E, com isso, a troca fica mais fácil.”

Olhar para o passado

Frente ao desafio de formar novas gerações, inclusive, a Escola Comum percebeu que “não faz sentido pensar no futuro sem um conhecimento profundo dos processos históricos que nos conduziram até aqui”, segundo narrou seu fundador. Foi assim que, de acordo com Wil, nasceu o projeto “13 de maio é um dia negro?”.

“Essa é uma data bem emblemática, porque temos um debate quente sobre as duas narrativas mais hegemônicas do assunto", explicou o diretor da Escola Comum. “De um lado, existe a benevolência da Família Imperial e, do outro, muitos enxergam a data com um nicho, algo sem importância, que foi uma farsa, uma mentira.”

Pensando nisso, o projeto busca “trazer um novo olhar sobre os processos históricos que culminaram no dia 13 de maio”, bem como falar sobre os “atores sociais das camadas populares que, por conta da narrativa oficial, foram esquecidos ao longo da história” — nomes como José do Patrocínio, Luís Gama e André Rebouças.

Representação de uma das revoltas que surgiram na época da abolição / Crédito: Domínio Público

Episódios democráticos

Segundo Wil, a ideia das aulas abertas ao público é debater sobre o abolicionismo como “uma experiência democrática importante, uma referência para que a gente perceba que não estamos construindo uma democracia apenas agora”, ainda mais considerando que “o que vivemos hoje muito se deve aos avanços das últimas décadas do século 19”.

Dentro da própria Escola Comum, inclusive, as pesquisas sobre o assunto mostraram aos membros da instituição que “o 13 de maio não foi o movimento de uma classe média rica que quis que acabasse a escravidão. Houve muita luta, muita resistência”. 

Por isso eles viram a necessidade de debater sobre a “polifonia de vozes, de lutas, de percepções acerca os eventos que sucederam a data”, principalmente porque “é importante ver como o que vivemos hoje não é tão diferente das reivindicações de 1888”, narou Wil, lembrando da recente chacina de 25 pessoas na Favela do Jacarezinho.

Uma programação afiada

Composto por três aulas abertas ao público, então, o projeto irá debater a comemoração do dia 13 de maio no Brasil. Dessa forma, já no dia 12, durante a primeira aula do evento, Angela Alonso, vencedora de um Prêmio Jabuti em 2016, e Celso Thomas Castilho irão falar sobre o movimento abolicionista e seus legados no país.

Em seguida, no próprio dia 13, William Lucindo e Walter Fraga irão falar “sobre a polifonia das celebrações da data e a multiplicidade de sentidos que existe nessa data para as populações do final do século 19 e início do século 20”, segundo narrou Wil.

Por fim, no dia 14 de maio, a última aula do evento contará com Matheus Gato e Clicea Maria Miranda para discutir o período de pós-abolição, “com um recorte entre o dia 14 de maio e o 17 de novembro de 1889, que foi o Massacre dos Libertos”.

Aberto ao público de todo o Brasil, o projeto já está recebendo inscrições (clique aqui para garantir seu lugar!) e conta com um “recorte bem delimitado para mostrar que a abolição não marcou o fim de uma luta”, segundo finalizou Wil Schmaltz.


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