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Matérias / Personagem

Unity Midford: a bizarra saga da britânica que era obcecada pelo Führer e o Terceiro Reich

Brigando com toda a sua família em nome do ditador, Midford abriu mão de sua vida normal, se deparando com um final insólito

Caio Tortamano Publicado em 08/05/2020, às 09h51 - Atualizado às 09h52

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A britânica Unity Mitford se "converteu" ao nazismo - Wikimedia Commons
A britânica Unity Mitford se "converteu" ao nazismo - Wikimedia Commons

Quinta filha de sete irmãos, Unity Midford nasceu em Londres em 1914, e passou a infância na sombra de suas irmãs mais velhas. Ao lado de irmãs inteligentes e bonitas, Unity se destacou de maneira negativa ao flertar com o Terceiro Reich.

Um horror para a sociedade londrina que acompanhava a ascensão do regime na Alemanha, a menina teria adotado os pensamentos nazistas como forma de ser o centro das atenções, assustando quem soubesse da infame peculiaridade.

Curiosamente, a irmã com quem divida o quarto, Jessica, era uma fervorosa adepta do comunismo. O quarto poderia ser considerado uma verdadeira fronteira imaginária entre a União Soviética e o Reich. No lado de Unity, suásticas e pôsteres de Hitler ornavam o quarto, enquanto no de Jessica foices e martelos figuravam ao lado de Lenin.

Aparentemente, a menina não era a única dos Midford com inclinação ao alinhamento político do Führer. Diana, filha mais velha da família, casou-se com Oswald Mosley, fundador da União Britânica de Fascistas, o que enfureceu o pai das meninas; proibindo qualquer membro da família de ter contato com a nova fascista.

Porém, claramente Unity se interessou por essa relação e se aproximou de Mosley, que lhe prometeu um distintivo do partido. Mais tarde, porém, o nazista afirmou que a moça era mais dedicada em se exibir como uma simpatizante do nazismo do que contribuir com o movimento.

Unity Mitford em Londres, utilizando um broche nazista / Crédito: Wikimedia Commons

Fissurada na imagem nazista, Unity se mudou para a Alemanha disposta a conhecer Adolf Hitler — que tinha sua agenda diária explicitamente pública. Depois de 10 meses, o encontro entre os dois foi marcado. Conversaram durante 30 minutos com o futuro tirano pagando a conta da britânica.

Em uma carta para seu pai, a moça disse que “esse foi o dia mais feliz da minha vida. Estou tão feliz que não me importaria de morrer. (...) Para mim, é o maior homem de todos os tempos”. A admiração, por incrível que pareça, foi recíproca, e Hitler enxergou na garota um exemplo ariano de alta qualidade.

A aproximação entre os dois foi quase imediata, e o Führer usava a menina para causar ciúmes em sua nova namorada, Eva Braun. Isso não abalou o fervor de Mitford, que deu um discurso antissemita inflamado durante uma convenção da Juventude de Hitler. A fala foi repetida em uma carta para ser publicada em um jornal alemão, onde ela afirmava que a Inglaterra não tinham noção do perigo que os judeus representavam, e pedia a morte do povo em seu país natal.

A publicação gerou um enorme ultraje para a comunidade britânica, que agora sabia que Unity “odiava judeus” como ela tinha dito na própria carta. Além disso, ela pediu que seu nome fosse publicado por extenso (claramente, ela gostava da ideia das pessoas saberem exatamente quem ela era, apesar do motivo ser extremamente torpe).

A ação pública lançou Unity dentro do círculo nazista de mais alto escalão, e muitos desconfiavam que ela estaria fazendo um trabalho de espionagem para os britânicos — o que estava longe de ser verdade, sua admiração e devoção por Hitler e o nazismo era, de fato, sincero.

Porém, em 1939, pouco antes da Guerra começar, o líder nazista aconselhou que Diana e Unity voltassem para a Inglaterra, pois o confronto entre os dois países seria inevitável. A irmã mais velha voltou para a Grã Bretanha, no entanto, a mais nova insistiu em ficar com o Führer.

Os dois países entraram em guerra, e a britânica nazista ficou arrasada, não podia acreditar que as duas nações que mais amava estavam se destruindo. Depois de perguntar para o líder nazista Adolf Wagner se ela seria presa por ser britânica, Wagner negou a paranoia.

Em seguida, Unity apresentou um comportamento estranho, e o nazista pediu para que dois oficiais seguissem a mulher. Depois de segui-la até um jardim, os guardas perderam ela de vista até ouvirem o barulho de tiro. Mitford tentara tirar a própria vida com um disparo na cabeça.

Tentara foi hospitalizada num hospital de Munique, onde Hitler a visitava com frequência e pagava por todos os custos de internação. Ele ainda bancou a volta dela para o Reino Unido. Em dezembro de 1939, Mitford foi enviada para um hospital na Suíça, onde sua mãe e sua irmã foram ao seu encontro. O episódio não foi nada agradável: Unity havia perdido 12 quilos, e seu estado era equivalente ao de alguém que teve um derrame. A bala estava alojado em sua cabeça, e não ia conseguir operar a retirada do projétil.

Apesar de ter sido considerada uma traidora pelo Estado, foi permtida de ficar ao lado de enquanto se recuperava dos danos causados pela tentativa de suicídio. Apesar de todas as mudanças em seu comportamento, ela ainda cultivava a obsessão pelo nazismo, e queria chamar seu primeiro filho de Adolf.

Túmulo de Unity / Crédito: Wikimedia Commons

Seus últimos dias de vida não foram nada tranquilos. A bala alojada em seu cérebro acabou criando um inchaço em seu órgão, que acabou resultando numa meningite severa responsável pelo fim de sua vida em 1948.


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