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Matérias / Personagem

Viúva, roubada e sozinha: os últimos dias de Wallis Simpson, Duquesa de Windsor

Após a morte do marido, Eduardo VIII, Wallis sofreu uma série de problemas de saúde e sua advogada aproveitou de sua fragilidade para explorá-la até seus últimos dias de vida

Fabio Previdelli Publicado em 14/06/2020, às 08h00

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Wallis, Duquesa de Windsor - Wikimedia Commons
Wallis, Duquesa de Windsor - Wikimedia Commons

A Duquesa de Windsor estava permanentemente confinada ao seu quarto azul claro, com vista para os gramados de sua casa em Paris. Era setembro de 1977, cinco anos após a morte de seu marido, o homem que havia sido breve e escandalosamente o rei Eduardo VIII do Reino Unido.

Ela estava com problemas de saúde, seus lapsos de memória pioravam, uma fraqueza que sua advogada francesa Suzanne Blum usou para grande vantagem pessoal.

Sem família para aconselhá-la, dependia muito de Blum, embora tivesse certo pavor de advogados. Em certa ocasião, aos 81 anos, quando Suzanne exigiu que ela olhasse alguns papeis, revidou histericamente: “Eu te odeio”.

A advogada nunca mais ousou encontrá-la — pelo menos até que Wallis não conseguisse mais falar. E Simpson pagaria caro pelo seu desprezo. Depois daquele dia, Blum fez exatamente o que quisera: vendeu joias da coleção multimilionária da duquesa sem sua permissão, começou a publicar cartas de amor entre a ela e o duque e se nomeou guardiã de Windsor.

O tempo todo, a vulnerável a soberana — abandonada pela família real e com poucos amigos para protegê-la — era mantida prisioneira virtual em sua própria casa. Estava indefesa, às vezes sedada e irremediavelmente sozinha.

Tudo havia sido tão diferente apenas alguns anos antes, quando viveu uma vida de ouro ao lado do marido na América, na França e em diversos outros países da Europa. Eles estavam sentados no centro de uma corte dourada, com uma grande comitiva atendendo a todos os seus caprichos.

A socialite americana, que atendia pelo nome de Wallis Simpsons antes de receber o título de duquesa, embora não tivesse uma beleza clássica, sempre se vestia imaculadamente em alta costura: Chanel, Givenchy ou Dior, tudo isso complementado por joias fabulosas.

Entretanto, após a perda de Eduardo VIII, a maioria das pessoas pensava que seria melhor para a ela ter seguido o marido rapidamente até o túmulo. Como Oonagh Shanley, que cuidou do duque, declarou: “Os anos que se seguiram à morte do duque foram indescritivelmente solitários para a duquesa. Esse período pode preencher muitas páginas e pode ser comparado à visão do inferno de Dante. Ela era mártir nas mãos de pessoas gananciosas”.

O duque fizera tudo por sua esposa. Agora, após a morte dele, estava sozinha.

Eduardo e Wallis durante suas férias na Iugoslávia em 1936 / Crédito: Wikimedia Commons

Obviamente, Wallis ainda contava com o amparo de uma enorme equipe que, naquela época empregava dois secretários, um mordomo, um chef, jardineiro, motorista, vigia noturno e camareira. Havia também o banqueiro suíço Maurice Amiguet e a própria Suzanne Blum, que tratavam de seus assuntos legais em Paris.

A saúde da duquesa começou a decair no Natal de 1972, quando caiu da cama e, embora estivesse com muita dor, não recebeu um tratamento adequado. Somente no ano novo que descobriram que Wallis, com 76 anos na época, havia quebrado o quadril.

Enquanto estava no hospital, Blum deu o primeiro passo para assumir o controle sobre ela, dispensando o Sir Godfrey Morley — advogado britânico que lidara com os assuntos do duque e seu último testamento. A coisa melhorou ainda mais para a advogada depois que os dois secretários deixaram o emprego em 1975 e 1978. Antes chamada apenas como conselheira, Suzanne havia se tornado absoluta.

Os problemas de saúde de Simpson continuaram. O quadril quebrado já era ruim o suficiente, mas agora veio um golpe do qual Wallis nunca se recuperaria completamente. No final de 1975, ela sofreu uma úlcera perfurada que levou a uma hemorragia interna grave.

Levada para o Hospital Americano, foi mandada para casa em janeiro do ano seguinte. Muitos disseram que teria sido melhor se tivesse morrido no hospital. Em vez disso, estava destinada a viver uma existência patética pelos próximos dez anos, praticamente incapaz de se mover e mais tarde incapaz de falar.

Eduardo e Wallis em Kitzbühel, Áustria, em fevereiro de 1935 / Crédito: Wikimedia Commons

Debilitada, a duquesa, que confiava muito em seus amigos, passou a receber visitas raramente, muito influenciado pelas barreiras impostas por Blum, que argumentava que os visitantes a deixavam confusa.

Posteriormente, a advogada decidiu vender alguns pertences da soberana. Porém, Wallis ainda estava alerta o suficiente para se recusar a assinar os papeis autorizando as transações. Apesar do desejo de sigilo, os rumores das vendas se espalharam em Paris, com Blum suspeitando dos funcionários de Wallis. Como resultado, várias pessoas foram demitidas.

Entre setembro de 1976 e dezembro de 1977, houve uma grande distribuição de espólios, nenhum dos quais a duquesa teria conhecimento. Assim, Blum recebeu um anel com uma ametista oval cercada por turquesas e diamantes, um colar de ametista e uma caixa de ouro de Luís XV.

As vendas de parte do espólio geraram uma receita de cerca de 470 mil dólares. E essa prática continuou até sua morte.  Em maio de 1977, vários itens foram levados por Blum, ostensivamente para serem entregues como presentes. Entre eles havia um par de brincos feitos de rubis, esmeraldas e diamantes; uma pulseira com brilhantes redondos em platina; uma pulseira de relógio com duas correntes de cobra; um relógio Cartier em ouro; uma caixa de cigarro de ouro com um mapa da Europa, com a inscrição 'David from Wallis 1935 Christmas'; e um alfinete de ouro com um esmalte azul.

A riqueza e saúde da duquesa passaram e se esgotar em uma velocidade semelhante, já sem falar Wallis praticamente tinha deixado de existir como pessoa. Em Paris, no outono de 1978, Simpson já havia perdido o uso das mãos e dos pés e precisava ser carregada da cama para um sofá clínico. Ela vivia em um mundo próprio, persistente, alimentada a colheradas, infeliz.

Suzanne Blum, advogada e confidente da duquesa de Windsor / Crédito: Divulgação

A duquesa morreu em 24 de abril de 1986, aos 89 anos e uma cerimônia em Paris foi realizada com a presença de Blum. Ela foi enterrada ao lado de Eduardo no Cemitério Real, perto do Castelo de Windsor, em sua lápide foi escrito apenas "Wallis, Duquesa de Windsor".


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