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Matérias / Segunda Guerra

Amigos não arianos: os voluntários estrangeiros da Alemanha Nazista

Cerca de 2 milhões de recrutas de 30 países, da Nigéria até o Japão, passando pela Índia, se uniram ao exército alemão

Letícia Yazbek Publicado em 03/01/2020, às 09h00

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Voluntário nigeriano com o uniforme da Wehrmacht - Bundesarchiv
Voluntário nigeriano com o uniforme da Wehrmacht - Bundesarchiv

Quando pensamos no exército alemão, a Wehrmacht, durante a Segunda Guerra Mundial, imaginamos fileiras de soldados dentro do ideal hitlerista (que ele próprio não cumpria): loiros dos olhos claros. Mas a realidade não era bem assim.

Principalmente no fim da guerra, a Wehrmacht aceitou mais de 2 milhões de voluntários de cerca de 30 países. Não só europeus quanto menos exclusivamente arianos. Recrutas de todo o mundo lutaram pela Alemanha nazista.

A ideia de aceitar voluntários estrangeiros surgiu antes mesmo do início da guerra. Em 1938, o comandante Heinrich Himmler decretou que não alemães de origem nórdica poderiam se alistar. Considerados arianos, dinamarqueses, finlandeses, noruegueses e holandeses eram bem vistos pelos nazistas. A Divisão Wiking, formada por escandinavos, foi a primeira divisão internacional do exército alemão.

Recrutas da Legião Árabe / Crédito: Domínio público

A campanha nazista na União Soviética atraiu muitos estrangeiros, motivados pelo anticomunismo. Entre 1941 e 1942, voluntários húngaros, búlgaros, croatas, romenos e eslovenos formaram divisões militares da Wehrmacht, mesmo sem serem considerados racialmente puros — durante a invasão da União Soviética, os ucranianos haviam aprendido pela pior forma que os nazistas não viam os eslavos como mais que escravos naturais.

Na mesma época, surgiram a Legião Árabe, formada por voluntários do Oriente Médio e África, e também a Legião da Índia, ambas motivadas pela resistência aos impérios Britânico e Francês. E a Divisão Azul era composta por anticomunistas ibéricos, a maioria veteranos da Guerra Civil Espanhola.

Oficial alemão analisa voluntários indianos / Crédito: Domínio público

Depois da derrota nazista em Stalingrado, no início de 1943, a necessidade de recrutar voluntários aumentou e os padrões raciais diminuíram. Cerca de 80 mil ucranianos, 40 mil azerbaijanezes e 30 mil armênios se uniram aos nazistas. Os bósnios foram aceitos por serem de origem ilíria, considerados quase arianos.

Africanos, sírios, iraquianos, sauditas, libaneses, turcos, indianos, mongóis, uzbeques, chineses, japoneses, indonésios e tailandeses também formaram divisões que lutaram pelo exército nazista.

Formado em outubro de 1944, o Exército Russo de Libertação, comandado pelo general Andrey Vlasov, reunia desertores soviéticos anticomunistas e prisioneiros de guerra, capturados entre 1941 e 1943, que se uniram à Wehrmacht como alternativa aos campos de concentração.

 Legião do Turquestão, formada por turcos, uzbeques e turcomanos / Crédito: Domínio público

Mas nem todos os recrutas eram soldados. Muitos deles eram utilizados como motoristas, camareiros, cozinheiros e pedreiros. Dessa forma, soldados alemães que costumavam realizar essas tarefas degradantes podiam ser enviados às batalhas.

Com a derrota da Alemanha se aproximando, muitos voluntários desertaram e se uniram à Resistência. Milhares foram mortos pelos Aliados, e outros se renderam em seus países de origem.

Exército Russo de Libertação, liderado por Andrey Vlasov / Crédito: Domínio público

O caso mais extremo, não realmente voluntário, foi o do coreano Yang Kyoungjong, capturado pelos aliados no Dia D. Começara lutando pelo Japão, foi pego pela União Soviética e alistado, e os nazistas fizeram o mesmo com ele, terminando na Normandia. Misericordiosamente, os aliados o deixaram descansar.