Projeto começou após Zé ter tido uma visão com uma senhora de azul, quando ele ainda tinha apenas 8 anos
por Fabio Previdelli
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Publicado em 21/08/2021, às 10h00 - Atualizado em 12/07/2022, às 16h30
José Antônio Barreto apanhava lenha em um monte quando uma visão espiritual se revelou a ele, até então um menino de apenas oito anos de idade. O encontro surreal com uma senhora de azul fez nascer ali o projeto que ele carregou pelo resto da vida: a construção de um castelo.
A dedicação para tirar a monumental obra do papel só aconteceu anos mais tarde, mais precisamente em 1984, pouco depois de Barreto ter se aposentado da carreira militar.
Para isso, ele teve que fazer uma longa peregrinação, afinal, apesar de saber exatamente como seria cada detalhe da edificação — visto que José teve, ao longo dos anos, 13 visões com a mulher de azul, como explica matéria do G1 —, faltava encontrar o local ideal.
Após visitar os bairros de Igapó e Quintas, Zé dos Montes, como passou a ser conhecido, constatou que a Serra de Tapuia era o terreno perfeito para receber o castelo.
“Foi tudo da cabeça dele”, explicaram os familiares de Zé ao G1. Sem nenhum rabisco no papel, a construção que desafiava arquitetos e engenheiros começou a ser feita. O castelo, que possui mais de 100 compartimentos, já está em obras a mais de 37 anos — e ainda não há uma data para acabar.
Porém, sua finalização ficará sob responsabilidade de Joseildo Gomes, filho de Zé, já que seu pai morreu, aos 88 anos, em julho de 2020. O militar aposentado pôde descansar após enfrentar dois AVCs, falência respiratória e problemas cardíacos.
"O castelo tem algumas coisas para reparar e outras para construir. Ele é tão grande que nem eu sei direito quantos compartimentos tem, mas vou fazer de tudo para continuar a missão do meu pai. Vou dar meu sangue para que a história dele não seja apagada e para que todos conheçam a pessoa que ele foi e o legado dele", promete Gomes.
A visão de Zé dos Montes acabou virando um ponto turístico de Sítio Novo, colocando a região no radar dos visitantes que vão ao Rio Grande do Norte. "A ideia do meu pai era fazer o castelo por causa da visão e não que ele virasse um ponto turístico, mas isso inevitavelmente aconteceu”.
O castelo chamava atenção do povo e ele começou a cobrar ingresso, justamente pra ver se as pessoas paravam de vir. No entanto, aconteceu o contrário", brinca Joseildo.
Adotado quando tinha 4 anos, o garoto passou toda sua vida observando a luta de seu pai para realizar seu sonho, algo que é capaz de contagiar qualquer um. "Ele construiu uma história linda. Me criou, não deixou faltar nada. Quando tentavam me menosprezar por ser filho adotivo, ele repreendia. Sempre me senti muito acolhido e abraçado por ele. Era um afeto sem tamanho", lembra o herdeiro do castelo.
A construção fica a cerca de 100 quilômetros de Natal, na serra entre os municípios de Sítio Novo e Tangará.
